Babylon 5 – 3ª temporada – Lista de Episódios

Babylon 5


S03E01: Matters of Honor – Com o final da guerra entre Narn e Centauri, e o subsequente pacto de não-agressão da Terra, nossos heróis precisam tomar medidas mais drásticas. Babylon 5 passa a receber os Rangers – organização criada pelo comandante Sinclair e por Deleen em Minbari – e a participar de ações mais contudentes. Enquanto isso, a estação é visitada por um oficial de inteligência buscando mais informações sobre a misteriosa nave registrada pelo falecido Tenente Keffer.

Temos um episódio muito denso, olhando agora no momento de escrever este post, um pouco depois de ver, até me confundi achando que seus eventos aconteceram em capítulos diversos. O grande mérito é que a trama não tem medo de avançar; temos a introdução dos rangers e já é necessário também intervir com esse grupo. Apesar de ter achado exagero em 1 ano toda essa estrutura já existir.

O roteiro é inteligente ao pontuar o estado que cada uma das principais civilizações se encontra no início desta temporada através da investigação do oficial Endawi – em especial a da própria Terra. Aliás, com o perdão do spoiler, a revelação, ao final do episódio, que as sombras também estão envolvidas com o governo Clark é fabulosa, uma alegoria fantástica com a história da primeira metade do século XX.

Enquanto posa com as propostas de paz e se gabando de um tratado de Não-Agressão, na realidade, a Terra cria sua própria milícia fascista (a Guarda Noturna) e age em conjunto com as Sombras. Boa parte dos países da Europa Ocidental faziam seguidos pactos com o avanço nazista, tolerando (e mesmo comemorando) seu crescimento e permitindo a formação de partidos afins em seus territórios como forma de conter a esquerda.

Avaliação: 4 de 5.

Muito Bom (4/5)


S03E02: Convictions – A estação passará a ser casa de um grupo de monges, os Trapistas, que em Babylon 5 poderão estudar com outras raças e civilizações a forma como elas vêem Deus. Enquanto isso, uma série de atentados a bomba começam a acontecer por lá, com a suspeita de serem relacionados contexto político do momento.

Fica complicado comentar o episódio sem fazer revelações decisivas, então vai um aviso de spoiler. Nenhuma das duas tramas iniciadas neste episódio dará em lugar algum; nem os monges, nem as bombas. Os religiosos até aparecerão em outros capítulos da temporada, mas nem de longe com a importância que parecem ter aqui. Já o terrorista, apesar de causar alguma tensão, possui uma estória totalmente oca.

O que quase salva o capítulo são duas boas interações, envolvendo o sacrifício de Lennier e, claro, os instantes finais entre Longo e G’Kar presos em um ambiente apertado. Mas infelizmente é um enredo que não conecta com coisa alguma e que depende de você acreditar que protagonistas serão mortos ou a estação será destruída – B5 é capaz de muita reviravolta, mas isso já seria demais em início de temporada.

Avaliação: 2 de 5.

Ruim (2/5)


S03E03: A Day in the Strife – Ainda em crise política devido à posição ambígua que tomou em relação ao final da guerra, o comandante Sherican recebe a visita de um Narn, nomeado pelos Centauri, que deseja tomar o lugar de G’Kar como legítimo representante de sua raça na estação. Enquanto isso, é detectada uma sonda de origem desconhecida que se aproxima com uma grande ameaça.

Mais um episódio bastante denso que introduz duas tramas a mais, tendo quatro histórias diferentes; e que de forma muito sagaz consegue manter todas bem conectadas. A aproximação dessa ameaçadora sonda faz com que Dr. Fraklin revele seus subterfúgios para manter sua produtividade diante de seguidas crises – um importante traço de fragilidade. Enquanto a crescente repressão dos Centauri cria rusgas entre Vir e Londo.

A estória da sonda seria uma traminha bem direta, mas contêm uma reviravolta genuinamente inesperada, apesar de achar que forçou demais a corda; mas, por outro lado, o arco de G’Kar já é bastante previsível e até melodramático – ainda que justo. Uma coisa compensa a outra e fica bem equilibrado ainda que longe de marcante.

Avaliação: 3 de 5.

Bom (3/5)


S03E04: Passing Through Gethsmare – Lyta, a telepata original de B5, retorna ainda mais saudável e poderosa que antes; bem no momento em que está em discussão a pena de morte de personalidade após a condenação de um serial killer na Terra. Nesse meio tempo, a irmandade dos trapistas começa sua pesquisa sobre a religiosidade alienígena.

Coitado do ator do Irmão Edward, outro que sofre de Typecasting. Infelizmente se você já conhecer o ator de outras produções, como Arquivo X, Voyager ou até mesmo Lei & Ordem, já vai pegar exatamente qual a grande revelação do capítulo. Mas o roteiro é inteligente em ir criando pequenas e “inofensivas” reviravoltas para manter a tensão em alta mesmo com uma certa previsibilidade – ainda que há certas extravagâncias envolvidas, tais como uma tinta pra-lá-de-especial.

Havia comentado que, ao final da primeira temporada, o conceito da morte de personalidade havia sido desperdiçado. Felizmente ele foi retomado aqui – ainda que de uma perspectiva mais moralista – em especial visualmente, com cenas que forçam a mão na simbologia cristã – e não filosófica como teria potencial.

Avaliação: 4.5 de 5.

Muito Bom (4,5/5)


S03E05: Voices of Authority – O comando da estação está diante de uma missão muito importante e de uma encruzilhada. O governo da Terra decide enviar uma governante civil – para variar, uma pessoa terrível e implacável – para administrar o local junto com Sheridan. Ao mesmo tempo, nossos heróis são enviados para efetuar uma busca por aliados na guerra que se avizinha contra as sombras.

Estou me fazendo repetitivo, mas é o grande defeito de Babylon 5. Apesar de ter um plano geral anti-fascista, o seriado tem um paradoxo de passar, ao mesmo tempo, uma mensagem fascistóide, com noção de que apenas os militares são puros e desprendidos: todos os demais agentes públicos têm interesses obscuros por trás – diferentemente, até mesmo de Stargate, uma série militarista, na qual em Atlantis tínhamos uma prefeita civil para a cidade. Aqui se repete a moral de B5: a oficial civil é uma vilã.

O episódio no geral é dedicado a semear futuros pontos de enredo, notadamente o papel ambíguo que Zack (o imediato de Garibaldi) está desempenhando; o interesse de G’Kar em participar da “conspiração”; a relação entre Cole e Ivanova; e a participação de uma nova raça dos Primeiros. Gosto muito dessa temática de civilizações muito antigas e coisa e tal, então me seduzi bastante pelo episódio – embora achei algo fora de contexto Ivanova usar a máquina do mundo, e ainda com poderes mal-delimitados, como ter visões do passado.

Avaliação: 3.5 de 5.

Bom (3,5/5)


S03E06: Dust to dust – Babylon 5 entrou na rota do tráfico interplanetário de drogas. O “pó” chegou a estação, mas não é de cocaína que estamos falando, e, na realidade, o capítulo nem tenta fazer analogia alguma com o consumo de drogas – um mérito, já que muitas vezes costuma ser uma abordagem equivocada na TV. A questão é que o “pó” é uma droga capaz de despertar habilidades telepáticas em seu usuário. Ninguém menos que Bester é enviado pela Psi Corps para investigar a chegada do tóxico na estação.

Gostei de ser uma questão mais interna, ensimesmada, ao invés de partir pra uma alegoria normalmente capenga feita pela tv da época com relação às drogas. Nesse sentido também é interessante a interligação com o Psi Corps, muito embora já venha se tornando uma espécie de clichê interno todas essas conspirações envolvendo os telepatas, lembrando até Arquivo X. Não vi muita química entre Bester e Garibaldi, justamente porque foi tudo muito previsível – mas foi um bom toque de coerência ao lembrar das drogas inibidoras para recebê-lo.

O grande acontecimento foi o uso feio por G’Kar da droga e as revelações decorrentes disso. Ao mesmo tempo que foi uma forma inteligente de conectar os diversos pontos do enredo, também achei uma solução Deus Ex-Machina de como haver tal descoberta. Ao menos, não há botão de reset e tudo aqui tem suas consequências. O saldo é um capitulo inteligente, do ponto de vista das conexões, ao mesmo tempo que mediano em emoção.

Avaliação: 3 de 5.

Bom (3/5)


S03E07: Exogenesis – Descobrimos que Babylon 5 está enfrentando uma sorrateira infiltração de parasitas subcutâneos entre seus habitantes; as coisas passam desapercebidas até um camelô, amigo de Marcus Cole, subitamente desaparece. Enquanto isso, a “Conspiração da Luz” pede para Ivanova sondar a possibilidade de integrar novos membros.

O primeiro capítulo no qual Cole é um personagem central, e se esforça muito para mostrar o quão nobre ele é e plantar sementes de um relacionamento com Susan. Particularmente não acho ele muito carismático, ainda que tenha um humor afiado; da mesma forma, é decepcionante Ivanova, que chegou a ter um relacionamento homoafetivo, acabe terminando no clichê de um affair com o bonitão misterioso.

A trama central, referente aos parasitas, toma uma boa decisão ao entregar esse conceito logo de cara e manter o suspense sobre as intenções daqueles seres. Como conheci essa temática da simbiose em Stargate, é algo que acho sempre muito interessante e a revelação final sobre seus propósitos é boa, Mas o episódio em si não empolga muito pois acaba se misturando com outras tantas situações nas quais as pessoas maltrapilhas da estação seqüestram os protagonistas. Especialmente permeado por uma trama B sobre Susan e o tenente Corwin, que se promete política, mas é apenas cômica e se mostra totalmente inócua.

Avaliação: 2.5 de 5.

Mediano (2,5/5)


S03E08 : Messages from Earth – Uma operativa dos ranger consegue trazer uma importante mensagem da Terra: os militares estão de posse de uma nave das sombras nas luas de Júpter e estão em fase avançada de testes para tentar movimentá-la. O Capitão Sheridan precisará tomar uma decisão sobre atacar diretamente uma instalação terrestre para impedir que o governo Clark tenha acesso a Tecnologia sombria.

O capítulo já parte de uma inesperada reviravolta sobre a posse de uma nave das Sombras pelo governo da Terra. Há algumas pontas soltas nesse sentido: é uma ruína da primeira guerra? Os representantes das sombras dentro dos altos escalões terrestres não se posicionaram sobre isso? Mas são pequenas perto da situação envolvida aqui. Gradualmente, cada episódio coloca a tripulação da Babylon 5 em situações das quais não é possível voltar atrás.

Se, por um lado, são momentos em que os personagens estão em situações cada vez mais difíceis de sair; o roteiro, por outro, é capaz de encontrar sempre boas saídas para essas encruzilhadas (exceto pelo problema de saltar dentro de atmosfera, um problema crônico da ficção científica). O resultado da tentativa de movimentar a nave; a forma que nossos heróis conseguem derrotar o inimigo; a narrativa que é criada depois e, em especial, o desfecho do episódio. Tudo isso permeado pela ascensão da Patrulha Noturna; um crescendo de tensão e problemas que aumenta de forma muito bem ritmada.

Avaliação: 5 de 5.

Excelente (5/5)


S03E09: Point of no return – O embaixador Mollari decide receber a conhecida profetiza, e antiga imperatriz consorte, Lady Morella em Babylon 5 para que ela faça uma leitura de seu futuro. O problema é que esse convite ocorre no exato momento onde, depois da declaração de Lei Marcial, se opera um verdadeiro golpe de estado dentro da estação a partir da Patrulha Noturna.

Particularmente, acho um pouco fraco esse tema recorrente de previsão do futuro em Babylon 5. Os aspectos sobrenaturais que o seriado utiliza normalmente são pseudo-cientificizados dentro de uma lógica interna e acabam tendo uma coerência, ainda que frágil; já esses poderes sobre previsão do futuro fazem pouco sentido e não há esforço de esclarecer. Tem relação com a telepatia, por exemplo?

Por outro lado, ter essa trama durante o momento, até “hoje”, mais crítico da estação foi muito interessante: ver as aspirações de Londo – personagem que achava fascinante, e agora acho o mais asqueroso – sendo frustradas no meio de um fogo cruzado foi muito legal. Mas o que rouba o episódio é justamente a tentativa de golpe dentro da estação e o contra-golpe efetuado pelos nossos heróis; tudo bem encaixadinho, tenso e fazendo valer tudo plantado até aqui, com relação à Patrulha, ao Zack, aos Narn e aos Rangers.

O ponto fraco foi a escrita da cena na qual Sheridan tem a idéia de como efetuar a defesa contra a tomada do poder pela patrulha. A forma como a cena foi escrita e dirigida, com repetição e câmera lenta, indicava que teria alguma mensagem cifrada por trás da imagem; mas tratava-se apenas de uma questão de interpretação daquela fala.

Avaliação: 5 de 5.

Excelente (5/5)


S03E10: Severed Dreams – A resistência ao golpe de Clark dentro da Frota sofre grandes perdas: a frota comandada pelo General Hague é destruída sobrando apenas o cruzador Alexander. Sem saída, a nave precisa de reparos e recorrerá à Babylon 5; e, na estação, diante dos últimos acontecimentos, a embaixadora Delenn decide ir ao seu planeta natal para cobrar maior ação do Conselho Cinza.

Não apenas nesta temporada, claro, mas este últimos episódios foram uma aula de narrativa de Babylon 5. Cada um dos episódios foi colocando uma situação nova da qual nossos protagonistas são empurrados a tomar uma atitude mais radical, que se concretiza aqui, quando a estação se torna um ponto de encontro da resistência. E a série não tem medo de dar mais passos adiante; nada aqui ficará pela metade, todos os confrontos se tornam reais, e a emoção, a tensão e a ação estará presente do início ao fim.

Há algumas coisas que não gostei e deixam um momento tão importante capenga: o ator do general Hague não estava disponível (trabalhando em DS9) e “desaparece” definitivamente deste arco tão importante e o qual o personagem dele foi construído – não era possível dar uma desculpa e segurar ele para o futuro? – o uso da máquina para fazer uma transmissão dentro da estação não fez sentido, achei que seria uma fala para vários planetas, mas interna, havia equipamentos para isso.

Mas o principal é que faltou ter um rosto para a frota que atacou à estação. Da mesma forma que foi legal ter o rosto da capitão Hiroshi para outra nave do movimento de resistência, e assim sentirmos seu destino, seria interessante ter um personagem antagonista liderando a repressão – vamos cair de novo na mensagem militarista de B5; apenas os civis são líderes do mal pois nenhum rosto, ou mesmo nome, militar apareceu até agora entre os vilões.

Avaliação: 4.5 de 5.

Muito Bom (4,5/5)


S03E11: Ceremonies of Light and Dark – Após as batalhas decisivas, nossos heróis tentam ter um momento de paz incentivados por Delenn, que deseja fazer a cerimônia do renascimento, um importante ritual Minbari. Claro que não conseguirão fazer isso sem que sejam atrapalhados, um grupo de remanescentes da Patrulha Noturna planeja um atentado contra o comando da estação.

Seria necessário um capítulo para quebrar o ritmo e dar um respiro ao enredo que estava em passo muito apressado; e a ideia desse cerimonial foi boa, mas o episódio se perde em temáticas repetitivas. De novo nossos heróis são sequestrados por pessoas com roupas em tons pastéis em ambientes escuros nos mesmos cenários de sempre.

O episódio acaba perdendo muito tempo nesse lero-lero que a gente sabe que não daria em nada; não teríamos nem mortes nem eventos decisivos dado justamente o fato que esta estória aqui seria uma pausa. O espaço para o desenvolvimento dos personagens só ocorreu nos últimos cinco minutos, e até rende bons diálogos entre eles na hora de se “confessar” perante Delenn – o que também não fez muito sentido, o tal do ritual religioso seria essa confissão pra ela?

Avaliação: 1.5 de 5.

Muito Ruim (1,5/5)


S03E12: Sic Transit Vir – Um raríssimo episódio em que Vir Cotto é destaque; o adido diplomático chamou a atenção do governo em Centauri após seus relatórios sobre a missão em Minbari. De volta à estação, ele é surpreendido por um casamento arranjado com uma bela (e conservadora) mulher vinda de uma tradicional família de seu planeta natal.

Um argumento interessante permeia este episódio; Cotto está usando de seu poder diplomático e burocrático para ajudar Narns a fugir de campos de trabalho, e da escravidão, em geral, dos Centauri. Uma trama com alegoria às história envolvendo as pessoas que ajudaram judeus a escaparem do Holocausto (conhecidos como Justos entre as Nações), acaba sendo posicionado de uma forma cômica.

O personagem de Vir é um alívio cômico, entendo, e até engraçada sua noiva ser extremamente reacionária; mas seria o momento de talvez mudar um pouco o tom para dar uma merecida tridimensionalidade a ele. Do jeito que ficou, a impressão é que este episódio foi um capítulo inteiro dedicado a uma trama B.

Avaliação: 2 de 5.

Ruim (2/5)


S03E13: A Late Delivery from Avalon – Depois de sua independência da Terra, a estação vem sofrendo com falta de fundos e também com falta de tráfego, com poucas naves saindo e chegando. Numa dessas raras viagens, chega à Babylon 5 um homem que alega ser o lendário Rei Arthur.

Que perda de tempo; foi muito difícil se manter acordado durante esse capítulo. Há algumas boas intenções, como a questão da estação com dificuldades de se financiar, falta de alimento, e toda a história de origem do homem que está alucinando. O fato dele ser um dos responsáveis pela incompreensão que levou ao início da guerra contra os Minbari foi um toque legal – esse conflito acabou ficando para trás diante dos outros que ocorrem durante o seriado e foi um toque legal revisitá-lo.

Mas daí para o cara alucinar que era o Rei Arthur, não fez o menor sentido. Eu, particularmente, acho sempre muito provinciano da parte dos EUA ficar requentando essas lendas arturianas, isso é parte da história da Inglaterra, não deles. Mas para além disso, é uma associação totalmente aleatória entre um mito do “escolhido” para governar um país e alguém com uma espécie de “Culpa do Sobrevivente”. Seria o caso de encarnar algum outro personagem histórico, algum renegado ou justiceiro famoso.

O pior é que nem essa origem boa, referente à guerra Minbari salva essa besteira. Pelo contexto sci-fi, eu esperava que ele fosse de fato alguma coisa da época e haver uma explicação fantasiosa para tal, uma abdução ou viagem no tempo. Ainda, uma trama B cômica não se sai melhor, usando de novo o recurso das importações de comida de Garibaldi; e o episódio é uma bobagem do início ao fim.

Avaliação: 1 de 5.

Muito Ruim (1/5)


S03E14: Ship of Tears – Durante um exercício com novos caças, o capitão Sheridan encontra a deriva ninguém menos que Bester, dos Psi-Corps. O arqui-inimigo de nossos heróis propõe, desta vez, uma aliança temporária: também ressentido pela influência das Sombras no Governo Terrestre, ele deseja contar com a ajuda da tripulação da Babylon 5 para interceptar um comboio de naves sombrias carregando armamentos.

Como não poderia ser diferente, estamos certos desde o primeiro instante que Bester está escondendo algo. E, sabendo disso, o capítulo também não gasta muito tempo para nos mostrar o que é que está sendo transportado; na primeira metade essa parte já está solucionada, com o foco no enfrentamento das Sombras.

Depois, o esforço é em desvendar os mistérios envolvendo os motivos daquela carga estar sendo manejada pelo inimigo – coisa que Bester, desta vez, também não sabe e depende dos nossos heróis para descobrir, uma interessante contradição. Achei até extravagante no comecinho, com umas cenas meio bizarras, mas quando tudo se encaixou foi fabuloso.

Além de revelar mais sobre Bester, temos conexões das Sombras com os telepatas, principal característica fantasiosa da série, com a primeira guerra contra as sombras, com o passado Narn… fantástico. É de tirar o chapéu como que os criadores foram capazes de paulatinamente desde o início de B5 ir colocando essas peças para serem juntadas agora.

Avaliação: 5 de 5.

Excelente (5/5)


S03E15: Interludes and Examinations – Aparentemente, após o ataque contra o comboio secreto das Sombras no episódio anterior, os grandes inimigos se revelaram e passar a atacar diretamente diversos mundos galáxia afora. A Conspiração “da Luz” de Sheridan tenta costurar alianças entre os Não-Alinhados para que sejam capazes de se defender, entretanto, diante da força do adversário, todos estão relutantes.

Começando de trás para frente, a cena final envolvendo o “pai” de Sheridan foi simplesmente fantástica. Um dos momentos mais comoventes do seriado. Sabendo contornar a falta de expressão de um personagem através dessa espécie de alucinação, faz com que sentimos muito pelo triste ocorrido e entendermos o peso do que acabou de acontecer naquele universo.

Entretanto, parece que perdemos alguma coisa entre este capítulo e o anterior – nem de longe é um interlúdio como o título anuncia. Lembrando o final da temporada anterior, foi necessário apelar para uma narração em off pela comandante Ivanova para explicar como, de repente, a guerra começou. Uma falha grave: tudo foi tão bem organizado e apresentado em cada um dos grandes acontecimentos desta temporada; mas, desta vez, é uma anotação de um diário que explica que o maior conflito da série começou.

Faz sentido, diretamente as sombras foram atacadas pela Conspiração da Luz, mas bastava um diálogo, ou uma cena, para conectar uma coisa o outra; o que não houve. Eu até corri para procurar se alguns dos filmes se encaixava aqui e completaria a lacuna, mas não foi o caso. Imperdoável essa mácula tirar o brilho do final magnífico.

Avaliação: 4.5 de 5.

Muito Bom (4,5/5)


S03E16: War without end, parte 1 – Em Minbari, o, agora, embaixador Sinclair recebe um artefato deixado para ele 900 anos antes, contendo duas mensagens, uma para o próprio e outro para Deleen. Ele parte para Babylon 5 com uma missão muito importante: voltar no tempo e roubar Babylon 4.

Antecipei muito o retorno de Sinclair, e não fomos desapontados. Um episódio complexo onde muitas pontas soltas se encaixam e importantes desfechos se encaminham. Foi fascinante como, de maneira certeira e não tal a moda atual costuma fazer por fazer, as expectativas foram totalmente subvertidas: esperávamos que a Babylon 4 servisse para algum propósito no futuro, quando não é bem assim. Que jogada maravilhosa!

Por outro lado, algumas arestas não são tão bem aparadas. A questão da grande máquina e de Draal ainda é uma coisa que o seriado parece não saber lidar muito bem; pontualmente eles são mencionados para nos lembrar que lá estão, mas sempre é de uma forma tosca. Em um capítulo Draal aparece chamando Zathras, desta fez Zathras quer falar com Draal mas não consegue.

Da mesma forma, o capítulo antecipa uma primeira batalha, que seria para evitar o ataque à antiga estação, que, praticamente, não se materializa. Uma única cena resolve a situação; muito embora cria a justificativa perfeita para permitir a invasão de Babylon 4. Ao final do episódio, de forma até abrupta, uma nova linha do tempo é apresentada com a viagem de Sheridan a outra época e termina a história em alto tom.

Avaliação: 4.5 de 5.

Muito Bom (4,5/5)


S03E17: A war without end, parte 2 – Nossos heróis invadem Babylon 4 e precisam dar um jeito de roubar a estação, sem interferir nas diversas linhas dos tempo que estão se cruzando em tão crucial momento neste episódio bastante convulsionado. O capítulo começa com Sheridan preso no futuro diante de um cenário desolador em Centauri; eu havia achado que essa trama deu um fôlego no desfecho do episódio anterior, mas não me agradou seu desfecho por aqui.

Uma conversa sem sentido, novamente com as mesmas previsões referentes a Londo e Vir, e uma não-solução, quando, fora de tela, Sheridan recebe aquela espécie de roupa “anti-tempo” e tudo se normaliza. O roteiro bem que tenta puxar o episódio para baixo; as explicações para tudo que ocorre são apressadas e é até difícil acompanhar tudo que está acontecendo. Tão difícil que esquecem de mostrar qual era a mensagem de Sinclair para Garibaldi deixada antes.

Tem uma questão de uma falsa explosão, que acaba gerando uma verdadeira reaçao em cadeia, e que salta a estação no tempo, e que envelhece o antigo comandante… exige boa vontade para assimilar todas essas coisas. Algo que, na realidade, a série merece, afinal, a saída de O’Hare, ator de Sinclair, exigiu uma completa reconstrução, imagino eu, do propósito pensado originalmente para B4. A paciência é recompensada com um final fantástico que dá, talvez, o melhor desfecho possível para tão querido personagem e sua identidade “secreta”.

Avaliação: 4.5 de 5.

Muito Bom (4,5/5)


S03E18: Walkabout – O Capitão Sheridan deseja colocar a prova a teoria de que as Sombras têm uma fraqueza diante dos telepatas, e busca empreender uma missão de ataque envolvendo alguns aliados de Lyta Alexander, que vem até a estação saber sobre a morte de Kosh. Enquanto isso, o doutor Franklin decide viver um dia de cada vez nos subterrâneos da estação.

Alguns números musicais acabam causando certa estranheza e o arco do médico aqui acaba sendo clichê e melodramático demais, mas não chega a ser muito ruim. Ainda assim, não acho que conversa bem com a trama principal; que por sua vez, parece que dá passos para trás no desenvolvimento dos Vorlon.

Procurando não entregar tanto assim dos complexos alienígenas, deliberadamente causam confusão nos personagens e, especialmente, nos espectadores através de frágeis “mistérios”. É claro que ninguém acreditaria que continua sendo Kosh no posto da estação – a armadura e a nave são diferentes – algo que se configura um segredo bobo logo de cara. A personagem de Lyta, que vai e vem sem muito sentido nesta temporada, nos parece ser injustiçada ao cobrada sobre não estar presente durante o assassinato.

Frágil também é a noção de que a morte do embaixador pelas Sombras teria sido um mistério para todo mundo – e que Lyta é capaz de entender de bate-pronto ao ler, acidentalmente, da mente do capitão. Em momento algum cola toda essa história e o episódio acaba sendo uma espécie de nota de rodapé para confirmar a fraqueza do inimigo.

Avaliação: 2.5 de 5.

Mediano (2,5/5)


S03E19: Grey 17 is missing – Um novo líder para os Rangers precisa ser escolhido, já que Sinclair foi cumprir sua outra missão. A sucessão natural seria de Deleen, entretanto, seu velho rival do Conselho Cinza, o líder da casta guerreira, Neroon, aparece na estação e deseja desafiá-la. Enquanto isso, Garibaldi acaba se envolvendo em um bizarro mistério sobre um andar desaparecido em Babylon 5.

O famigerado episódio em que J. Straczynski se desculpou com os fãs. Não é para tanto, mas ele tem razão em sua auto-crítica, pois pouca coisa funcionou aqui. O saco de pancadas é a trama de mistério do andar 17 : uma espécie de seita é encontrada por ele – até achei engraçadinha, me lembrou um pouco Monty Phyton, não sei porquê – mas o negócio vai do nada a lugar algum e termina enfrentando um “ameaçador” alien em uma fantasia pra lá de mal-acabada, com uma arma construída por Garibaldi que faz inveja ao canhão de enxofre construído pelo capitão Kirk em Arena.

Essa coisa toda fica numa fronteira de ser ruim, e ser ruim a ponto de ser divertida; entretanto a trama principal de Deleen também apresenta graves falhas, especialmente de direção. Eu tinha certeza que a presença de Neroon era uma alucinação dadas as opções de câmera em sua primeira aparição. Felizmente ela termina bem com um desfecho que poderia ser mais corajoso, um personagem deveria ter morrido, mas que não deixa de ser inteligente.

Avaliação: 2 de 5.

Ruim (2/5)


S03E20: And the Rock Cried Out, no hiding Place – Por iniciativa do sumido Irmão Theo, a estação será palco de uma espécie de simpósio ecumênico das religiões terrestres para melhorar o moral da tripulação diante da guerra. Durante essa nobre tarefa, outra trama, muito menos digna, será despertada através de uma complexa rede de mentiras e traições envolvendo Londo e Lord Reffa, que querem serem mais influentes com o primeiro ministro e imperador Centauris.

A trama religiosa oscila entre humor e drama, acaba nunca achando exatamente o tom. Temos religiosos se xingando em uma cena, em outra uma espécie de divã, e até mesmo conselhos amorosos. Achei uma abordagem ingênua, de que todos ali estejam do lado de B5 na briga contra Terra, como se todas as religiões estivessem do lado certo. Poderia ter algum diálogo mais explícito que Theo chamou apenas líderes simpáticos a causa. Mas, bom, agora além dos militares os religiosos são aceitos como pessoas boas, um avanço…. não, péra. Não deixam de ser estranhas as opções de Straczynski de retratarem duas das mais conservadoras classes, religiosos e militares, como os únicos capazes de enxergarem corretamente os conflitos.

O que de fato é muito boa é a Rede de Intrigas envolvendo Reffa, Londo, Vir e G’Kar. Genuínas reviravoltas permeiam toda a trama, muito sombria, na qual os personagens são lançados. Um dos melhores desfechos do seriado – que infelizmente acaba sendo preterido como última cena por um beijo, importante, mas que quebra a força daquele enredo tão pesado.

Avaliação: 3.5 de 5.

Bom (3,5/5)


S03E21: Shadow Dancing – Desconfiando de um padrão estranho de ataques e movimentação das naves inimigas, Sheridan acredita que as Sombras planejam um ataque a uma região repleta de refugiados e assim a “Conspiração da Luz” deseja se antecipar e organizar uma grande ofensiva. E, enquanto isso, o Dr. Franklin finalmente termina sua jornada de autoconhecimento.

Apesar da grandiosa batalha final, achei este capítulo não muito empolgante. O arco do médico, especialmente já olhando de alguns capítulos na frente, tem um desfecho até forte neste momento, mas não mudará em nada o personagem, foi apenas um desvio que, se você pular, não muda em nada sua trajetória.

Já o grande foco da estória, com o confronto entre as duas frotas é legal e sempre digno de respeito quando vemos grandes cenas de CGI como essa na TV, especialmente há mais de 20 anos atrás. Entretanto, temos uma grande platitude: vai acontecendo tudo conforme os personagens e nós esperamos – o que não é ruim, só é menos impactante.

No final, provavelmente percebendo como, numa visão geral, tudo se passou relativamente tranquilo para os heróis, o roteiro coloca um diálogo no qual os heróis discutem como aquela foi uma vitória de Pirro; custosa demais, e com mais baixas que o adversário… algo que não é estabelecido durante a batalha; nem pelo visual nem pelas falas, que dão entender que foram apenas louros. Completando um episódio grandioso mas menos espetacular que esperávamos.

Avaliação: 3.5 de 5.

Bom (3,5/5)


S03E22: Z’ha’dum – O capitão Sheridan recebe uma inesperada visita, sua esposa Anna, a qual acreditava-se estar falecida, morta na expedição ao planeta natal das Sombras. Ressuscitada, ela convida seu marido para visitar Z’ha’dum e ter uma conversa franca e direta com os granes vilões.

Após a grande batalha estar no episódio anterior, os produtores tiveram que bolar alguma coisa muito diferente para este aqui não ser apenas um epílogo. E conseguiram. É um clichê recorrente na ficção científica e fantasia conhecer o grande e poderoso inimigo através de uma reunião com uma figura inofensiva. Mas acho que funciona bem sempre bem, especialmente com seres quase amorfos como as Sombras. A bela e charmosa esposa de Sheridan e o rabugento velho cumprem seu papel – Morden já era conhecido previamente por sua vilania.

O contexto é legal, assim como o desfecho da situação com a derradeira atitude do capitão – através de uma inteligente reviravolta que a conectou com um ponto marginal do roteiro. Entretanto, o que pegou foram justamente as explicações das Sombras; capengas em alguns momentos e patinando em outros. Revelações decisivas estarão abaixo, atenção!

As Sombras se entendem como justas porque acreditam que o caos causado por suas guerras renova e evolui a galáxia, excluindo as civilizações mais fracas; um argumento bastante juvenil (me lembrou até anime Shonen). Poderia existir algum evento anterior, com um conflito entre elas e os Vorlon, por exemplo, que criasse essa divergência. E há espaço para isso, com a única fala inteligente do diálogo: a de que os Vorlon, com sua aparência mutável, foram, capaz de manipular espécies inteiras, uma perspectiva nova bastante ainda não abordada sobre eles.

Já com relação a Anna e os demais membros da expedição, tudo patina. É muito interessante saber que as Sombras foram atrás da Terra para neutralizar os telepatas; mas escorregamos quando explicam que Anna e os outros humanos estavam sendo usados como pilotos. O que estava estabelecido Em Ship of Tears é de que telepatas eram capazes de serem usados como pilotos.

Embora haja o incidente em Marte, em Messages from Earth, na qual um piloto, aparentemente, comum é usado para tentar voar com a nave das Sombras. Entretanto, esse mesmo evento é descrito aqui de outra forma; uma outra nave no mesmo planeta foi despertada e voltou para Z’ha’dum e aí que a Terra encontrou e enviou a expedição da qual Anna e Morden faziam parte. Tudo muito confuso.

Com a aparente morte do capitão e, enquanto isso na estação, um outro mistério é deixado no ar com o desaparecimento de Garibaldi, temos fôlego para ganchos da nova temporada.

Avaliação: 4 de 5.

Muito Bom (4/5)


Babylon 5


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Lênin: uma introdução

Faz um esforço enorme de condensar vida e obra de Lênin em um livro de bolso; mas, ainda que seja uma boa introdução, oscila muito entre uma abordagem e outra, entre sua produção textual e eventos que ele participara.

Publicado por Lucas Palma

Paulistano, desde que me lembro por gente fascinado pelas possibilidades do futuro, em games, filmes e seriados, herança paterna e materna. Para surpresa geral, ao final da juventude descobri fascínio também justamente pelo oposto, me graduando e mestrando em História, pela Universidade Federal de São Paulo. Sou autor de Palavras de Revolução e Guerra: Discursos da Imprensa Paulista em 1932.

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