Mr. Robot: A Sociedade Hacker
Vamos acompanhar os episódios desta terceira temporada que têm tudo para serem os melhores do seriado, desta vez, os títulos são mais variados, temos sufixos de bibliotecas de código, formatos de compressão e comandos.
S03E01: power-saver-mode.h – Este início de temporada é muito melhor que a anterior, e somos levados sem reios aos desdobramentos do que se passou, recebendo tanto novas respostas quanto conhecendo novos mistérios. Somos apresentados melhor ao mundo caótico que as ações da fSociety despertou, isso é uma estratégia para nos fazer mais simpáticos aos novos objetivos dos protagonistas: desfazer o hacking.
Acredito que a série perde com essa mensagem de que as coisas ficaram piores, mas é bem competente em fazer com que tenhamos mais simpatia com ela. Isso é feito de forma mais direta; retratando como as coisas (não) estão funcionando, e mais indiretamente, na trama pessoal de Elliot, pois agora vimos como Mr. Robot passa a agir independente dele, e aliado com Angela, sua grande amiga, passam a fazê-lo de bobo.
Bom (3,5/5)
S03E02: undo.gz – As seqüências de Elliot indo trabalhar são muito boas e voltam a fazer aquela crítica ao mundo coorporativo que a série há muito já não se empenhava – e vai esquecer de vez.
De resto, a temporada começa bem acelerada e várias peças da trama principal se movem por aqui: Elliot dentro da ECorp, Darlene cpntra FBI contra Elliot, Price contra Whiterose… É um capítulo bem interessante de se assistir por este motivo: é aquele tipo de coisa que parece que, se perdermos qualquer cena, ela fará falta no futuro.

Há duas grandes outras cenas: o desfecho de um determinado núcleo que eu particularmente achava muito chato nas temporadas anteriores; foi inesperado, e mesmo simples, se tornou um plot twist bem feito. E, além disso, o encontro entre Mr. Robot e Krista (a psicóloga), que foi muito tenso.
Muito bom (4/5)
S03E03: legacy.so – Quase que inteiramente composto por flashbacks, acompanhamos principalmente o que Tyrell passou sozinho desde o final da primeira temporada. Apenas agora que finalmente os mistérios daquele desfecho estão revelados, e são bastante interessantes. De quebra, temos mais um plot twist muito bom sobre as intenções de um personagem até então bem secundário.
Eu, particularmente, nunca comprei muito essa devoção repentina de Tyrell por Elliot (ou por Mr. Robot) e aqui ela está totalmente aflorada, mas ao mesmo tempo, sua origem subentendida. Não vemos o que exatamente fez despertar isso, apenas que ela existe.
Bom (3,5/5)
S03E04: metadata.par2 – Depois de um começo bem acelerado e de respostas importantes, há um respiro deste episódio mais preocupado em colocar as peças no lugar para os acontecimentos seguintes.
Aqui vemos Darlene tentando desvendar o que Mr. Robot faz sem o conhecimento de Elliot – o que é uma tensão quase que sem sentido, porque no fundo já sabemos com que ela vai se deparar – e, enquanto isso, Angela começa a trabalhar mais efetivamente contra ele. Além disso vemos que Tyrell também está sendo enganado. Ironicamente, o fato dos próximos capítulos serem tão bons, faz com que este fique bem apagado.

Mediano (2,5/5)
S03E05: runtime-error.r00 – Uma verdadeira rebelião estoura dentro do prédio da ECorp, enquanto nossos protagonistas correm atrás de seus objetivos dentro daquele caos. Desde as primeiras cenas é tudo extremamente bem feito, no comecinho temos aquela sensação que logo algo vai explodir. E rapidamente há o estouro.
Toda a tensão envolvendo Angela – que tem seu melhor momento no seriado – tentando realizar sua missão, primeiro buscando por Elliot, depois tentando ela mesma contornar, é fabulosa. Filmado como se fosse um único corte, lembra a série 24 Horas em seu auge, qualquer movimento, de uma virada de corredor a uma abertura de porta, tudo é um momento de tensão em potencial.
Infelizmente, o seriado mais uma vez esbarra num moralismo em apontar que a rebelião seria orquestrada. Entretanto, não apaga que este tem tudo para ser o melhor episódio de Mr. Robot e um dos melhores de todos os tempos da TV.
Excelente (5/5)

S03E06: kill-process.inc – Seria difícil realizar um capítulo que não empalidecesse em relação ao anterior, mas eles conseguiram. Após perceber que Angela deu continuidade a fase 2, Elliot tenta fazer de tudo para evitar a explosão do prédio.
Numa idéia muito inteligente, um dos conceitos centrais da série e desta temporada, Mr. Robot agindo independentemente de Elliot, é levado ao limite e rende cenas muito boas e tensas (e até com uma dose de humor negro). Mesmo entre uma cena e outra desta seqüência principal, somos levados à caça de Dominique a Tyrell, em outros bons momentos.
Por fim, as saídas das situações enfrentadas são excelentes levando a grande reviravolta da temporada.
Excelente (5/5)
S03E07: fredrick+tanya.chk – Mesmo diminuindo muito o rítimo, temos outro capítulo interessante. Agora, voltam a trama Trenton e Mobley, que estão sobre tensão por todo o episódio, reféns de Leon, colega de cela de Elliot. Enquanto isso, o cerco se fecha também ao entorno de Tyrell, que agora se vê pressionado por outro personagem. O desespero da agente Dominique é compartilhado por nós.
Reforça-se um moralismo em alguns diálogos, mas o prejuízo geral é pequeno, especialmente porque ficamos preocupados também com a reação de Ângela. E qualquer coisa de ruim pode ser esquecida diante do desfecho, mais uma vez bem tenso e impactante. Foram vários episódios com esse estilo de final, que seqüência!

Muito Bom (4/5)
S03E08: dont-delete-me.ko – Após horas de tensão e ação ininterrupta, chegamos a este capítulo que nos ajuda a recuperar o fôlego. Com uma abordagem bem tocante, Elliot se prepara para cometer suicídio, mas decide visitar os parentes tanto de Trenton quanto Mobley para fazer algo por seus entes queridos.

O irmão mais novo de Trenton rouba a cena e divide momentos muito legais com o protagonista, conseguindo fazer com que ele mude de idéia – ele não gostar de certo filme é muito engraçado (e muito verossímil, basta tentarmos convencer algum adolescente da graça de um filme da sessão da tarde). Ao final, com esse laço criado, o episódio também serve para que Elliot também recupere o fôlego.
Bom (3,5/5)
S03E09: stage3.torrent – Elliot está de volta a todo o vapor! É interessante ver o personagem com gana mais uma vez, bolando planos para tentar reverter tudo o que ele tinha feito até então. Alguns menos inteligentes – a sedução de Darlene em cima de Dominique tem um final bem previsível – e outros mais – a cena de negociação do estágio 3 é bem interessante.
Mas apesar da retomada de Elliot, o capítulo é um pouco mais morno – e confuso em certos pontos, algumas coisas são, ou não, flashbacks? O enredo geral dá uma enfraquecida com a chegada deste recurso súbito que é capaz de reverter todo o hacking; um bom e velho Deus ex Machina.
Ruim (2/5)
S03E10: shutdown -r – Chegamos ao final da temporada com um episódio repleto de tensão; desde o começo com o seqüestro dos personagens, é para ficar na ponta do sofá o tempo todo. Há cenas muito interessantes, mortes bem impactantes, alguns personagens em grandes momentos.

Também há uma dose de revelações, mas que já suspeitávamos. E, ao invés de deixar mistérios em aberto como nos finais anteriores, aqui o que é deixado para as próximas temporadas são objetivos.
É um método interessante de engajar para os próximos capítulos sem apelar para mais lacunas, e não ficar repetitivo para o seriado, mas essas próprias metas são mais fracas que gostaríamos: a reconciliação entre dois personagens já acontecera antes e é pouco confiável, e o final moralista de reverter o hacktivismo, ainda mais através de um recurso súbito tal como nos é apresentado.
Muito Bom (4/5)
Melhor Episódio:
runtime-error.r00 – Talvez o grande episódio da série, ele é impecável. Desde os primeiros instantes temos a sensação que tem algo muito grande para ocorrer; quando Darlene tenta falar com Elliot na portaria do edifício é como assistir um copo transbordar. De imediato não havia percebido que ele foi editado como um corte único e praticamente em tempo real; o que pode indicar a quase perfeição da direção em fazer isso – não há como perceber diferença de tempo entre o tempo real e o tempo na tela.
E o tempo real não é preenchido com nenhuma seqüência morna, todos os instantes são tensos. Até as viagens de elevador são momentos de suspense. Depois, em cada cena há uma briga, um confronto, uma depredação acontecendo no fundo, o que é fabuloso.
Curiosamente, quem rouba as atenções é Angela, uma das personagens mais problemáticas do seriado. É uma justiça poética ela ser a protagonista do melhor capítulo após ser maltratada em tantos outros por falta de direção no roteiro.

O problema, externo ao episódio, é saber que a série quer passar a moral de que nada daquilo foi “real”, que não havia indignação dos manifestantes nem da população contra a Ecorp e a cultura coorporativa no geral. Há margem, claro, para entender que apenas a invasão foi apenas desencadeada pelos vilões, mas não ela nem seus motivos. Entretanto, não há esse esforço: temos apenas diálogos ressaltando a manipulação.
Destaque ainda para kill-process.inc, que, além de trazer o grande plot twist da temporada, tem, nas cenas de disputa pelo controle de seu corpo e ações entre Mr. Robot e Elliot, alguns dos melhores e mais inteligentes momentos da série.
Pior Episódio:
stage3.torrent – É difícil selecionar algum que seja um destaque negativo numa temporada tão regular e constante; fica injusto descontar em capítulos mais parados sendo que eles também são necessários para dar um respiro para nós e para os personagens e organizar a trama. Há dois desses nesta edição, um que é metadata.par2, que ainda não é dos piores da série com essas características, mas acaba ficando muito pálido em relação aos que vem antes e aos que vem depois.
Desta forma, stage3.torrent acaba se destacando negativamente, primeiro por ser mais parado, especificamente na tentativa de sedução entre duas personagens, que, pelo desfecho previsível dá a sensação de perda de tempo, sendo a trama que mais ocupa tempo de tela deste aqui.

Depois por certas cenas que não sabemos exatamente se são flashbacks ou não, que não são bem distribuídas ao longo do capítulo. Temos a impressão que precisaram enfiar tudo que estava faltando cobrir no enredo da terceira temporada aqui, e assim poder abrir caminho para o final.
E, por fim, mas em especial por avançar – sem oferecer contrapartidas – com o moralismo e com o Deus Ex Machina característicos da temporada. Elliot recupera sua vontade de viver e sua inteligência agora para desfazer sua própria revolução! E é muito absurdo conceber que seja possível desfazer tudo o que o houve.
Veremos, na quarta temporada se as coisas, ao final, não serão tão simples assim. Confio que não!
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