Babylon 5 – 4ª Temporada – Lista de Episódios

Babylon 5


S04E01: The Hour of the Wolf – Uma semana se passou após os eventos da temporada anterior e o clima é desolador na estação, apesar das aparentes vitórias. Com Garibadi e Sheridan desaparecidos e um aparente recuo das Sombras, Ivanova se vê sozinha no comando de Babylon 5 e da Aliança, que está esvaziada. Desesperada, busca com Deleen tentar uma missão de resgate em Z’ha’dum.

Um começo devagar para a temporada, não só a liga dos não-alinhados ficou sem liderança, como o próprio seriado não soube muito bem lidar com esse arco que se inicia aqui sobre a ausência de Sheridan. Tanto o fato de não terem feito a missão de resgate até então, e fazerem ela agora como foi, é estranho – e a postura dos personagens desorientados também tem um efeito negativo de ressaca.

O que foi muito bom, por sua vez, foi a inclusão deste novo núcleo referente à corte do Imperador Cartagia, a qual Londo e Vir passarão a integrar. A figura do governante louco é muito legal, mesmo sendo uma clichê, e cria uma possível saída por cima dos dois “heróis” Centauri diante de tantas decisões equivocadas tomadas por eles até aqui.

Avaliação: 2.5 de 5.

Mediano (2,5/5)


S04E02: Whatever Happened to Mr. Garibaldi? – Enquanto a estação continua em luto pela aparente morte do Capitão Sheridan, G’kar decide se arriscar e iniciar sua busca pelo espaço atrás de Garibaldi – e não demora muito para ele próprio ser localizado por autoridades Centauri.

É um capítulo com o freio de mão puxado. Em Babylon 5 continua o clima de luto e Deleen está sem apetite há dias; todo mundo triste sem fazer nada. E, ao mesmo tempo, vemos que o capitão está “vivo” mas é vítima do temível clichê do herói preso entre a vida a morte. Muitos diálogos vazios e pouca ação, temos apenas a identidade de um importante personagem novo sendo revelada. Claro que faz parte criar esse clima (e é coerente com o contexto), mas é preciso tomar cuidado com contaminar o expectador com isso e desmotivar a gente de assistir ao seriado.

Novamente, o que vai elevar o ritmo é o contexto da corte em Centauri. Londo começa a pensar em uma conspiração contra o louco imperador e recebe um “aliado” inesperado; e assim vai se encaminhando uma das tramas mais sombrias e mórbidas da série – e que garante o fôlego desse começo de temporada.

Avaliação: 3 de 5.

Bom (3/5)


S04E03: The Summoning – A situação continua a se deteriorar na estação; Ivanova decide tentar encontrar mais dos Primeiros para fortalecer um eventual ataque a Z’ha’dum, enquanto, ao mesmo tempo, embaixadores alienígenas organizam um protesto contra esse ataque e opondo-se a Deleen. A única boa notícia é o encontro de Garibaldi… ou não.

Continuando a fase “descabeçada” deste início de temporada, os personagens continuam todos desmotivados e melancólicos, embora agora já com um caminhar adiante e alguns novos elementos ajudando a sair desse período de marasmo, como a relação cada vez mais conflituosa entre Lyta e o novo embaixador Vorlon. O retorno de Garibaldi é anticlimático, mas em um bom sentido, pois sabemos desde já que há algo a mais.

Por outro lado, a volta Sheridan já não é tão interessante. Quase caricata, ele chega em mistério, com uma iluminação de fundo e no alto, e apenas seu poder de persuasão é capaz de unificar todos os povos dentro da estação… tanta antecipação para algo tão pouco refinado. Assim como a questão dos Vorlon ao ataque não é bem explicada, entendi apenas no episódio seguinte. O que, mais uma vez, mantém alto nível é a trama em Centauri, cada vez mais sombria.

Avaliação: 2.5 de 5.

Mediano (2,5/5)


S04E04: Falling Toward Aphoteosis – Que diferença em relação aos capítulos anteriores; já começamos com uma transmissão de Ivanova contando uma situação caótica na galáxia, e com os Vorlon atacando cruelmente vários planetas em seu caminho. Sheridan decide, então, romper com estes misteriosos, e poderosos, alienígenas e quer arrumar um jeito de expulsar o seu embaixador da estação.

A série recebe uma injeção de energia, e rapidamente as peças começam todas a se mover com muita intensidade. A trama de Sheridan para expulsar o, agora, inimigo Vorlon é muito boa; conseguindo ficar tensa o tempo todo, sem sabermos se vai dar certo ou não, se vai irritar ainda mais os temíveis Vorlons – ainda que tenha um final extravagante, com efeitos que não envelheceram bem.

Enquanto isso, em Centauri, a complexa trama política se adensa, com os planos de Morden e de Cartagia de usar o planeta como bucha de canhão contra a Sombras. E encontra um possível desfecho, com um acordo inesperado entre G’Kar e Londo; e tudo isso sem perder o tom sombrio e pesado que é ainda mais aprofundado aqui.

Avaliação: 4 de 5.

Muito Bom (4/5)


S04E05: The Long Night – Após expulsar os Vorlon de Babylon 5, nossos heróis se preparam para tentar um derradeiro contra ataque aos gigantes alienígenas da antiguidade. Tanto eles, quanto as Sombras estão espalhando destruição generalizada na galáxia e precisam ser parados. Já entre os Centauri, durante a visita em Narn para a execução de G’Kar, a conspiração liderada por Londo se prepara para o golpe final contra Cartagia.

Novamente demonstrando medo nenhum de avançar, a série dá dois importantes passos decisivos, referente a mudança de poder em Centauri e ao comovente arco do sacrífico de uma determinada tripulação. Todas tramas densas e importantes que são levadas adiante, e esses momentos que são a magia de Babylon 5. Há alguma coisa aqui e ali que poderia melhorar, como a questão das algemas trocadas, desnecessária, mas não são problemáticas.

O roteiro também é bom em ritmo, esses momentos decisivos não são deixados para os instantes finais com um término súbito. Estão posicionados no meio do capítulo, nos permitindo ver as suas consequências – outra grande magia do seriado – tal como os embaixadores escutando o áudio final, ou a depredação do palácio em Narn, cenas que estarão dentre as mais marcantes de Babylon 5.

Avaliação: 5 de 5.

Excelente (5/5)


S04E06: Into the Fire – A Guerra contra as sombras chegará em seu momento decisivo: o estratagema de Sheridan deu certo e ele reunirá diante de Cortana VI, um planeta de bilhões de habitantes ameaçado de sofrer sua completa destruição, as três frotas em conflito: as Sombras, os Vorlon e a Liga dos Planetas Não-Alinhados. Enquanto isso, em Centauri o novo governo corre contra o tempo para impedir que seu lar seja atacado.

Quando me falaram que Babylon 5 era uma versão espacial de Senhor dos Anéis, achei engraçado mas não entendi que, de fato, havia uma correspondência direta. No desfecho da principal guerra do seriado, a saída encontrada tem bases na obra de Tolkien, ainda que, claro, com sensíveis diferenças. Uma delas é a opção tomada é por uma não-batalha final, o que eu particularmente achei boa.

Não apenas pela idade, mas no geral acho que a direção das cenas de CGI da série não são das melhores; talvez ambiciosas demais para a tecnologia disponível, definitivamente são mal dirigidas. Nunca fica claro exatamente quem está fazendo o quê; quem está melhor ou pior – também não há muita construção de identidade do seriado com relação às naves de cada raça, é tudo bem básico. Desta forma, muito tempo gasto em uma batalha poderia até mesmo enfraquecer o belo desfecho.

Ainda assim, não deixa de ser anticlimático e “perfeito demais”, pois um único diálogo é capaz de solucionar esse conflito que se estendia por milhares de anos. E ainda há uma flagrante contradição; tudo parte-se do pressuposto que as Sombras e os Vorlon não se enfrentam diretamente, entretanto, a batalha em Cortana seria direta entre as duas raças até serem interrompidas pela Frota da Luz. As coisas se conectam bem – especialmente com a consequência em Centauri – mas cria um momento de confusão.

E falando do núcleo envolvendo Londo e Vir, novamente, a trama se mostra ousada e sombria, e um importante contraponto com o final bonzinho envolvendo a guerra.

Avaliação: 4 de 5.

Muito Bom (4/5)


S04E07: Epiphanies – Após o final da Guerra contra as Sombras, nossos heróis têm pouco tempo para comemorar: o governo de Clarke na Terra vê este como o momento ideal para retomar a ofensiva contra Babylon 5. E, para ajudar a tripulação da estação, um aliado inesperado, Bester, aparece e oferece importantes informações dos planos do corrupto presidente; incluindo uma operação “false flag” em nome dos nosso heróis.

Sem tempo para respirarmos, após o final do conflito, já somos jogados a outra trama quando descobrimos que a estação já é alvo de uma campanha difamatória da Terra. Acredito que poderia ter alguma sutileza aqui, pois passamos para um arco novo e que já não era revisitado havia um tempo: comentei como na temporada anterior, nosso planeta acabou sendo esquecido ao longo do ano.

Isto porque é um episódio que parece uma mesa com uma perna menor que as demais. Ao mesmo tempo que já nos mergulha direto nessa nova trama e até há batalhas espaciais desta futura guerra que se avizinha, também serve apenas para lançar bases para novas estórias. O comportamento estranho de Garibaldi, a evacuação de Z’ha’dun, os poderes de Lyta e a anomalia no pescoço do ministro Centauri, são coisas que ficam pela metade. Um capítulo necessário mas que nos deixa a sensação de incompletude, mesmo que planejada.

Avaliação: 3 de 5.

Bom (3/5)


S04E08: The Ilusion of Truth – Inspecionando as bagagens de quem desembarcava na estação, Allan descobre uma equipe de TV terrestre que tentava entrar escondida em Babylon 5 para produção de um documentário sobre o lugar. Esses produtores relatam que a versão que chegou à Terra é que de Sheridan liderou uma espécie de motim pró-alienígena e está trabalhando contra seu planeta natal e contra a humanidade. O capitão decide, então, colaborar com os jornalistas para poder passar sua versão do que acontece na estação.

Uma das grandes reviravoltas do seriado – por isso o texto será mais curto, tentando evitar spoilers – e só funciona porque o roteiro do capítulo é muito bem construído; já prevendo as diferentes interpretações possíveis para cada cena e situação. Como sempre, a “crítica social foda” acaba esbarrando na própria contextualização de Babylon 5 como uma obra altamente militarizada, então o resultado não é tão inteligente quanto o capítulo acredita ser – especialmente a tal questão de que passou um “pouco de verdade”, furada – mas ainda assim é um melhores roteiros da série.

Avaliação: 4 de 5.

S04E09: Atonement – Delenn é convocada para retornar a Minbar. Ela passará por um complexo ritual no qual será confrontada com suas próprias memórias. O possível casamento com Sheridan violará regras milenares da sua cultura, que proíbe romance e reprodução com outras espécies, e os minbari desejam saber exatamente o porquê ela decidiu unir-se a um alienígena.

O episódio serve como uma contextualização passada e uma futura, colocando nosso foco para as disputas internas dos vencedores da guerra contra as Sombras – assim descobrimos que os Minbari não estão muito bem. Ao mesmo tempo, teremos revelações decisivas sobre o passado de Delenn e mais da guerra contra os humanos.

Particularmente achei que esses novos acontecimentos sobre o passado da embaixadora foram desnecessários, mais camadas de lore para a mesma personagem, e não está com cara que será algo retomado no futuro. Entretanto, funciona muito bem para contrapor o relacionamento dela com o capitão, são momentos muito bem conectados. Apesar de algumas cenas totalmente desconexas com o resto da trama (olho de G’Kar e a festa de Ivanova) episódio se torna muito marcante devido aos flashbacks.

Avaliação: 4 de 5.

S04E10: Racing Mars – Finalmente Marcus e Franklin chegam em Marte para construir a ponte entre a Resistência Marciana e Babylon 5, entretanto, como era de imaginar, eles não são bem recebidos. Há muita desconfiança; a resistência está cada vez mais acuada e a campanha difamatória contra a estação pegou bem no sistema solar.

O fato deles serem mal recebidos era muito previsível, mas o capítulo consegue contornar isso apresentando esse novo cenário para o desenvolvimento dessa nova trama de um conflito com a Terra. Gostei muito do diálogo entre Jack e os dois enviados dentro do “metrô”; uma observação muito impactante de que em casa, ninguém não só não recebeu informações corretas sobre os eventos das últimas temporadas, como acha que a Guerra contra a Sombras sequer existiu. O humor que parece pontuar a relação entre Fraklin e Marcus não é lá essas coisas, mas é bem vindo e consegue ser orgânico mesmo naquele contexto.

Enquanto isso, há duas outras tramas paralelas correndo dentro de Babylon 5: uma envolvendo o recrutamento de contrabandistas para abastecer a estação – e depende da muleta do comandante que não tira férias – e outra que continua desenvolvendo o arco dessa nova fase de Garibaldi. O interessante é que a cada vez mais ele está indo mais longe e parece sem volta – uma pena que tudo provavelmente será resolvido sem maiores consequências – mas, ao mesmo tempo, a versão dele sobre o comportamento de Sheridan, é bem construída e se não fôssemos os expectadores oniscientes sabendo que não é aquilo, poderíamos muito bem concordar.

Avaliação: 3.5 de 5.

S04E11: Lines of Communication – As negociações em Marte avançam, e o Dr. Fraklin terá a oportunidade de participar de uma reunião com a resistência – o que ficou ainda mais difícil após um novo atentado. Ao mesmo tempo, Delenn decide reunir uma frota de White Stars para investigar ataques que uma pacífica civilização de aliados dos Minbari vem sofrendo.

O núcleo em Marte sofre um pouco por ficar confinado esse tempo todo em praticamente um único cenário, então o roteiro precisa ficar compensando com movimentação em diálogos – o que resulta em discussões frequentes e um romance. Não é de todo mal, o debate entre os líderes tem alguns pontos altos – como lembrar que Sheridan já foi repressor – e baixos – pedindo moderação de um grupo que está sofrendo uma brutal repressão.

Da mesma forma, a aventura de Delenn também é dividida entre bons e maus momentos. A introdução dos Drakh é marcante do ponto de vista visual, só de ver a espécie causa mal estar, um dos melhores e mais bem utilizados efeitos especiais da série; e o fato deles estarem se aproveitando da divisão dos Minbari é bem pensado. Por outro lado, novamente B5 vai mal nas batalhas espaciais, mal escritas, são pouco compreensíveis e pouco criativas.

Avaliação: 4 de 5.

S04E12: Conflicts of Interest – Seguindo sua carreira solo como investigador, Garibaldi havia sido abordado por um estranho grupo contrário ao Comando de Sheridan, e desta vez eles decidem colocar sua lealdade a prova em uma missão especial: infiltrar e proteger uma nova passageira que está de posse de uma carga misteriosa. O detalhe é que se trata do amor da vida do antigo chefe de segurança.

A trajetória dele e seu arco nesta temporada estão se mostrando intrigantes, mas os capítulos centrados em Garibaldi raramente são bons; extremamente noventistas, como se ele fosse um herói de ação da época – mas de um filme B, conforme o orçamento da série. Claro que é uma afirmação meio idiota, pois é uma série dos anos 90, mas acaba ficando datado demais e destoa do gênero e da pegada de Babylon 5 – diferente de Stargate SG1, por exemplo, que envelheceu relativamente bem com sua ação.

Felizmente, a trama por trás dessa ação meio bobinha é bem conectada e se torna bastante intrigante – apesar de tudo há algumas cenas mal escritas, como a de trocas de olhares no duto de ventilação, completamente incompreensível; e tentam consertar com um diálogo expositivo sobre telepatas que piora ainda mais. Por outro lado, a história secundária, envolvendo o uso da energia do planeta Epislon, ficou manca; temos uma viagem até lá de Ivanova, para um único diálogo, que dá uma informação aleatória sobre Zathras e tudo se resolve.

Avaliação: 2.5 de 5.

S04E13: Rumors, Bargains and Lies – O capitão Sheridan cria uma inventiva estratégia para conseguir permissão dos planetas não-alinhados para a patrulha de suas fronteiras pela Frota da Luz. Enquanto isso, Deleen segue para Minbar e ao encontro de Neroon, seu antigo rival da Casta Guerreira, na tentativa de retornar à paz entre os alienígenas.

O arco do capitão é bastante divertido, talvez o mais engraçado dos não dedicados ao humor. Claro que há uma forçada aqui e ali, especialmente para ele não revelar o seu plano secreto, mas é bem divertido e faz um certo sentido.

Enquanto isso, o mais denso do capítulo é referente a suposta guerra civil entre os Minbari – estou chamando de suposta porque achei que faltou um pouco mais de contextualização para dar mais peso ao evento – e o plano de Deleen em encerrar as animosidades. Apesar de achar que o começo desse conflito ficou devendo – tem cara de nota de rodapé dos eventos da série – aqui as coisas ficam bem encaixadinhas e organizadas; com a simetria entre os dois grupos e a desconfiança mútua de seus líderes. Há algumas reviravoltas boas e outras nem tanto – como o Lennier ex machina – mas é um capítulo muito divertido.

Avaliação: 4 de 5.

S04E14: Moments of Transition – Enquanto Deleen chega a Minbar determinada a colocar um ponto final na Guerra Civil de seu povo, a estação tem a “honra” de ser revisitada por Bester, que vem em busca de tirar vantagem da telepata Lyta. Ela vive uma má fase na vida e não consegue arrumar mais emprego após o desaparecimento dos Vorlon.

Esta trama envolvendo os telepatas e Babylon 5, em si, acaba servindo mais para plantar algumas sementes; muitas perguntas e poucas respostas. E faz isso de forma competente, apesar do uso de Lyta (assim como vários outros personagens secundários de B5) ser bastante irregular, ela não aparecia desde o sétimo capítulo. Ainda que há algumas inconsistências aqui e ali envolvendo a telepatia, é o suficiente para nos deixar intrigados com tudo.

A atenção está mais dedicada aos Minbari, que precisam chegar a um desfecho em sua guerra fratricida. Ainda acho que as coisas não parecem ter a gravidade que merecia – e o CGI desaponta mais uma vez, com uma cena incompreensível da cidade em chamas. Mas elas aqui tomam mais corpo e mais concretude, já que anteriormente era mais um “boato” de guerra do que eventos reais, uma pena que é justamente em sua resolução que isso acontece.

Somando-se o fato do tal dispositivo de chamas cair totalmente (e literalmente) do céu, causando um daqueles momentos “perdi alguma coisa?”, achei uma saída preguiçosa e extravagante (poderia ser um sacrifício de poder, por exemplo, a ser exigido dos líderes, e não de vida); e uso da Casta Operária poderia aparecer justamente aqui, e não de uma forma passiva como acabou sendo. Algo que seria facilmente estabelecido por diálogos – os operários decidiram não construir mais naves para as castas, por exemplo – e forçasse uma saída mais pé no chão.

Mas a mensagem de que o poder dos trabalhadores não está no voto e sim na capacidade de parar a produção, é forte demais para ser veiculada nos EUA, rs.

Avaliação: 3.5 de 5.

S04E15: No surrender, no retreat – Após um massacre de civis cometido pelo Governo Clark, o Capitão Sheridan decide iniciar a ofensiva contra a Aliança Terrestre. Ele planeja um ataque para tentar a libertação da colônia em Próxima 3, local do massacre, que já está em conflito com o poder central – mas além da batalha em si, pretende tentar trazer alguns dos comandantes da Frota para seu lado.

Que episódio maravilhoso. O tanto que a guerra civil Minbari ficou como trama “de rodapé”, a terrestre está com cara que não será assim, felizmente! Este capítulo aqui é muito bem estruturado e faz já dessa primeira batalha uma história fechadinha, com começo meio e fim, embora pareça que tem umas duas horas de duração – no bom sentido – de tanta coisa que acontece.

Não falta tensão com a questão do posicionamento dos oficiais adversários perante os argumentos de Sheridan; e é bom, pela primeira vez, os terráqueos “dos mal” terem rosto e falas – ainda que apenas alguns deles. O criador do seriado diz que o fato de Clarke não aparecer fortalece o vilão; pode até ser, mas uma série que se mostra tão adulta, precisa humanizar os inimigos, como pessoas “comuns” que tomam ações moralmente questionáveis ou malignas. Vilões abstratos ou caricatos fazem parte de uma abordagem ingênua.

As batalhas, uma das raras vezes em Babylon 5, são bem concebidas e de fácil compreensão mesmo com os efeitos espaciais datados e os modelos 3D idênticos para todas as naves – mostrando que esse problema recorrente do seriado tem mais a ver com a concepção do que com a capacidade de CGI da época.

Avaliação: 5 de 5.

S04E16: Exercise of Vital Powers – Garibaldi chega até Marte para encontrar o misterioso trilhardário William Edgars, que está puxando suas cordas neste momento, e, por um acaso, é o atual marido da mulher da sua vida. Na estação, Lyta e o Dr. Franklin tentam fazer progresso com os telepatas resgatados das Sombras.

O seriado volta a intercalar episódios de proposições para questões futuras – neste caso, apesar de fornecer respostas relativas à figura de Edgars, o principal do enredo é demonstrar as conexões entre as facções em conflitos e os telepatas, como fiéis da balança. Algo interessante e coerente, já que foi também o diferencial na guerra contra as Sombras, e principal excentricidade de Babylon 5 – e espero que permita uma utilização mais regular de Lyta.

Por outro lado, a aventura de Garibaldi em Marte tem altos e baixos; em alguns momentos as ações do ricaço são boas, como o “seqüestro” para possibilitar uma melhor leitura da mente do antigo segurança diante do susto, e em outras são clichês, como o próprio contexto do mafioso exótico e cheio de manias e idiossincrasias.

Da mesma forma, em profundidade desse arco as coisas oscilam: todas as falas de Edgars são bizarras, sua “justificativa” de seu apoio inicial a Clarke e como os bilionários por trás dos eventos políticos souberam quando “tirar o pé” e mudar de lado é de uma canalhice tremenda. Espero que isso tudo seja uma ironia e o personagem – e sua iniciativa – não seja tratado como herói. Mas, a ação final de Garibaldi entregando a paçoca é ótima e mostra um momento de virada para ele – vamos ver se vão levar até o final essa postura.

Avaliação: 3 de 5.

S04E17: The face of the Enemy – A Frota de Sheridan avança cada vez mais e conquista mais desertores do governo Terrestre; entretanto, o capitão recebe um contato de Garibaldi. O antigo chefe de segurança se aproxima para falar que descobriu uma maneira de resgatar o pai do protagonista – o que nós sabemos que é uma armadilha. Será que capitão cairá nessa ou Garibaldi poderá se arrepender no último minuto?

Um capítulo bastante denso que revela uma série de pontos chave dessa trama pós-guerra das sombras. Alguns desenvolvimentos são interessantes e o arco de Edgars acaba por se conectar – e até mesmo se resolver – bem com o contexto geral. Por outro lado, as revelações de Garibaldi são decepcionantes. Na realidade, a razão de seu comportamento rebelde era bastante previsível – gostaria muito que fosse uma intenção verdadeira dele de desconfiança, criando um arco bastante denso para o personagem – mas as explicações dos telepatas são muito conturbadas, de difícil compreensão e até mesmo de aceitação. Até onde sei, telepatas leem mentes e não preveem o futuro.

A intensidade domina o capítulo; para além das revelações, a cena de reencontro entre o capitão e o segurança se torna uma das mais marcantes da série: apesar de forçarem a barra na resistência de Sheridan – existiu até uma teoria sobre seu metabolismo ser diferente devido aos eventos em Z’ha’dum – os recursos de direção para recriar sua desorientação foram bem interessantes.

Avaliação: 3.5 de 5.

S04E18: Intersections in Real Time – Após a captura pelas forças terrestres, o Capitão Sheridan será interrogado através de inúmeros métodos de tortura e iremos acompanhar seu martírio na íntegra.

Fica até difícil escrever sobre este capítulo, pois ele tem apenas um único tema e cenário – e é composto alguns poucos planos sequência – retratando a tortura sofrida pelo protagonista. A ideia é ousada e cria um capítulo ímpar para o seriado; mesmo sendo praticamente sem ação alguma, ainda mantém interessado pela tensão envolvendo o interrogatório. Claro que há limitações pela natureza do seriado: não existem cenas mais gráficas ou explícitas, ainda assim é um episódio muito forte.

Concebido originalmente para servir de um gancho para final de temporada, esse arco fica um pouco despropositado; e algo que já se mostra aqui, ao se tornar uma história ensimesmada demais – não há revelações ou conclusões importantes. Por sua vez, a reviravolta ao final envolvendo o alienígena que reaparece é inteligente, mas ficou pouco inteligível. Só compreendi pesquisando depois, e vi que a interpretação da época foi que se tratava de uma alucinação, e não a de desmoralizar Sheridan, concebida pelos roteiristas; denunciando a incapacidade de expressar bem o ápice do episódio.

Avaliação: 3 de 5.

S04E19: Between the Darkness and the Light – Enquanto o capitão continua prisioneiro das forças Terrestres; nossos heróis preparam um plano de resgate de Sheridan, orquestrado pelo dr. Franklin, Lyta, a resistência de Marte e, possivelmente, Garibaldi – caso voltem a confiar nele. Ao mesmo tempo, a Frota comandada por Ivanova terá um último desafio final antes de seguir em direção à Terra.

Com a decisão de encerrar a estória originalmente concebida para o seriado em 5 anos ainda nesta temporada, visivelmente as coisas foram apressadas e este episódio talvez é o que mais sofre com os efeitos colaterais. A trama de Sheridan acabou se mostrando totalmente despropositada, ele foi capturado apenas para ser solto em seguida – ao mesmo tempo, Garibaldi é totalmente restaurado com um Deus Ex-Machina dos poderes mal delimitados de Lyta; nesse sentido, esse arco todo foi apenas uma, ainda que interessante, perda de tempo.

Já na “Frota Rebelde”, uma grande reviravolta, envolvendo novas e ameaçadoras naves inimigas, tinha muito potencial, mas se tornou uma oportunidade perdida em vários aspectos: não soubemos exatamente quais eram as nova capacidades dessas embarcações; a questão de haver informantes infiltrados foi esquecida; os tripulantes dessa armada ombria deveriam mais vilanescos e monstruosos, mas não aparecem… uma pena.

Avaliação: 4 de 5.

S04E20: Endgame – Com todas as peças em posição – ou mais ou menos, devido aos graves ferimentos de Ivanova – o cerco e ataque final à Terra está prestes a acontecer: a frota rebelde recebeu reforços alienígenas, a resistência em Marte prepara também seu ataque e as “cargas especiais” estão posicionadas nas naves leais à Clarke. É chegada a hora do desfecho dessa guerra civil.

A recepção original foi deste capítulo ter sido apressado; mas não tive essa impressão, especialmente se comparado ao anterior, que foi uma verdadeira correria. Aqui é o rítmo normal do final de uma história – independente de funcionar ou não como término da série – e acho que foi bem construído, a ação foi bastante compreensível dando para entender o que se passou. Ainda que com algumas extravagâncias, como a nave saltando na atmosfera e destruindo tudo; ou Lyta saindo ao “ar livre” para não ter paredes em sua conexão – mas os telepatas estavam atrás de blindagens nas aves.

O que acabou por terminar muito rápido foi a batalha com a frota remanescente, uma única cena, mas não poderia ser diferente dado os objetivos do enredo. Por sua vez, transferindo assim a grande decisão na luta contra as plataformas de defesa, algo bastante broxante, luta contra alvos imóveis; mas o gosto amargo e a sensação fraca fica no destino de Clarke.

Seu último ato é crível, mas a condução até lá é terrível. Ainda desconsiderando que não sabíamos nada daquele grupo que invade seu gabinete (isso sim ficou muito apressado), o grande ditador sequer aparece direito, não tem uma única fala, a cena é tosca demais, um ator semiprofissional para interpretar o grande antagonista da série; e no final, toda sua jornada ficou só como um ato de um homem louco. Algo que enfraquece demais todo o arco – e é a interpretação mais perigosa de períodos históricos sombrios como esse ficcional de B5, a de que era apenas um louco no poder, e não de que seus apoiadores eram tão cúmplices quanto o cabeça.

Apesar de um início muito tocante, com a conversa franca entre Ivanova e Sheridan, o final do episódio tem praticamente o efeito inverso, um desfecho quase sem nenhum sentimento – para o bem ou para o mal.

Avaliação: 3.5 de 5.

S04E21: Rising Star – Após o término da Guerra, o capitão Sheridan se entrega às forças terrestre e se prepara para saber seu destino em conversa com a presidente interina Luchenko. Como era de esperar, apesar da vitória, ele não será tão bem recebido assim pelos militares e políticos da Terra – inclusive uma de suas primeiras visitas é Bester. Enquanto isso, Delenn leva uma comitiva de embaixadores alienígenas para nosso planeta com o propósito de fazer um grande comunicado.

Com relação à estrutura do episódio, tudo é correto. Temos a cena inicial no drama entre Ivanova e Marcus, várias conversas tensas envolvendo Sheridan e um desfecho com quase todos os protagonistas presentes. A única coisa que não funciona, mas não por culpa dos realizadores, pois a série até então estava cancelada, é monólogo final que entrega as tramas da temporada final – o pior é que houve algumas edições, devido à não-renovação de Cláudia Christian (Ivanova), e não mudaram aquela fala horrível; Straczynski diz que não conseguiu pensar em como melhorá-lo.

O grande problema são justamente o conteúdo dos diálogos; a conversa entre Luchenko e o capitão é extremamente pretensiosa, se achando extremamente inteligente, cai em uma porção de lugares comuns e nos principais erros narrativos da série – militares: bonzinhos, lutam pelo que acredita / políticos: oportunistas, malignos. Uma bobagem, como se os militares não tivessem poder político até maior que os governantes em circunstâncias de guerra e, especialmente, numa ditadura fascistóide como a de Clarke: tadinhos, eles só cumpriram ordens. Enquanto os demais políticos apenas assistiram com medo de agir.

A solução, envolvendo os extraterrestres é legal e um caminho natural para o seriado, mas sinceramente acho que teria mais força caso não fosse exatamente uma reviravolta – talvez a surpresa seria quem ocuparia o cargo de liderança – com as sementes sendo plantadas de forma mais explícita, inclusive com eventuais contradições; e não apenas uma única grande redenção de antigos inimigos.

Avaliação: 3 de 5.

S04E22: The Desconsctrucion of Falling Stars – Acompanhamos o legado deixado por Babylon 5 no futuro, através de gravações de pessoas analisando ou relembrando os eventos da série, em vários momentos do tempo: um século depois, quinhentos anos depois, mil anos depois e um milhão de anos depois do fim da guerra civil Terrestre.

Um capítulo muito inesperado, surpreendente e sabendo brincar muito bem o formato e as possibilidades do enredo; servindo como um inventivo episódio final – o que ele acabou não se tornando. Provavelmente foi nisso aqui que Star Trek: Enterprise se inspirou e falhou terrivelmente em seu último episódio. Aqui, a criatividade é muito maior, assim como a ousadia; o autor (Straczynski) quis levar ao limite sua história, e isso é muito agradável de se ver.

Há algumas coisinhas que incomodaram; como o holo-Garibaldi se tornar um ultrahacker, ou o sol entrando em supernova com alguns bilhões de anos de antecedência; e outras que chamaram a atenção – novamente, como o criador se permitiu ir até o limite; os protagonistas serem visto omo seres místicos ou o ato em que tentam destruir sua imagem passada.

Todavia, destaco como ponto fraco, a sequência mais “próxima” no futuro, com a discussão dos estudiosos na TV. Retratados como pessoas que não entenderam a nobreza de Sheridan e apenas o difamam por motivos mesquinhos – carregando por trás uma perigosa mensagem anticientífica e anti-intelectual, algo que flerta com o fascismo que tanto a série quis criticar.

O saldo é um excelente final de série, mas que acabou não servindo para tal – felizmente, aliás.

Avaliação: 4 de 5.

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Publicado por Lucas Palma

Paulistano, desde que me lembro por gente fascinado pelas possibilidades do futuro, em games, filmes e seriados, herança paterna e materna. Para surpresa geral, ao final da juventude descobri fascínio também justamente pelo oposto, me graduando e mestrando em História, pela Universidade Federal de São Paulo. Sou autor de Palavras de Revolução e Guerra: Discursos da Imprensa Paulista em 1932.

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