Jornada nas Estrelas: A Nova Geração – 2ª Temporada – Lista de Epiódios

Para uma avaliação geral da temporada, os melhores episódios, os piores episódios e a lista dos mais essenciais, clique no botão abaixo!

S02E01: A Criança – Durante o transporte de uma perigosa doença plasmática, capaz de destruir civilizações inteiras, a Conselheira Troi acaba tendo um contato com um ser espacial que acaba a engravidando. Na introdução da odiosa doutora Pulaski, que passa a maior parte do episódio menosprezando Data, temos uma trama que, se no passado pareceu apenas chata mas ousada, hoje se manteve chata, todavia, mais complexa.

A gravidez de Troi é uma saia justa; de certa forma há uma discussão sobre ela ter sofrido algum tipo de estupro e o fato dela ter sido engravidada contra sua vontade suscita alguns questionamentos quando a vimos muito desconfortável no início do episódio – e há até uma sugestão de direito de aborto. Mas depois isso acaba sendo esquecido diante da simplória resolução, e enfraquece todo o seu arco.

Por outro lado, a trama B, referente à doença plasmática, é uma com alta dosagem de tecno-blablabla, quase que totalmente incompreensível, mas cria uma tensão para preencher os espaços que sobram da parada trama principal – e criar antipatia imediata pela nova médica.

Avaliação: 2 de 5.

Ruim (2/5)


S02E02: Onde Mora o Silêncio – Durante a exploração de um local nunca antes visitado a Enterprise encontra um fenômeno jamais antes observado. Adoro essas sinopses, e este capítulo tem cara e alma da série Clássica, algo sempre positivo. O tal fenômeno trata-se de uma anomalia que encobre a nave em uma total escuridão infinita.

Com exceção de um teaser despropositado de Riker e Worf brincando no holodeck, a primeira metade do episódio é bastante interessante, gostei particularmente de como os personagens ignoram o perigo latente pela oportunidade de explorar. Depois o mistério vai se tornando mais complexo conforme outras coisas começam a aparecer dentro daquele vazio.

Entretanto, a amarração final parece fazer parte de outra história. Por exemplo, Qual era a conexão entre os objetivos daquela entidade com a nave psicodélica com corredores e salas em loop? Quando já no terço final, há uma explicação do que a coisa queria, tudo fica meio apressado e mal tratado. Desde uma morte completamente fútil de um redshirt até um clássico discurso de Picard que, se bonito – inclusive foi citado no velório de Gene Roddeberry – dificilmente cola como resolução do problema: seria necessário a morte de 2/3 da tripulação ou só uma única boa conversa?

Destaque para a manifestação totalmente assustadora de seu “rosto”.

Avaliação: 2.5 de 5.

Mediano (2,5/5)


S02E03: Elementar, meu caro Data – Sem muita coisa para fazer até o encontro marcado para 3 dias com a USS Victory, nossos heróis decidem passar o tempo brincando no holodeck. Fascinado por Sherlock Holmes, Data recebe a ajuda de La Forge e da Dra. Pulaski para criar um mistério e um vilão capazes de derrotar o androide.

Confesso que, como qualquer episódio de holodeck, fui de extrema má vontade encarar este aqui. E, de fato, o início começa bastante devagar com o climinha típico desses episódios, com os personagens se atrapalhando e brincando com a tecnologia da época, ou com os “NPCs” bobinhos de sempre. Felizmente, as coisas tomam um caminho mais interessante com o surgimento do Professor Moriarty.

Como não poderia ser diferente, o roteiro sempre se enrola para explicar e manter a lógica interna desse dispositivo: destruir os holo-emissores só seria possível matando quem está dentro do brinquedo, ou então ver um papel que é capaz de sair do local e viajar pela nave… mas o núcleo central da história, com o comportamento do personagem que devagar vai compreendendo onde está, é bem interessante e rende um final comovente.

Avaliação: 3 de 5.

Bom (3/5)


S02E04: O Audacioso Okona – A Enterprise decide ajudar um pequeno cargueiro que está se arrastando pelo espaço. No comando dele está Okona, um estereotipo de cafajeste do bem, que rapidamente conquista toda a tripulação da nave com sua simpatia. Enquanto isso, Data começa sua incansável busca pelo senso de humor.

Se tem uma coisa que você perde a paciência longo da vida de TNG é esse arco de Data atrás da comédia, vai até os filmes. Que saco. Esta primeira introdução ao tema é até razoável, ajudada pela grande presença de tela de Whoopi Goldberg. Mesmo discreta, é anos-luz a frente dos demais atores – com a exceção de Stewart, claro. Preciso admitir que puxei um sorriso em um momento; mas essas interações do Holodeck com a cultura americana soam muito provincianas para mim. Questão pessoal, todavia.

O arco principal de Okona tem seu charme, com o destaques de reunir futuras celebridades em papéis iniciantes. Apesar dele incorporar todos os clichês possíveis em seu estereotipo de cafajeste adorável, a história cria um arco bonitinho e razoável ao contrapô-lo com a rigidez da Frota (e acredito que faz uma rima boa, nesse momento, com a falta de humor de Data).

Avaliação: 3 de 5.

Bom (3/5)


S02E05: O som do silêncio – A Enterprise está transportando um importante emissário que está incumbido de realizar negociações de paz e um planeta devastado por uma longa guerra civil. Entretanto, ele possui uma característica especial: por ser surdo, ele se comunica telepaticamente com três interpretes que o acompanham.

Se esta história aqui fosse um livro de Artur Clarke, seria aclamada com uma das maiores obras de todos os tempos da ficção científica. Infelizmente está nesta temporada fraca e tão odiada pelos fãs e por estar perdida num seriado dos anos 80, e sua estética tão datada – a maquiagem dos alienígenas é especialmente péssima – dificilmente terá o reconhecimento merecido.

Entretanto, o enredo é muito criativo, como a questão de um interprete para cada sentimento, e, da metade para o final, extremamente sensível. Com destaque para o ator de Riva, um pessoa realmente surda. As coisas começam meio extravagantes, com o “coro” de intérpretes, e mesmo a postura do personagem, bastante soberbo. Todavia, uma reviravolta é capaz de revigorar de tal forma o negociador, que contagia todos os demais personagens: a conselheira Troi, que, genuinamente se torna uma amiga, e não apenas um interesse romântico dele; além de Data e de Picard, em um diálogo especialmente comovente em que ele consola Riva pela perda sofrida. Uma joia perdida neste começo tão difícil de TNG.

Avaliação: 5 de 5.

Excelente (5/5)


S02E06: O homem esquizoide – A Enterprise está em missão de tentar contato com um renomado cientista, que vivia isolado há décadas mas recentemente enviou um pedido de socorro. Este homem vive com sua jovem assistente e reivindica ser “avô” de Data, pois teria sido professor de seu criador, o doutor Soong.

Agora já temos um capítulo que lembra a série original em um mau sentido; um cientista isolado que vive sozinho com uma jovem e bela assistente, e é movido por seu desejo por ela. Bom, não era exatamente isso, o próprio roteiro que decide focar apenas nessa questão – tem a ver com a ideia original que foi exprimida aqui (e era muito interessante com Data carregando as memórias, incluindo os romances, dos colonos encontrados no início dos episódio).

Para além das motivações torpes, o capítulo também não conta com uma pseudo-ciência sólida: a “transferência de consciência” é um conceito denso demais para se tratar assim (e ainda teria sido um improviso do personagem ao encontrar Data), como também não bate com o final – que seria o plano original do cientista – de um mero armazenamento. Ainda temos a Conselheira “sentindo” telepaticamente Data ou mesmo o problemático relacionamento entre o cientista a assistente que ele praticamente mantinha em cativeiro desde criança e alega ver como filha. Um episódio que já era complicado e a idade apenas agravou.

Avaliação: 0.5 de 5.

Horrível (0,5/5)


S02E07: Seleção Artificial – A dra. Pulaski está em perspectiva por parte do capitão Picard, que não se sente muito a vontade com a nova médica chefe da nave. A missão envolvendo ajudar a estação Índia, na qual são realizadas pesquisas genéticas, pode se mostrar valiosa na avaliação do capitão sobre sua nova tripulante. Entretanto, já no caminho, descobrirmos a USS Lantree, uma nave na qual todos morreram de um súbito envelhecimento instantâneo.

Impressionante como Jornada nas Estrelas nunca consegue ir bem em episódios envolvendo envelhecimento – coisa que eu chuto ser característico da cultura americana. Aqui nem tanto é dado destaque negativo a questão da idade, ao menos, pois provavelmente seria um retrato de pessoas senis e débeis. Por outro lado, o que temos em troca uma bobagem só, que faz muito pouco sentido.

Em nenhum momento foi feita a conclusão mais óbvia, das “crianças” com corpos de adulto e o envelhecimento precoce, impressionante este ponto cego, parece que os personagens não estão enxergando as coisas como os espectadores. E onde que deveria ter se encaixado a questão da telepatia?

Ainda há uma justificativa de um sistema imunológico que “sai do corpo” para caçar doenças no ambiente, e uma resolução que envolve meio que usar backup arquivos salvos de pessoas no transporte e poderia render discussões intermináveis sobre a real existência ou identidade daqueles seres humanos. Nada tem pé ou cabeça aqui; provavelmente o roteiro mais mal escrito de TNG. Mas eu gostei do arco de Pulaski, que se arrisca e lida com as conseqüências, e salva um pouco essa bobajada.

Avaliação: 1.5 de 5.

Muito Ruim(1,5/5)


S02E08: Uma questão de honra – A Enterprise participará de um programa de troca de oficiais: após receber o alferes benzita Mendon, a Federação enviará o comandante Riker para servir como primeiro oficial da nave Klingon Pagh.

Fiquei surpreso, ao rever agora este episódio, pelo quanto demora para de fato ocorrer a troca de oficiais, e não me lembrava do benzita que vem para a Enterprise. Nesse sentido, o plano geral fica capenga: onde foi parar primeiro oficial da Pagh? Ou só injetaram Riker na cadeia de comando? Não faria mais sentido troca dos imediatos entre as duas naves? Poderia ser tudo mais bem encaixadinho, mas o prejuízo é pouco e este episódio se torna importante, assim como O Âmago da Glória, da temporada passada, em estabelecer essa nova identidade dos Klingon, ainda em estágios iniciais de desenvolvimento. A questões da comida, do humor entre eles, e, até mesmo, esta é a primeira vez em que surge o vinho de sangue, por exemplo.

O capítulo menos ambicioso do que poderia ter sido: pela sinopse imaginaríamos alguma trama mais complexa ou densa, mas tudo se resume a uma seqüência de mal entendidos. Olhando de hoje não fica tão interessante, pois a identidade dos alienígenas se tornou muito consolidada, mas teve seu valor no período e a saída para solucionar tudo é bem conectada com o resto do episódio.

Avaliação: 3.5 de 5.

Bom (3,5/5)


S02E09: O Valor de um homem – Data recebe uma ordem de transferência para ficar sob as ordens do Comandante Maddox e ajudá-lo em sua pesquisa; o detalhe do trabalho deste cientista é que ele se baseia em desmontar Data para tentar construir outros androides. Após recusar-se a fazer parte da pesquisa, Data é obrigado a provar diante de uma corte seus direitos como ser senciente.

Este é o primeiro grande episódio de A Nova Geração, o primeiro a levantar questões mais filosóficas e o faz justamente a partir do personagem mais exótico do novo elenco. Olhando a partir de hoje, é possível encontrar algumas arestas mal aparadas do roteiro, em especial no diálogos; algumas coisas são muito súbitas para a complexidade suscitada, como a brilhante resposta de Data sobre o visor de Geordi, ou mesmo a densa alegoria sobre a escravidão; que merecia ter uma introdução mais refinada.

No geral, acho que o episódio é um pouco curto para sua proposta, em especial o destaque dado ao próprio Data durante o julgamento; tanto seu depoimento para Riker, quanto o para Picard, poderiam durar mais e ter mais impacto – segundo a roteirista original, o capítulo não é sobre o androide e sim sobre o capitão, aliás. Ainda assim, é um dos episódios mais importantes, e marcou época, pois foi a primeira vez que o assunto da humanidade de Data foi abordado de frente, algo que já era provocado há a muito, e se intensificou desde a chegada da Dra. Pulaski,

Avaliação: 4.5 de 5.

Muito Bom (4,5/5)


S02E10: A Herdeira – A Enterprise recebe a missão de escoltar uma importante política: a jovem Salia é filha de um casal que incluía os dois líderes de dois grupos em uma guerra civil interminável em seu planeta natal. Criada longe da guerra, retornará ao lar para por fim ao conflito e nossos estimados heróis desejam recebê-la da melhor forma o possível na nave, entretanto, sua tutora não quer que ela tenha contato algum com a tripulação e, em especial, com Wesley Crusher.

Apesar dessa intrigante sinopse e origem da passageira, é um capítulo em que praticamente nada acontece. O mistério é depositado na real identidade de Salia e Anya, as duas viajantes, entretanto isso não tem relação alguma com o resto do episódio. O drama é em relação ao primeiro amor alienígena de Wesley, mas, da forma como foi realizado, poderiam ser qualquer outro plano de fundo desde que houvesse uma bela jovem e uma tirana figura paterna que transformasse o romance em amor proibido.

Nem o background envolvendo o planeta de Salia, nem os misteriosos poderes da dupla – já que as identidades eram reais – interferem na história bonitinha desse romance adolescente.

Avaliação: 1.5 de 5.

Ruim (1,5/5)


S02E11: Contágio – Nossos heróis correm para ajudar a USS Yamato, uma nave irmã da Enterprise, que vem sofrendo de seguidos problemas mecânicos est arriscada de ficar indefesa em plena Zona Neutra. Uma vez as naves reunidas, Picard descobre a missão que o outro capitão estava perseguindo e também teme pelo bom funcionamento da sua nave.

O episódio é muito marcante por introduzir os Iconians, uma das raças antigas mais importantes de Jornada nas Estrelas. Apesar de serem mencionados apenas aqui e em um capítulo de DS9, popularizaram-se muito em materiais do universo expandido e no jogo Star Trek Online. Gostaria de mais lore sobre essa civilização antiga, mas o roteiro compensa o desenvolvimento menor do passado iconiano a partir de uma trama que entrelaça as descobertas científicas e históricas dessa missão com uma intriga política envolvendo os romulanos.

Há algumas decisivas conveniências nessa aventura que pedem boa vontade do espectador, como os romulanos nunca terem investigado essa planeta antes; a capacidade de Data de desvendar uma língua antiga – essa sequência de episódios pesa a mão nos superpoderes do androide – e o portal estar ligado as duas naves, mas nada prejudica muito.

O que, definitivamente, sim, interfere e puxa o capítulo para baixo é a resolução para os problemas técnicos da nave e de Data – era só ligar e desligar de novo, coisa que até um atendente de call center saberia como resolver para restabelecer sua internet.

Avaliação: 4 de 5.

Muito Bom (4/5)


S02E12: Hotel Royale – Investigando despretensiosamente um planeta com clássicas “leituras estranhas”, a Enterprise descobre destroços de uma nave terrestre do século XXI em um local totalmente inóspito, com direito a tempestades de amônia e temperatura abaixo do zero absoluto. E não somente isto, mas também há uma pequena estrutura com atmosfera respirável, o que é investigado por uma equipe de campo.

Há vários bons conceitos espalhados por aqui, como o uso do livro pelos alienígenas; a forma como é possível “terminar” o enredo e; em especial, gostei muito da ironia de ser um péssimo livro. Este é um dos primeiros roteiros concebidos por Tracy Tormé em TNG, o criador de Sliders: Dimensões Paralelas, e, ao mesmo tempo, um dos últimos dele a serem filmados, devido a sua saída após divergências dele com a produção ao final da temporada, referentes às alterações em suas ideias.

E essas alterações podem ser percebidas pelo espectador, quando é apresentado o diário de um falecido. Naquela escrita há uma direção muito mais sombria ao episódio – na visão de Tormé existiria alguns paralelos com A Jaula, de TOS – mas que toma uma opção totalmente oposta, de abordar a estória como uma comédia, sem sucesso em ambos os caminhos. No final, as coisas se resolvem, novamente, a partir dos superpoderes de Data e o capítulo tem cara de uma fraca história de holodeck.

Avaliação: 2 de 5.

Ruim (2/5)


S02E13: Tempo ao quadrado – Uma pequena nave auxiliar é encontrada a deriva no espaço, algo inexplicável, pois não há naves da federação na região, e que fica mais complexo ainda, pois dentro dela é encontrado ninguém menos que o próprio capitão Picard.

A principal característica do episódio é que as coisas incompreensíveis continuam se acumulando cada vez mais. Há um curioso mistério não apenas da viagem no tempo, mas do fato do capitão abandonar a nave a sua destruição, e que incomoda profundamente o personagem. Aliás, a explicação para esse mistério é a única coisa que faz sentido por aqui.

De resto é uma loucura completa: um vórtex aparece do nada, uma entidade aleatória sem explicação atira raios no capitão, entrar no buraco negro é mais efetivo que sair, a viagem no tempo não é explicada, depois a viagem no tempo é desfeita após um personagem matar a si mesmo… definitivamente um dos roteiros mais mal escritos de toda TNG.

Avaliação: 1 de 5.

S02E14: O fator Ícaro – O grande dia chegou: o Comandante Riker será promovido a capitão e receberá o comando da Aries. A sua futura nave seguirá aos confins da galáxia em uma missão muito complexa, e para tal, a Federação envia um consultor para realizar uma apresentação sobre o problema, e este é seu pai, Kyle Riker.

O drama de Riker, um personagem virtualmente sem defeitos, com seu pai é muito importante para dar a ele uma tridimensionalidade; e em um momento oportuno: ele precisa tomar uma decisão irreversível sobre seu futuro. Mas as coisas simplesmente não funcionam; o ideal era ter alguma conexão entre as coisas – a missão, a promoção, e a relação de Riker com o pai – mas não há ligação alguma, poderia ser qualquer motivo para a visita paterna e aconteceriam os mesmos diálogos e dilemas.

O pai poderia desconfiar do filho sobre ele ter sucesso na missão, ou o contrário, alegar que arrumou a missão e a promoção para se reaproximar, por exemplo. Mas no final, eles tem um momento juntos – não relacionado ao tema do episódio – e tudo se resolve magicamente, incluindo a decisão de Riker em permanecer na Enterprise, sem relação com o drama paterno.

Há ainda um enredo B sobre o comportamento de Worf que também é bastante desorientado; no começo, parece que tem algo a ver com a saída do primeiro oficial; depois poderia ser uma deixa para aproximação entre ele e o Wesley – e no final não é nada demais, ele está bravo com uma questão dele e as coisas se resolvem no holodeck. Um episódio com nobres intenções mas não chega “lá” em nenhuma delas.

Avaliação: 2 de 5.

S02E15: Correspondentes – Durante observações de um misterioso fenômeno geológico que está dizimando vários planetas de um sistema, o alferes Crusher terá o desafio de liderar sua primeira missão, em uma equipe composta de veteranos. Enquanto isso, Data encontra transmissões vindas de um dos planetas sofrendo com estes efeitos devastadores.

A primeira metade deste episódio provavelmente é uma das mais chatas de toda TNG e que contribuem para toda a raiva depositada em Wesley. O Capitão convoca uma reunião com os seu estado-maior para discutir a carreira do jovem que é uma criança, mas também um adolescente, e também um adulto capaz de liderar missões; depois disso temos interações dele com a equipe que ele deverá liderar, que até são verossímeis, mas chatas e sem um real confronto que motiva a história.

Curiosamente, a impressão é o roteiro desiste subitamente desse enredo quando os demais oficiais passam a aceitar normalmente uma ordem de Wesley e não há mais conflito. Então, deposita-se a energia numa trama de fundo sobre Data, e esta se torna a principal do episódio. Que, por sua vez, rende um importante diálogo sobre a Primeira Diretriz, interessante de se assistir, mas também capenga.

Se por um lado temos válidos argumentos da capacidade de uma civilização pedir ajuda valida a interferência na situação – que, por exemplo, seria um argumento no debate sobre Caro Doutor, de ENT – temos outro, que fala sobre um “plano cósmico”, bastante estranho para Jornada nas Estrelas. Apesar de bem costurada a relação entre uma trama e outra, as coisas se atropelam e, de repente, a moral da história é uma terceira linha narrativa, que gira em torno de Data aprendendo a ter empatia e amizade, coisa que cai de paraquedas – ainda que também seja interessante.

Infelizmente, este capítulo mal delimitado faz com que sejam desperdiçadas bons argumentos e oportunidades.

Avaliação: 2.5 de 5.

S02E16: Q quem? – O todo-poderoso Q é expulso de sua comunidade de deuses após suas desventuras da temporada passada; buscando um lugar para viver, ele deseja integrar a tripulação da Enterprise. Após a óbvia recusa de Picard, a entidade decide mostrar que é, sim, necessário para a nave. E ele faz isso ao colocar nossos heróis diante do mais ameaçador inimigo jamais enfrentado pela tripulação.

Um dos episódios mais famosos e importantes de Jornada nas Estrela, já começa de uma forma absurda (e excelente) que eu mal me lembrava: o confronto com os Borg é apenas um capricho de Q. Com o passar dos anos, uma série de motivos é estabelecida e dá mais substância a essa raça que se tornou a maior ameaça de todas as série, algo necessário, mas aqui é uma coisa assombroso que ocorre simplesmente por imaturidade de um “Deus”.

(Há outra introdução mais sutil, mas não menos interessante, da importância da espécie de Guinan e sua relação hostil com os Q.)

A estória é capaz de colocar uma ameaça tão grande de forma tão “leve” e condizente com a pegada de TNG naquele momento, e capaz de encerrar em si mesma, sem deixar muitas pontas soltas – elas acabam acontecendo mais por culpa do desenvolvimento posterior do lore dos borgs – em um episodio praticamente sem defeitos.

Avaliação: 5 de 5.

S02E17: O bom samaritano – O capitão Picard é obrigado a se ausentar da sua nave para realizar um procedimento médico que ele deseja manter em segredo. Sob o comando de Riker, a Enterprise atende o pedido de socorro de uma tripulação de Pakleds, uma raça bastante limitada intelectualmente.

Um capítulo que teria tudo para ser completamente esquecido, não fosse Lower Decks utilizar esta espécie totalmente burra como seus antagonistas principais – uma boa piada. O único ponto muito bom é a “confissão” de Picard sobre seu passado não tão exemplar e como ele encara tudo o que houve – algo que, por sua vez, é o foco de outro capítulo muito superior, Tapestry, na sexta temporada.

Por aqui os eventos sempre parecem serem forçados goela abaixo: Picard quer fazer o procedimento em outro lugar porque sim; Wesley vai fazer os exames lá porque sim (algo que, na temporada anterior, foi foco de outro capítulo); é necessário fazer esse trajeto de minutos em Dobra numa nave em impulso por horas porque sim; Riker decide ignorar todos os avisos da sua tripulação porque sim, o procedimento de Picard dá um problema porque sim, ninguém sabe resolver a cirurgia porque sim, e a doutora Pulaski precisa socorrê-lo porque sim

Nada convence, e o episódio, que tem a ambição de ser cômico, é engraçado apenas involuntariamente, e chato a maior parte do tempo.

Avaliação: 2 de 5.

S02E18: A Espiral da Vida – A Federação captou sinais muito antigos de socorro, e a Enterprise é enviada para investigar esse SOS bicentenário – provavelmente enviado por uma missão colonizadora de 200 anos atrás, composta de dois grupos, um desejando viver sem tecnologia e outro com tecnologia de ponta.

Uma coisa ou outra acontece, e de repente temos mensagens pró e contra aborto, homicídios, xenofobia, machismo, racismo e preconceitos em geral.

Para além desses problemas, já partimos de premissas extremamente confusas, com uma missão colonizadora envolvendo grupos totalmente opostos, algo que nem os personagens entendem muito bem; e a coisa já desanda desde o começo quando somos apresentados a uma sociedade “jeca”, extremamente estereotipada para os irlandeses, que causou até mal estar entre os atores com essa ascendência, incluindo um irlandês, Colm Meaney (O’brian).

Depois dessa tentativa de ser cômica, somos jogados a uma outra trama, que se propõe muito ambiciosa, referente a clonagem e direito a vida (e suscitou um debate sobre aborto), que tropeça nas próprias pernas e termina com os protagonistas assassinado a si mesmos. Costurando as duas coisas, temos uma mensagem final extremamente machista na qual as mulheres serão obrigadas a terem filhos de pais diferentes para perpetuação da espécie – e o pior de tudo é que, nitidamente, o roteiro se acha extremamente inteligente e científico.

Avaliação: 0 de 5.

S02E19: Temporada de Caça – A Enterprise está encarregada de transportar dignatários diplomáticos para uma importante conferência. Após pegar alguns seres de uma estranha raça aquática, nossos heróis também são obrigados a dar carona para a representante betazoide, a famigerada mãe da conselheira Troi.

Um capítulo que consegue reunir duas das piores coisas que TNG tem a oferecer: holodeck e Lwaxana Troi. E o pior de tudo que foi algo imposto pelos chefes para a produção, de modo a possibilitar o retorno de Majel Barrett como protagonista de uma história, algo que depois foi o estopim da saída de membros da equipe criativa que tinham suas ideias constantemente alteradas pelo showrunner Maurice Hurley.

E nitidamente o episódio inteiro só existe para a personagem, péssima, poder aparecer e ser o centro das atenções, nada de interessante acontece e tudo precisa girar em torno dela. Ela precisa ir atrás de parceiros, ela marca os encontros, ela lê as mentes e faz as piadinhas para todos parecem bobos, ela descobre sei lá o que sobre uma conspiração no encontro diplomático que jamais havia sido mencionada até então… temos uma uma total perda de tempo.

Avaliação: 1 de 5.

S02E20: A Emissária – Uma missão mais-que-urgente é apresentada para a Enterprise: uma nave Klingon em missão secreta está perdida no tempo e no espaço; lançada cem anos antes, contém uma tripulação adormecida que não sabe que “agora” há paz com a Federação. É preciso alcançá-la antes que eles despertem e passem a atacar colônias desprotegidas no setor, para isso receberão a ajuda de uma oficial Klingon – que, por acaso, é uma antiga namorada de Worf.

Provavelmente um dos inícios de episódios mais legais de toda TNG, repleto de atenção e antecipação, com o conceito desse transporte de urgência através de um torpedo, a missão que ninguém pode falar nada… e com um dos finais mais bacanas também, com o subterfúgio para enganar a tripulação inimiga – o que o pessoal do podcast Seção 31 chamou de “O Ardil Carbonite de Worf.”

Infelizmente, o episódio é preenchido por um miolo muito chato sobre o romance de Worf. Não em trama, porque este amor terá implicações importantíssimas no seriado, e contém bons diálogos, que conseguem explicar a situação – eles não chegaram a fazer sexo no flerte anterior – sem ser explícito, mas chato em ritmo. Há uma tentativa de criar uma tensão a partir de uma luta no holodeck, mas com fantasias e coreografias muito ruins, causa apenas embaraço.

Avaliação: 3.5 de 5.

S02E21: Jogos de guerra – Após tomar conhecimento da ameaça Borg, a Federação decide implantar programas de aperfeiçoamento de combate entre seus oficiais para enfrentar os novos inimigos. A Enterprise é a primeira nave a participar dos jogos de guerra, ao confrontar 50 de seus tripulantes, liderados por Riker, no comando da USS Hathaway, uma embarcação desativada há décadas.

Uma proposta bem interessante, que, novamente, começa de forma legal e também termina de forma satisfatória, e, entretanto, o desenrolar do episódio faz pouco sentido mais uma vez. Qual era o propósito, testar quem estava na Enterprise ou quem estava na Hathaway? O que eu havia entendido seria forçar a equipe que ficar na nave mais velha a enfrentar um inimigo superior, certo, mas então por que havia toda essa aura do organizador em torcer para que as coisas deem errado? Depois, o roteiro parece que não sabia exatamente como resolver o próprio dilema e passou a permitir que os personagens trapaceassem – e ai, no caso, dando razão ao estrategista – o que faz todo o exercício ser inútil. Destaco o fato de saber, de antemão, um código secreto do adversário seria algo totalmente idiota como preparação para um inimigo desconhecido.

A questão final, com um confronto real, era de certa forma até previsível mas foi legal e fechou bem o episódio. Muito embora o que, ao meu ver, roubou a cena foi a trama paralela da “fossa” em que Data ficou em suas disputas com o arrogante organizador, achei bem sensível a apreensão do androide e seu questionamento pessoal.

Avaliação: 3 de 5.

S02E22: Nuances do Passado – Gente, percebemos que a situação estava muito complicada para TNG quando vemos que já na segunda temporada temos um clipshow (episódio construído a partir do reuso de cenas de outros capítulos já exibidos). Saber que Jornada nas Estrelas sobreviveu a isso é algo heroico.

Nesta estória, Riker é “picado” por uma árvore venenosa na superfície de um planeta recém descoberto. O “veneno” na planta é capaz de se espalhar e se integrar ao sistema nervoso do hospedeiro, sendo fatal e virtualmente impossível de se combater sem levá-lo a morte. Por sorte, na Enterprise existe uma máquina capaz de fazer uma pessoa sonhar (e manipular os sonhos) e, assim, manter Riker vivo.

Nem tente entender. O episódio até que começa bem, com um bom ar de tensão, e tem algumas coisas boas, como a conselheira Troi reagindo aos sentimentos sonhados por Riker, algo comovente; mas de resto é muito fraco. Apesar existir uma historinha por trás das lembranças, dando uma coerência para a clipagem, a escolha não é lá muito bem feita, não são exatamente os melhores ou mais marcantes momentos vividos por Riker que são selecionados – e alguns ele nem presenciou.

Quase nada faz sentido ou convence, e a todo momento sabemos que o que está se passando é pura e simplesmente economia de orçamento – e, sim, foi esse o caso.

Avaliação: 1 de 5.

Jornada nas Estrelas: A Nova Geração


Últimos Posts

Condição Artificial

Livre de todas suas amarras, o robôssassino vai atrás de entender seu passado. A novidade agora é sua interação com outros robôs e androides.

Lênin: uma introdução

Faz um esforço enorme de condensar vida e obra de Lênin em um livro de bolso; mas, ainda que seja uma boa introdução, oscila muito entre uma abordagem e outra, entre sua produção textual e eventos que ele participara.

Publicado por Lucas Palma

Paulistano, desde que me lembro por gente fascinado pelas possibilidades do futuro, em games, filmes e seriados, herança paterna e materna. Para surpresa geral, ao final da juventude descobri fascínio também justamente pelo oposto, me graduando e mestrando em História, pela Universidade Federal de São Paulo. Sou autor de Palavras de Revolução e Guerra: Discursos da Imprensa Paulista em 1932.

2 comentários em “Jornada nas Estrelas: A Nova Geração – 2ª Temporada – Lista de Epiódios

Deixe um comentário