O Fim da Infância – Arthur C. Clarke
Tradução: Carlos Ângelo e Carlos Orsi – Editora Aleph
Data dE Lançamento: 1953 – Minha Edição: 2010 (2ª) – 319 páginas
Escrito em conjunto com Paulo Freire, esta obra de pedagogia derrubou fronteiras quando sugeriu… brincadeira. Aqui estamos diante de outro clássico do autor de 2001. A Terra é invadida por alienígenas! Mas alienígenas do bem. Ou mais ou menos isso. Bom, ninguém sabe.
Diversas naves gigantescas pairam sobre os céus das principais cidades da Terra ao final do século XX, desativando todos os satélites militares colocados em órbita pelos Estados Unidos e União Soviética. Os seres que a tripulam entram em contato e avisam que supervisionarão nosso planeta quanto à exploração espacial, enquanto isso, a humanidade terá liberdade para prosseguir seu desenvolvimento natural interno.
E de fato, os alienígenas não interferem em nenhum assunto terrestre – com duas exceções, na África do Sul e na Espanha – e o planeta acaba se acalmando a partir de um intercâmbio muito vantajoso para nós. O pequeno detalhe é que os “Supervisores”, como eles se auto intitularam, nunca se mostram para os humanos, apenas falam por transmissões e se reúnem somente com as autoridades da ONU através de uma divisória opaca.
Mais do que as intenções deles, o que norteia a jornada dos personagens é conhecer a imagem e a natureza dos Supervisores. E aqui a história se desenvolve em três partes, três divisões do texto distintas no tempo: 1) os primeiros anos após a chegada dos alienígenas, onde ainda há muita desconfiança daqueles seres; 2) cinco décadas depois, quando a Terra vive um período de prosperidade geral; e 3) um século afrente, que apesar do desenvolvimento, algumas comunidades estão com uma sensação de estagnação da humanidade
Se o seu primeiro contato com Clarke foi 2001, filme ou livro, e você entendeu muito pouco – o livro é muito mais didático, aviso – pode perder seus preconceitos. Aqui tudo é bem explicadinho, nada fica subentendido, muito menos um bebê gigante entrará na órbita do planeta (embora pode ter algo afim). Isso dá uma sensação de ser uma obra mais simples do gênero e do autor – afinal é uma das primeiras da sua carreira – simples ela é, de fato, embora não a torne menos inteligente. O significado duplo do título é esperto. Essa impressão simplória se deve, creio eu, às respostas dos mistérios serem entregues aos protagonistas já completas.
E mesmo com alguns dos principais mistérios sendo revelados no meio do livro, isso não diminui o ritmo da obra, pelo contrário, te instiga mais, fazendo com que a leitura seja interessante do começo ao fim e o segredo sobre a aparência dos Supervisores valerá cada página.
Muito Bom (4/5)
Um clássico da Ficção, é uma das primeiras obras de clarke e uma das mais simples, tanto em conceitos quanto em narrativa, é tudo detalhadinho e explicadinho demais. Mas. ao mesmo tempo, estruturado em 3 partes distintas de uma cronologia, se trata de uma leitura muito agradável e instigante até o final.
Juventude: o argumento desta obra é realmente de uma época mais jovem de Artur Clarke. O primeiro esboço, no conto “O Anjo da Guarda“, foi escrito em 1946, quando ele tinha 29 anos, mas teve dificuldades para publicá-lo. Após concluir os estudos acadêmicos – paralisados devido à guerra – ele pôde se dedicar melhor e expandiu a obra em um tamanho de romance em 1952, lançado no ano seguinte.
Quando ganhou notoriedade e se tornou mais famoso, ele se sentiu um pouco envergonhado deste livro por ter muito pouco de científico na ficção, sendo mais focado em eventos fantasiosos ou de caráter mais sobrenatural. Em um prefácio, de 2000, que está nesta edição, ele desabafa sobre esse dilema, defendendo O Fim da Infância com unhas e dentes.
Dois inícios: concebida bem no pós-guerra, a obra tem um primeiro capítulo curioso. Não há datas claras no texto, mas por volta de 1975 o homem chegaria à lua e encontraria o Supervisores, entretanto, os primeiros exploradores espaciais têm sobrenome alemão – reflexo da influência dos cientistas nazistas expatriados no programa espacial dos Estados Unidos.
Ele manteve a obra dessa forma, por décadas até decidir atualizar esse início. Ele fez isso em 1989, e quis ousar mais na exploração espacial: desta vez a humanidade encontra os alienígenas ao tentar chegar em Marte. Substituindo também os astronautas alemães por russos que, no clima da Perestroika, estão comemorando a “desestanilização” (democratização) da União Soviética.
Faltou combinar com os russos, literalmente. A URSS não sobreviveu à Perestroika e a emenda saiu pior que o soneto: o novo início do livro acabou ficando ainda mais datado que o original, passado apenas um ano. Diante disso, Clarke se arrependeu de fazer esse tipo de mudança em suas obras e as próximas edições foram revertidas para o começo original, com os alemães na lua.
Extras da edição brasileira: esta edição de 2010 da Aleph possui dois extras; a acima mencionada versão alterada do capítulo inicial, e também o conto original O Anjo da Guarda, publicado em 1950.
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