Jornada nas Estrelas: Enterprise
S04E01: Front Temporal (parte 1) – Enterprise mergulha na Segunda Guerra Mundial. Vamos falar a verdade, é uma época muito surrada para se explorar na Ficção, entretanto, aqui acaba se tornando um cenário competente porque é uma visão não apenas alternativa do conflito, mas com participação alienígena! E completamente conectado com a principal subtrama de ENT, a Guerra Fria Temporal.
Eu amei o visual dos alienígenas, em sua maquiagem, e vestidos de nazistas; gravei totalmente essa imagem, uma das mais marcantes de Jornada nas Estrelas. Os vilões são até mais interessantes que me lembrava, as motivações deles são inteligentes e também improvisadas, uma grande combinação. Infelizmente, a todo ponto temos a sensação de tudo estar caindo de pára-quedas de certa forma, já que são personagens completamente novos numa trama antiga.

Além de bom na arte, o capítulo ainda é bem construído, com as duas partes, Archer e Tripulação, tentando se encontrar e assim montando as peças do quebra cabeça.
Excelente (5/5)
S04E02: Front Temporal (parte 2) – Ainda perdidos no espaço-tempo, nossos heróis precisam resolver esse nó cronológico em que foram enfiados, no presente e no futuro, e derrotar os aliens nazistas. Mais uma vez, os vilões demonstram bastante complexidade e são muito inteligentes – o que, por outro lado, desperta um pouco de raiva de saber que essa será sua única aparição – e os desafios enfrentados são bons e crescentes. A aparição de um antigo antagonista é também bem interessante, especialmente ao vê-lo sem a maquiagem.
Da segunda metade para o final, o capítulo decide focar mais em ação, criando uma sensação de grande batalha. Sendo competente em partes. A batalha aérea é muito legal e uma certa visão da Enterprise sobrevoando uma paisagem é inesquecível; as lutas individuais de Archer são razoáveis também, entretanto, a batalha por fora do complexo foi muito mal dirigida. A geografia da cena, na melhor das hipóteses, é incompreensível; na pior, estavam todos conscientemente lutando em um grande corredor.
Por fim, a resolução é anticlimática por maus motivos. O confronto entre protagonistas e antagonistas, de certa forma, não ocorreu e os efeitos finais, toscos, não fazem jus ao peso do vilão. E, concluindo essa briga na II Guerra Mundial, de forma completamente súbita, a Guerra Fria Temporal é encerrada num passe de mágica. É tão maluco que até os próprios personagens desistem de entender.

Muito Bom (4/5)
S04E03: Lar – Nossos heróis finalmente retornam à Terra (e no século correto) para colher os louros da sua grande vitória contra os Xindi – ou não. Um episódio surpreendentemente maduro, coloca a tripulação da Enterprise em confronto com as repercussões de suas ações não só da última temporada, mas da série como um todo.
Como sempre, focando muito mais no trio principal – com um arco secundário, mas importante, de Phlox – assistimos a comoventes desdobramentos sociais e pessoais dos ocorridos. A Terra não é mais a mesma após os ataques sofridos, e Archer também não. Enquanto isso, T’Pol viaja com Trip para seu planeta natal e precisa acertar as contas com a família – e com à comunidade vulcana. O final é inesperado e merece elogios pela ousadia. Sendo o ponto fraco as seqüências de escalada; ainda que seja uma referência interna de Jornada nas Estrelas são muito chatas.

Bom (3,5/5)
S04E04: Fronteira – Este é o início de quando Enterprise finalmente se encontra na identidade de prequel da série clássica; que será o tom até o final da temporada (e da série). Uma nave Klingon é atacada por humanos (ou quase isso) e o Império não pretende deixar isso sem resposta. Archer convoca mais uma vez a tripulação, agora a partir de uma NX01 completamente renovada, para encontrar os agressores.
O roteiro cria uma história interessante, fazendo a gente mergulhar fundo no Lore de Jornada nas Estrelas, abordando os Melhorados e ainda dando uma passadinha num mercado Orion. Na técnica também é um grande capítulo; muitas próteses e maquiagens para tantos aliens diferentes no mercado, além de uma cena de ação com dezenas de dublês, muito bem coordenados.
Graças a Picard, ficou repetitivo ver Brent Spiner fazendo pontas como cientistas malucos; mas neste momento aqui foi de cair o queixo. A conexão do ancestral de Data com a eugenia, o que conseguiu fazer com que esse capítulo fosse um prequel duplo, de TOS e TNG, foi fantástica – não poderíamos começar de maneira melhor nessa empreitada.
Excelente (5/5)
S04E05: Estação de Refrigeração 12 – Em conjunto com seus filhos adotivos, o doutor Soong ruma à estação homônima onde estão guardados os últimos embriões remanescentes das Guerras Eugênicas. Depois de um episódio mais grandioso em termos de cenários e disputas, aqui o escopo diminui um pouco e vemos um confronto direto entre heróis e vilões.
Para isso, há uma boa preparação para nos aprofundarmos mais na mente dos “melhorados”, quando visitamos o local onde eles foram criados e encontramos um outro personagem por lá. Gostaria que eles fossem um pouco mais tridimensionais. Algo além de brutos inteligentes, pois, diferentemente de Khan, foram criados de forma isolada dos “normais” – o que, aliás, responde parcialmente a dúvida do final de Space Seed (TOS). Inclusive, apenas neste episódio percebi a semelhança entre o ator de Malik e o visual de Ricardo Montalbán em STII, com certeza não foi acidental.

Todo o roteiro se mantém tenso, mérito da direção – que inclusive levou à censura do capítulo em alguns países – em manter os melhorados, se unidimensionais demais pro meu gosto, muito ameaçadores.
Muito Bom (4/5)
S04E06: Os Melhorados – Finalmente de posse de mais outros milhares de embriões remanescentes das Guerras Eugênicas, Soong e seus filhos podem fugir para tentar construir uma sociedade muito mais avançada que a humana… bom, nem todos pensam assim. Mantendo a mesma unidimensionalidade dos episódios anteriores, Malik se torna ainda mais vilanesco e confronta o cientista, e, além disso, planeja uma inteligente forma de exterminar os terrestres para que ele e seus descendentes sejam os únicos humanos da galáxia.

O grande destaque do capítulo é realmente a inteligência da trama do antagonista e sua determinação em realizá-la. Entretanto, temos dois problemas. Um já citado: o retrato inflexível do vilão. Isto até torna suas motivações confusas em certo ponto; ele se opor à realização de mais engenharia genética com os embriões por conta de uma “vontade do criador” não fez o menor sentido.
E, derivado disso, o capítulo se dedicou muito a ser uma homenagem à Ira de Khan, muitos cenários e construções de cenas parecidas. Engessando justamente o personagem de Malik, que acaba assassinando um irmão sem muita razão, e ainda rendendo uma cena final, já dentro da NX01, que foi absolutamente aleatória. Todavia, com um monólogo interessante de Soong e uma tridimensionalidade de Archer em tudo o que houve, aliado ao “plano infalível” de Malik, foi uma boa conclusão para o arco.
Muito Bom (4/5)
S04E07: No Deserto de Vulcano – Para iniciar uma das melhores tramas de Jornada nas Estrelas, a embaixada da Terra em Vulcano é vítima de um atentado terrorista, resultando em muitas mortes. A Enterprise é enviada para lá para representar nosso planeta durante as investigações, e rapidamente são encontradas evidências que apontam para os típicos “suspeitos de sempre”. Neste caso, um grupo dissidente vulcano.
Desconfiados, nossos heróis contam com a ajuda do embaixador Soval e decidem procurar pistas em outros lugares; Archer se junta a T’Pol e decide se aventurar por um local sagrado e místico do planeta. Pela longa e interessante sinopse, já podemos ter idéia que aqui é o lugar de excelentes argumento e roteiro.
É tudo muito bom neste capítulo, desde o começo, embora os efeitos especiais não envelheçam bem. Os diálogos em especial são muito bons e as conexões com outros personagens diversos de ENT e de todo o lore de Star Trek foram ótimos. Particularmente acho desinteressante todo o tempo relacionado à fuga de certo animal, mas serviu aos propósitos de gerar um encontro e assim iniciar esse arco fantástico.
Muito Bom (4,5/5)
S04E08: O Despertar – Descobrimos que Archer está acompanhado após o encontro com Arev por ninguém menos que Surak. Agora ele está com o peso de participar diretamente de mudanças importantes na sociedade vulcana. Enquanto isso, na Enterprise, Trip e Soval continuam tentando entender melhor certas atitudes do governo do planeta.
A trama que se passa na nave se desenvolve surpreendemente bem. Pela primeira vez é possível ver o comandante Tucker agindo como imediato, que seria sua função original. Sóbrio, tomando importantes decisões. Uma pena que os demais tripulantes não tenham espaço nessa trama – nem sei muito bem como poderiam encaixá-los, de toda forma.
No mesmo ritmo, a ação que se desenvolve na superfície é muito boa. O reencontro de T’Pol com T’Less e seus diálogos são interessantes, e quem rouba a cena é a versão jovem de T’Pau. Poucas vezes podemos ver uma encarnação jovem de um personagem clássico tão boa quanto aqui (Pike de DIS e McCoy de ST09, como boas referências), ela está excelente como uma revolucionária – e todo esse prequel da personagem é fabuloso.

Outro ponto alto são as conversas entre Archer e Surak, grandes diálogos, construídos de maneira a explicar muito falando pouco. Fantásticos. Infelizmente, há uma grave conveniência de roteiro que realmente causa um incômodo, quando o capitão faz uma descoberta tão simples sendo que os syrannitas lá estavam há dois anos no mesmo lugar e não foram capazes de tal feito.
Excelente (5/5)
S04E09: Kir’Shara – De posse do mais importante artefato da cultura vulcana, Archer, T’Pau e T’Pol precisam fugir das forças armadas e levar a público sua descoberta; enquanto isso, a Enterprise tenta contato com os andorianos, que se tornaram parte interessada em toda essa história.
Que conclusão! Um desfecho excelente para a um arco tão bom quanto.

Apenas para tirar do caminho alguns desconfortos: as cenas de tortura foram um pouco fora-de-lugar para os personagens envolvidos, mas fizeram sentido; e um grande problema em especial que poderia ser facilmente resolvido, faltou pelo menos um outro personagem do conselho vulcano com falas. Tudo bem que isso multiplica o salário do ator e pela mesma razão o personagem final, de outra raça, precisou ser o mesmo de antes para não estourar o dinheiro reservado para o elenco. Mas em certas cenas gera um mal estar de ver, mais uma vez, pelo terceiro episódio seguido, os mesmos dois personagens debatendo com uma série de dois de paus olhando sem fazer nada. Isso também enfraquece a estória, mesmo eu já sabendo do final, ficava com a impressão que a voz destoante estava sozinha e simplesmente seria ignorada ou detida pelos demais ministros.
Vencidos esses problemas, que seriam decisivos em um episódio menos maravilhoso, é até difícil explicar do porque que tudo foi tão bom; novamente as conexões com os personagens e com a mitologia geral de Jornada nas Estrelas foi fantástica. Do começo ao fim. Temos tudo para todos os gostos: cenas de luta coreografadas (um pouco exageradas), bons diálogos, batalhas espaciais, tramas políticas, desenvolvimento do lore, alegorias sociais, conexões com outro seriados. É a receita perfeita de um episódio de Star Trek.
Excelente (5/5)
S04E10: Dédalo – Levando em conta que os acontecimentos de Lar são muito baseados nas aventuras anteriores da série, este é o primeiro episódio avulso da quarta temporada – e dependendo da sua interpretação, pode ser o primeiro desde a segunda temporada ou pelo menos desde o pavoroso Ordens Médicas do ano anterior – e por isso já entra com uma desvantagem e uma pressão grande. Infelizmente não vive a altura.
Uma espécie de auto plágio de O Computador Supremo (TOS), o que de certo ponto até fortalece o episódio, temos uma história que mergulha profundamente dentro de referências e desenvolvimento interno de Jornada nas Estrelas. É muito interessante conhecer o inventor do teletransporte, especialmente nesta temporada, em que ele começa a ser usado com mais freqüência, e, ainda, é legal também vermos mais do passado de Archer e, mais uma vez, a ambiguidade do personagem. Embora, aqui já resida um ponto fraco: Dr. Emory poderia muito bem ser relacionado a outro personagem secundário tão esquecido da nave, Reed ou Mayweather, por exemplo.
Entretanto, Dédalo parece um pouco perdido; a história trata de um drama pessoal, entretanto a direção é sem direção: a constante falta de luz imita um cenário de terror, mas alguns movimentos de câmeras muito estranhos com close-ups repentinos lembram ação. Enquanto isso, o roteiro não é tão inspirado: o argumento geral do acidente e do porquê a corrente de dados daquela pessoa estar perdida naquele local não convence – e é até controversa. Se não há nenhuma estrela em 100 anos luz, quanto tempo demorou para a NX01 chegar até lá?
Mediano (2,5/5)
S04E11: Observador – Investigando destroços Klingons em um planeta desabitado, uma das equipes de exploração da nave, composta por Hoshi e Trip, acaba trazendo a bordo uma doença fatal para humanos. Mas desde o começo somos apresentado a duas entidades alienígenas, que estão observando como a Enterprise se sairá nessa situação tão adversa.

Funcionando como um bom momento de fôlego para respirarmos entre os grandes-episódios da temporada, em uma história avulsa, ainda temos um capítulo com a participação relevante de vários dos personagens secundários – embora não sejam exatamente eles. O argumento é bem inteligente e nos mantém intrigados por todo o episódio.
Atores, direção e roteiros foram muito bem aqui; por uma característica da estória, os mesmos personagens foram interpretados por vários atores diferentes. E desde as falas, ao posicionamento dos atores e das câmeras, e, claro do talento dos próprios, sempre fica claro quem é quem e isso só é conquistado com muita competência.
Muito Bom (4/5)
S04E12: Babel, ano um – Enterprise, por favor, pare de ser tão maravilhosa. Assim ficará difícil superar seu cancelamento, mesmo 20 anos depois. No planeta de Babel, a Terra servirá de mediadora para uma acordo de paz entre andorianos e tellaritas – disputas comerciais estão rendendo naves perdidas dos dois lados. Entretanto, tudo fica mais difícil quanto o cruzador de um conhecido capitão azul é destruída.
Mais um capítulo seguindo a risca a cartilha de uma grande prequel; aqui ao capítulo Journey to Babel, da série clássica. As referências começam já no nome, assim como o enredo deste aqui tem várias rimas com o daquele; no próprio argumento, que tem muitas similaridades, mas também na direção, tal como a cena da recepção no hangar, aparentemente genérica, mas uma homenagem a uma cena análoga de TOS.
É um episódio que depende muito do mistério acerca das coisas, então se você já sabe o que acontece ele perde um pouco a força, infelizmente. Entretanto, é tudo muito bem construidinho: os ataques, a exploração as intrigas entre as partes. Acredito que ele só perde um pouco com um certo exagero no drama final, apesar do evento ser importante para a seqüência.
Excelente (5/5)
S04E13: Unidos – Na perseguição a misteriosa nave, a tripulação da Enterprise consegue criar um plano para localizar e capturar os inimigos; entretanto, para isso, são necessárias centenas de outras naves envolvidas na caça, coisa que a Terra não é capaz de fazer sozinha. Será que os planetas amigos vão ajudar?

Se formos usar a própria mitologia de Jornada nas Estrelas de referência, este é o capítulo mais importante dentro da sua história, quando a união entre as quatro espécies fundadoras da Federação está em jogo. Apesar da grandiosidade da proposta, o capítulo, na realidade, tem um escopo relativamente pequeno. Os rumos da possível aliança ficaram atrelado às decisões de dois personagens.
É uma boa saída, que acaba focando num enredo muito típico do Classic Trek; alguma tradição obscura de uma civilização alienígena. Essa cultura em questão rende uma boa cena de ação – é muito criativo o método de luta – entretanto, como no arco da reforma vulcana, mais uma vez os humanos ganham um papel central em tudo. O que é justificável e faz perfeito sentido, mas não deixar de criar um certo eco que estamos tão acostumados a ver em produções americanas: os estadunidenses, como seres superiores, tentando lidar com culturas bárbaras.
Que é um pouco o que se passa entre humanos e andorianos/tellaritas aqui. Essa opção estereotipada – da abordagem de culturas não-americanas como selvagens – aliás, rendeu alguns comentários equivocados na crítica do próprio país, comparando os andorianos aos klingons. Afinal, são duas espécies que “gostam de se matar”, nessa linha. É um preciosismo de fã de minha parte, claro, mas serve para ilustrar o quão carregada de estereótipos foi a opção daquela luta mortal.
Ainda assim, o capítulo é competente em conseguir concentrar uma disputa tão importante entre esses planetas num drama individual dos personagens; de forma a não deixar você sentir falta de alguma grande batalha espacial ou de cenas com dezenas de naves, que seria o esperado para a ambição do argumento.
Excelente (5/5)
S04E14: Aenar – Ainda perseguindo a Marauder, nossos heróis, acompanhados de Shran, descobrem que o piloto é andoriano, ou mais ou menos isso. Para entender melhor essa história, eles se dirigem ao planeta natal do comandante aliado, numas de suas regiões mais inóspitas.
O roteiro e argumento são muito interessantes de um ponto de vista de lore do seriado; somos apresentados finalmente à Andoria, conhecemos mais do planeta, sua cultura e até uma nova espécie, que tem um visual fantástico. O fato dele ser um planeta “de gelo”, achei um pouco clichê com relação à pele azul, embora dê mais força ao contraste deles com os vulcanos, deixando ainda mais legal a rivalidade. Entretanto, há alguns tropeços na coerência interna; a relação estabelecida entre os dois povos careceu de mais explicações – assim como seus poderes, caiu tudo meio de paraquedas. O fato deles serem considerados um folclore até algumas décadas antes é ao mesmo tempo legal e confuso, especialmente em relação aos níveis tecnológicos de ambos.

Da mesma forma, os poderes deles são um pouco convenientes; como um determinado personagem dotado de telepatia foi capaz de ser enganado por anos é uma pergunta que ficou na cabeça de todo mundo ao final; a impressão de um Deus Ex Machina (solução externa e súbita) narrativo. Esses furos, aliados ao fato do capítulo funcionar como uma espécie de epílogo dessa trilogia, já que a disputa entre as raças havia sido resolvida no anterior, o enfraquecem um pouco.
(um toque muito legal tanto de Unidos quanto de Aenar é a aparição dos Remanos – há uma cena deletada aqui deles levando alguns romulanos presos).
Bom (3,5/5)
S04E15: Praga – Um momento histórico para a Terra: a segunda nave de dobra 5 está para ser lançada, a NX02 Columbia. Entretanto, tudo isso fica para segundo plano quanto Dr. Phlox é sequestrado em nosso planeta e, ao mesmo tempo, os Klingon conduzem estranhas experiências com sua própria espécie.
A cada capítulo apenas aumenta o ódio do cancelamento da série, que nitidamente está sem seu auge. Mais uma vez atuando como um prequel perfeito da série original, ENT ousa demais para tentar explicar os Klingon de TOS com aparência humana. Sem deixar a peteca cair em nenhum momento, a trama é muito bem amarrada: seus interlúdios acabam sendo preenchidos pela Columbia – e numa abordagem surpreendentemente madura do relacionamento entre Trip e T’Pol.

Roteiro e direção aqui caminham muito bem: o momento em que T’Pol, Reed e Acher examinam o klingon humano fica latente a sensação que os personagens estão testemunhando uma descoberta histórica – não só dentro do canon da série como também do ponto de vista de nós espectadores, que até aquele ponto jamais esperávamos que esse assunto seria abordado.
Muito Bom (4/5)
S04E16: Divergência – A continuação do capítulo anterior começa já lidando com o aspecto menos interessante deste arco, a junção de Star Trek e Velocidade Máxima. Entretanto, era necessário para colocar a Columbia e Trip juntos da Enterprise e pelo menos tira o aspecto menos verossímil logo do começo, e seguimos, então para o resgate de Phlox que está em poder dos Klingon.
Uma determinada fala citando um artigo e uma seção da carta da Frota Estelar causa arrepios; que momento! O capítulo se desenvolve bem, e é muito satisfatório ver duas NX01 em ação, é o ápice do seriado nesse sentido. Enquanto a resolução final se ajusta muito bem, especialmente para encaixar no lore de Jornada nas Estrelas como conclusão dessa estória; entretanto, há um grave furo no roteiro, do porquê Archer entra sozinho em um complexo inimigo – e sem resistência.
Muito Bom (4,5/5)
S04E17: Amarrados – A Enterprise é abordada por um surpreendentemente cortês e honesto Orion, que oferece aos nossos heróis um acordo comercial muito favorável à Terra. Mas, de acordo com a tradição dessa civilização, negócios não podem ser tratados antes da diversão, portanto ele oferece ao capitão um show de três de suas melhores dançarinas.

A partir daí essas três mulheres vão parar dentro da Enterprise e a nave começa a ficar caótica, com algumas tripulantes se sentindo mal e outros… muito bem.
É um capítulo controverso, pois parte de um argumento realmente sexista, entretanto, a tratativa dada a toda a temática não me pareceu ofensiva; apesar de toda a situação envolvendo as personagens, nenhum tripulante chega a assediá-las de alguma forma ou mesmo tratá-las como “fáceis”, entre muitas aspas.
Por outro lado, se tornou um episódio bem querido por funcionar, mais uma vez, como um excelente prequel e homenagem à série original; na qual o conceito da Orion Slave Girl é apresentado exatamente no piloto. Infelizmente, todo esse lore estabelecido dessa espécie tão exótica desaparece em Discovery, onde a antagonista principal é Orion – ao menos, realmente uma mulher está no comando.
Bom (3,5/5)
S04E18: Um reflexo sombrio, parte 1 – O início dos sonhos molhados de qualquer fã. Numa estória criada por Michael Sussman (um trekker que passou a trabalhar com os roteirista do de Star Trek), esta cara conseguiu colocar aqui tudo o que ele queria como sentido de homenagem à Série Original.
O resultado é excelente, desde as primeiras cenas. Tudo é muito feliz (ou infeliz já que estamos falando do universo espelho): o enredo, trilha, direção, roteiro, e, claro, a caracterização invertida dos personagens. Mesmo aqueles que pouco mudaram, há alguns pequenos detalhes, como diferentes cortes ou arrumações de cabelos em alguns deles, que passaram uma imagem completamente diferente.
Aliás, no teaser a primeira vez que eu vi fiquei paralisado mesmo tendo idéia do que se tratava: uma incursão no Universo Espelho dos primórdios do Império Terrestre no espaço, correndo atrás de uma nave humana, aparentemente vinda do futuro, em posse dos Tholians. Diferentemente de qualquer outro episódio referente à essa realidade, este aqui se passa integralmente por lá – o que rende a inteligente piada da abertura diferente. É como se fosse uma série no próprio Universo Espelho – isso é único, até hoje.

Excelente (5/5)
S04E19: Um reflexo sombrio, parte II – Se no capítulo anterior, Sussman conseguiu colocar tudo o que ele queria para homenagear a série original, o cidadão conseguiu enfiar aqui ainda mais coisas; tal como os personagens de ENT vestindo os uniformes da TOS. Nesta segunda parte, comandando a Defiant, o Archer (do espelho) desafia as autoridades do Império Terrestre enquanto lida com traições e rebeliões.
Sendo competente em colocar ainda mais referências, e verdadeiros presentes aos fãs, tem um visual espetacular e, em especial, o capítulo conseguiu criar uma história coesa e interessante – sabendo usar justamente o desconhecido e a imprevisibilidade daquele universo para criar os eventos mais absurdos e sem medo de matar qualquer personagem.
Havia possibilidades de retomada dessa trama do Universo Espelho em uma eventual quinta temporada, por isso alguns personagens ficaram em aberto aqui. Entretanto, neste capítulo já é sentido um pouco de falta de coerência no abuso da maldade daqueles personagens, fica inviável imaginar eles sobrevivendo daquela forma. Isso se torna particularmente intragável em Discovery. Da mesma forma, enfraqueceria exatamente esse fator, de ter licença para fazer o que quiserem com os personagens, já que não são exatamente os mesmos do universo principal.
Excelente (5/5)
S04E20: Demônios – Enquanto a Terra dá os primeiros passos para a construção de uma aliança entre as principais civilizações do quadrante, somos apresentados a uma obscura oposição dentro do nosso planeta, extremamente xenófoba. Eles planejam alguma coisa usando um bebê mestiço de humanos e vulcanos.
Este aqui é o símbolo de Enterprise em seu auge, de qualidade e maturidade: conseguindo manter muito da essência do Classic Trek (a cooperação entre as espécies), ela trabalha também como prequel (as referências ao Coronel Green) mas, a o mesmo tempo, introduzindo temas muito únicos e sombrios (a oposição interna à exploração espacial). Apesar desta última ser realmente enquadrada como vilanesca, há uma certa tridimensionalidade dos personagens e algumas falas, como uma comparação da expansão espacial ao colonialismo, me deixaram pensado.

Mais elogios também devem ser feito em direção ao uso dos personagens secundários, há muito que Mayweather não tinha um tempo tão grande de tela, entretanto, essa subtrama dele com a repórter foi realmente o elo mais fraco. E, sabendo do seu desfecho, desnecessária.
Muito Bom (4,5/5)
S04E21: Terra Prime – Um final do seriado a altura. Apesar de ainda ser exibido mais um capítulo, este é seu desfecho – curiosamente, este e o episódio seguinte foram exibidos no mesmo dia, um em seguida do outro. Os extremistas da organização Terra Prime estão no comando de uma poderosa arma, em Marte, e ameaçam atacar a sede da Frota, na Terra, caso todos os alienígenas não deixem o sistema solar em 24h.
Que obra maravilhosa. Apesar de alguns exageros aqui e acolá, como a terapia genética de um personagem, que contribui apenas para transformá-lo em algo mais caricatural (a sua resposta é ótima, de todo jeito), Terra Prime tem pouquíssimos defeitos – a maioria ligada a trama de Travis e sua ex-namorada, que aqui naufraga completamente, ainda que com menos tempo de tela.
As cenas de lutas não são empolgantes, mas criam uma tensão permanente até os instantes finais. Entretanto, o grande brilho é no drama. Todas as cenas envolvendo a bebê são muito tocantes, a atriz está brilhante como nunca na pele de T’Pol, e até mesmo Trip está bem. Mesmo um romance tão mal gerido ao longo da série, como o deles, consegue ficar muito bem amarrado aqui e genuinamente sentimos a dor de ambos os personagens com a conclusão do capítulo – que é uma das melhores cenas de todas as Jornada nas Estrelas.
Excelente (5/5)
S04E22: Estas são as viagens… – Eu juro que entendi o que eles queriam fazer, mas não dá para defender. Uma espécie de epílogo ao seriado, estamos no século XXIV a bordo da Enterprise D, onde Riker e Troi assistem no holodeck a última missão da Enterprise NX01, nos eventos do episódio Pégaso, da sétima temporada de TNG.
A idéia de ter a NX01 homenageada na era de TNG não é ruim, muito pelo contrário. Entretanto, a execução foi toda errada. O problema mais óbvio é colocar este episódio como o último da série, o que gerou mais uma sensação de epílogo, não de resolução. Mas além disso, há quase nada de salto na trama dos personagens de Enterprise entre os eventos deste capítulo e o anterior. E, ainda, foi um infeliz encaixe na trama da Nova Geração. As duas histórias (a vivida em ENT e a em TNG) não se conversam adequadamente, e muito que bem isso tudo poderia se passar para frente, com Riker já no comando da Titan, ficaria mais orgânico.

Ruim (2/5)
Jornada nas Estrelas: Enterprise
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