ST: Enterprise – 2ª Temporada – Melhor, Pior e Essencial

Jornada nas Estrelas: Enterprise

Melhor Capítulo

O Comunicador – tal como em Caro Doutor, episódios como este, em que as discussões sobre como os personagens poderiam ter abordado melhor a situação são inconclusivas, são sempre destaque na Ficção Científica. Ao deixarem cair um comunicador num planeta pré-dobra, a tripulação da Enterprise tenta consertar o problema mas acaba piorando cada vez mais a situação.

Eu particularmente acho que Archer deixar subentendido que eles eram alienígenas seriam menos danoso para àquela sociedade, mas da mesma maneira, seria uma infração muito mais clara do que viria a ser a Primeira Diretriz. A trama (apesar do atalho de usar um planeta já às vésperas de uma guerra) ainda é muito interessante e movimentada, para além das implicações éticas.

E é um episódio que só poderia acontecer em Enterprise, afinal com o teletransporte melhor desenvolvido, o problema seria facilmente resolvido nos outros seriados, por isso o destaque em relação a Congenitor. Que também é excelente e coloca a tripulação numa saia justa e cria implicações enormes, mas poderia ser realizado em qualquer outra série – e tem uma trama mais parada.

Após uma seqüência horrível de três capítulos, finalmente vêm a seqüência de três muito bons: Estigma, Cessar Fogo e Futuro do Presente, que acaba sendo a única vez que os principais arcos gerais de ENT são abordados aqui. Felizmente todos são muito interessantes – o primeiro um pouco abaixo por conta de um alívio cômico mal posicionado (como sempre), o segundo em um ponto mais intermediário (o argumento é mais interessante que o desenvolvimento), enquanto o terceiro contém grandes batalhas espaciais, ação e tensão para ficar entre os grandes capítulos de Jornada nas Estrelas – seria o terceiro colocado na minha lista.

Episódio 23: Regeneração

Em ação e tensão o destaque também vai para Regeneração, que apesar de ter sido um fanservice, foi muito bem feito e muito cuidadoso – um dos capítulos mais injustiçados da série, e perto da abordagem completamente dispensável dos borg em Picard, deveríamos formar uma fila capaz de dar a volta numa esfera para pedir desculpas à ENT. Enquanto O Sétimo acaba perdendo um pouco por se dedicar menos ao drama do antagonista e mais do de T’Pol, de toda forma é um roteiro muito interessante. Por fim, A Expansão é extremamente competente em dar a tão necessária mudança de tom para Enterprise.

Gostaria que fossem melhores: 1) Onda de Choque pt. 2: se tivessem revelado quem era o Future Guy e uma didática um pouco melhor para explicar as implicações da trama, teria sido fantástico. 2) Ruptura: uma simples alteração no último diálogo, invertendo os papeis de pai e filho, poderia transformar um episódio fraco em um genial. 3) Recompensa: substituindo ou suprimindo toda a história da T’Pol, com uma caracterização mais cômica do antagonista, poderia ter sido muito mais interessante.

Pior Capítulo (hours-concours)

Uma Noite na Enfermaria – Quis tentar fugir do lugar comum de colocar este capítulo como saco de pancadas de Enterprise, mas não tem como, além de fraco reúne muita coisa ruim. Sinceramente não dá pra entender como o roteiro foi aprovado, além de um Archer irreconhecível, ver o médico sugerir que esse comportamento dele seria corrigido com uma boa foda é um nível que poucas vezes vimos em Star Trek.

E, para variar, mais uma vez T’Pol foi o alvo da sexualização. Tudo já seria problemático sozinho, mas ver novamente esse tipo de manobra baixa na ficção científica, quando temos alguma protagonista interpretada por uma atriz atraente, é uma decepção. É tudo tão ruim que coloco ele numa categoria separada.

Episódio 5: Uma noite na enfermaria

Pior Capítulo

Ponto de fuga – Esse capítulo só perde o posto para o anterior porque não tem nada repulsivo, entretanto, é uma das premissas mais babacas de todos os tempos. Ainda que a questão do teletransporte não ser utilizado em ENT por vários motivos ser algo muito interessante, a forma como isso surge aqui é simplesmente idiota. Fui muito ingênuo de ver que seriam abordadas as problemáticas éticas e morais do uso de tal tecnologia; pois o que ela faz é matar a pessoa depois criar uma cópia a partir dos dados coletados.

Bom, esqueça todo esse debate. Nesta idiotice do começo ao fim, Hoshi fica invisível quando a nave está sendo atacada por uma espécie desconhecida – com um plot twist preguiçoso que simplesmente transforma o episódio em apenas 40 minutos perdidos da sua vida, LITERALMENTE. Isso é imperdoável.

Além deles, nesta temporada, que provavelmente foi a pior de todas as Jornadas nas Estrelas, não faltam outros concorrentes. Ele aliás está espremido entre duas outras bombas (com certeza essa seqüência fez muita gente abandonar a série). Singularidade, um autoplágio onde os personagens desenvolvem TOCs de características que eles já têm, mas alguns são curáveis com café sem açúcar, e Carga Preciosa, que transplanta um argumento direto do pior da sessão da tarde dos anos 90. Todas tentativas péssimas de capítulos cômicos, tal como Carbon Creek, que não é tão ruim quanto os demais, mas ainda fraco.

Episódio 10: Ponto de Fuga (Vanish Point)

Ainda temos enredos muito pretensiosos que, por comodidade ou abuso de clichês, naufragaram da mesma forma. Tais como A Ruptura, que lançou de paraquedas várias características sombrias de Phlox para descartá-las da forma mais fácil possível, ou então a tentativa de desenvolver o personagem de Travis, em Horizon, que não abordou absolutamente nada de vários eixos temáticos do piloto da NX01, ficando apenas nos clichês de filho pródigo. Sinais de mediocridade fatais para Enterprise, que teria uma vida tão curta.

Os essenciais

É até uma tarefa fácil filtrar os episódios desta temporada por duas razões claras; a quantidade de capítulos ruins e o pouco que os arcos principais do seriado são abordados. Há apenas um único capítulo regular sobre a Guerra Fria Temporal e um sobre a relação entre Vulcano e Andoria, da mesma forma que os capítulos interconectados entre si não-diretamente desapareceram até o final.

Os poucos envolvidos nos subplots são: Onda de Choque 2, Cessar-Fogo, Futuro do Presente e A Expansão – a exceção do primeiro, são muito bons, apesar do último conter uma boa dose de lorota, já tendo assistido à terceira temporada alguma vez na sua vida.

Episódio 16: Futuro do Presente (Future Tense)

Não ligados diretamente a esses arcos mais delimitados, temos outros que tratam de questões “perenes”, que são gradualmente abordadas ao longo do seriado de forma mais diluída. O desenvolvimento e mudança da cultura vulcana está em O Sétimo e Estigma, dois capítulos muito bons (ainda que com algumas opções narrativas que não os deixem excelentes). A introdução dos romulanos é importante e está em Campo Minado, mais um injustiçado por violações de canon.

O desenvolvimento da Primeira Diretriz e das implicações de interferências em outras culturas, uma marca da série, aqui tem seus melhores episódios, em O Comunicador e Congenitor, indispensáveis. Mais isolados, temos Regeneração (que se torna essencial além da qualidade, para entender a polêmica) e Julgamento, que não é genial, mas é necessário para compreender melhor o últmo episódio da temporada e um desenvolvimento Klingon.

Episódio 7: O Sétimo

Se tiver tempo, dê uma chance a Passarela – que tem uma reviravolta suave mas interessante – e Ponto Morto – que tem uma curiosa pegada mais de filme B de Ficção Científica.

Num bônus, se você quiser entender o porquê do fracasso de Enterprise, temos os essenciais do mal: Uma Noite na Enfermaria, Singularidade, Ponto de Fuga e Carga Preciosa. São péssimos, perda de tempo, eu aviso, mas se você ver um ou dois desses, que mantém um mesmo nível de baixa qualidade, esclarecerá muita coisa.

Onda de Choque (pt 2)BomEssencial
Carbon CreekRuim
Campo MinadoMuito BomEssencial
Ponto MortoBomDaria uma chance
Uma Noite na EnfemariaHorrívelEssencial do mal
SaqueadoresMediano
O SétimoMuito BomMelhores / Essencial
O ComunicadorExcelenteMelhores / Essencial
SingularidadeMuito RuimEssencial do mal
Ponto de FugaHorrívelEssencial do mal
Carga PreciosaMuito RuimEssencial do mal
PassarelaBomDaria uma chance
AmanhecerMediano
EstigmaMuito BomMelhores / Essencial
Cessar-FogoMuito BomMelhores / Essencial
Futuro do PresenteExcelenteMelhores / Essencial
CanamarMediano
A TravessiaBom
JulgamentoMuito BomEssencial
HorizonRuim
A rupturaRuim
CongenitorExcelenteMelhores / Essencial
RegeneraçãoExcelenteMelhores / Essencial
Primeiro VôoMediano
RecompensaMediano
A ExpansãoExcelenteMelhores / Essencial

Jornada nas Estrelas: Enterprise

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Publicado por Lucas Palma

Paulistano, desde que me lembro por gente fascinado pelas possibilidades do futuro, em games, filmes e seriados, herança paterna e materna. Para surpresa geral, ao final da juventude descobri fascínio também justamente pelo oposto, me graduando e mestrando em História, pela Universidade Federal de São Paulo. Sou autor de Palavras de Revolução e Guerra: Discursos da Imprensa Paulista em 1932.

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