Lançamento original: 1957 – Minha Edição: 2013 – Páginas: 264
Recentemente o humorista Marcelo Tas protagonizou um meme involuntário no programa Roda Viva, da TV Cultura de São Paulo. Ao questionar sobre o posicionamento político do colega Marcelo Adnet, ele disse que não seria adequado um humorista ser de esquerda pois os países governados pela esquerda são tristes, citando como exemplo Cuba e China. Acredito que descobri a fonte, atualíssima e comprometida, por sinal, que Tas está usando para se informar.
E é bem interessante como fonte, testemunho, da propaganda política da Guerra Fria. Todos na União Soviética são tristes, não conseguem sorrir, não são capazes de amar, não escolhem a roupa que vestem, não se divertem… é tudo tão absurdo que o autor coloca um aviso na contracapa jurando de pé junto que tudo é baseado em fatos reais.
É bem curioso ver o James Bond nos livros sensivelmente diferente do personagem do cinema; mesmo não sendo o narrador, é um homem muito mais introvertido e observador, mais escuta e reage aos demais personagens que é o centro das atenções. Também é mais “ético” que no cinema, e muito menos mulherengo (neste romance) e inconveniente.

A estória é bem legal; embora algumas coisas exaltando o exótico das localidades (no caso teste, a Turquia) hoje, com abundância de informações e as viagens turísticas algo comum, seriam pouco atraentes e também dificilmente criveis – destacando uma cena em especial de luta entre mulheres nuas numa caverna.
O próprio autor coloca um problemão pra ele, e que demonstra muito talento na escrita pra resolver: a principal revelação da história você já sabe desde o começo. E inclusive o principal vilão, que é descrito nos mínimos detalhes nas primeiras páginas, metade do livro é a preparação para o plano soviético contra Bond – isso quer dizer, surpreendentemente, que muito diferente dos filmes, ele só aparece em metade da obra. Desta forma, a tensão é deslocada para então quando os inimigos vão agir, o que é muito bem feito, quando determinada coisa acontece, por exemplo. Acabei sendo surpreendido por eventos que já sabia que iriam acontecer.
BOM (3/5)
encarando a propaganda anti-comunista como algo de época, é uma leitura prazerosa.
Pitaco: A estória se centra sobre a SMERSH, uma terrível agência soviética destinada a assassinatos de agentes e espiões ocidentais. Tratado como algo covarde e brutal. Ao ler Balas de Washington a SMERSH parece até algo light, em comparação à operações da CIA destinadas a assassinar freias e padres ligados à Teologia da Libertação durante o Governo Nixon, ou a operação Condor, organizada também pela agência americana em cooperação com as inteligências latinas, para assassinar militantes e civis durante as ditaduras militares.
Sobre o autor: Se alguém ainda não sabe, Ian Fleming de fato foi um espião, embora longe do glamour de seus romances. Envolvido com análise de inteligência, raramente indo a campo, algumas das inspirações deles teriam sido de histórias que seus colegas mais ativos se gabavam.