The Expanse
Em uma opção ousada, esta temporada do seriado optou claramente por uma edição dois-em-um. Na realidade, a anterior também se tratou de algo assim, foram cobertos dois dos livros da série a qual a produção se baseia, entretanto, não há cortes muitos drásticos entre um arco e outro – há apenas uma mudança de foco.
Agora aqui, ficou tudo muito claro: há uma drástica mudança entre os episódios 6 e 7 que claramente percebemos o que se passou. Felizmente isso é feito de forma competente, embora seja difícil conter o estranhamento. Apesar de alguns capítulos mais parados após o corte – que por sua vez conseguem introduzir bem novos personagens e núcleos – nos encaminhamos sem delongas para grandes episódios finais.

Finais. Porque raras vezes conseguimos contar com uma série que em uma única temporada é capaz de nos dar dois grandes season finales. Preparar e fechar enredos com muita energia e tensão. E, como a série havia sido cancelada durante aquele ano, os produtores se esforçaram para deixar tudo encaixadinho. Seria um final de seriado muito completo.
O final, além de muito bom, também se torna bem satisfatório com uma aparente conclusão para os arcos principais deixando um “final feliz” em aberto não como gancho, mas como possibilidades de futuro para aquele universo ficcional.
Agradou: divisões internas da Terra, conclusão do arco da protomolécula, condução da OPA, e consistência geral da temporada.
Os pontos altos da primeira metade da temporada ocorrem justamente em momentos de divisões internas entre a política e as forças terrestres. A forma como encontram para encerrar a guerra interplanetária foi excelente; sombria de certa forma como também esperançosa, um habilidoso equilíbrio. Permeado tudo por grandes capítulos repletos de drama, suspense, tensão e ação.

Enquanto essa confusão e motim terrestre ocorrem, a série ao mesmo tempo entrega a conclusão do arco da protomolécula, com os nossos protagonistas perseguindo até o final as cabeças por trás da manipulação daquele organismo para se tornar uma arma. Temos grandes momentos de drama e até gore nesse núcleo, e são os momentos que mais geram empatia conosco; a amizade entre Prax e Amos é um ponto alto.
Já na segunda metade da temporada, o que roubou a cena para mim (e de fato foi o foco da maioria do tempo de tela) foi a forma como a OPA foi retratada. Como em vários exemplos reais de organizações extremistas que tentam funcionar por dentro da lei, ela enfrenta muitas dificuldades, tanto internamente quanto em estrutura.

Essas disputas são encarnadas no relacionamento entre Drummer e Ashford, uma das melhores relações de todo o seriado que faz a personagem da capitã crescer muito e do antigo pirata já se tornar um dos maiores de Expanse logo de cara. O confronto final da temporada é protagonizado pelos dois e é excelente: consegue o raro feito de ser justificável para a duas partes.
Não agradou: começar da metade
Assim como esta aqui, a temporada anterior foi 2 em 1, ou melhor, 1 e meio em 1. Abordando o segundo e o terceiro livros da série, este último ficou pela metade – explicando o season finale menos interessante. Sendo assim, esta aqui começa, na realidade, no meio de uma trama, fechando o que restava do terceiro livro.
Isso é muito sentido no primeiro episódio, bastante fragmentado em vários núcleos agindo aparentemente em sentidos não muito convergentes. Da mesma forma, os capítulos seguintes são bons mas são todos bem devagar, com pouca energia, apenas preparando para os “finais” – finais daquele livro, e metade da temporada.

Ainda há muita confusão sobre o funcionamento da política em todos os núcleos. Se por um lado o secretário-geral parece finalmente assumir seu papel como chefe de estado, qual era então a autoridades dos seus subsecretários? A posterior mudança no ocupante do cargo, que sequer gera outros personagens subsecretários, mantém a abordagem bem preguiçosa da política de seu universo interno.
Mas de qualquer forma, com ambos os season finales muito bons, foi uma grande temporada, minha favorita do seriado até agora.
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