ST: Enterprise – 3ª Temporada (Melhor, Pior e Essencial)

Jornada nas Estrelas: Terceira Temporada


Melhor Episódio

Enterprise² – É muito feliz poder ter dúvidas sobre qual o melhor capítulo escolher nesta temporada após um começo tão difícil de ENT. Aliás, quase todos citados aqui são tão bons quanto este ou até melhores. A decisão sobre Enterprise ao quadrado tem mais a ver com o que ele representou em direção narrativa do seriado, que estava completamente perdida.

A serialização ficou na medida perfeita para Jornada nas Estrelas, um arco principal, com alguns capítulos diretamente continuações uns dos outros, mas com um volume muito grande de estórias capazes de serem únicas e concluídas no mesmo episódio. E² é o melhor exemplo disso, ele está conectado com o arco principal, com o episódio anterior e o seguinte, mas ao tempo mesmo com uma identidade única. Não é simplesmente o capítulo que tal cara matou o outro, ou onde uma batalha ocorreu, como vemos em Game of Thrones ou Battlestar Gallactica por exemplo. É o capítulo onde a NX01 encontra a NX01 do passado. Ou do futuro? Aliás, esta uma dúvida genuinamente dde Ficção Científica. Sendo outro capítulo de destaque pelos mesmos motivos, com um festival de referências feitas de forma correta – não como tais filmes iniciados em 2009 – é Futuro Incerto.

Episódio 8: Futuro Incerto

Enquanto isso, Anomalia é bom, marcante e polêmico, por levar nossos protagonistas a um limite jamais visto em ST (e que esperamos que não se repita), e que cria uma rima com Relatório de Danos, ao final da temporada. É curiosa, aliás, a boa vontade da rapaziada com In the Pale Moonlight (DS9 S06E19) e a má vontade com esse aqui, sendo muito similares nas ações e éticas duvidosas. Campo de Testes trás o primeiro confronto direto entre os humanos e os Xindi, e além disso, coloca o personagem recorrente mais popular de ENT, Shran, na trama da terceira temporada.

Por fim, a sequência final de Enterprise, com um episódio fantástico atrás do o outro, é, talvez, única em Jornada nas Estrelas, ao lado dos finais de Deep Space Nine. Com muito fôlego, mas tirando nosso fôlego. Tivemos Azati Prime e Contagem Regressiva um degrau acima dos demais. O primeiro por infligir uma das maiores derrotas sofridas pelos protagonistas em todas as séries, e o segundo por trazer uma das grandes batalhas num momento de clímax da temporada.

Episódio 18: Azati Prime

Gostaria que fossem melhores: 1) Extinção: gosto demais do argumento desse capítulo, mas ele acaba sendo constrangedor realmente. Uma mudança de foco de capturar dos “mutantes” para o desvendar do mistério em torno da mutação poderia ser uma salvação. 2) Reino Escolhido: com simples alterações nos diálogos, que não banalizassem as questões religiosas, esse capítulo saltaria em qualidade. 3) Incubadora: uma opção menos cômoda em relação à espécie Xindi em questão e um refino da explicação “científica” daria uma profundidade muito maior ao dilema enfrentado.

Pior Episódio

Ordens Médicas – Infelizmente não suporto episódios que são desperdícios de tempo na mais pura essência da coisa; alucinações, enganos, sonhos… para um capítulo assim funcionar, ele precisa trazer alguma coisa que, de outra forma, com recursos narrativos normais você não teria. Normalmente quando isso é feito, o resultado é excelente. Quando não, é pura perda de tempo.

Episódio 16: Ordens Médicas

É exatamente o caso de Ordens Médicas – que, pra ajudar, já era um auto-plágio significativamente inferior de um capítulo recente, à época, de Voyager. O Doutor Phlox acaba assumindo sozinho a responsabilidade do comando da Enterprise; a nave precisa atravessar uma anomalia fatal à biologia humana mas suportável à denobulana (e à canina). Ele então começa a alucinar devido a solidão. E é isso. Sequer há um perigo enfrentado, apenas um contratempo.

Suas visões também são desinteressantes. Ao invés de abordar características intimas do personagem, informações sobre seu passado ou relacionamento com os demais tripulantes, deixando claro a natureza insana da coisa; a opção do roteiro é completamente oposta. Apostam num plot twist de que você não perceba que são alucinações, o que se sustenta muito pouco e força – justamente – a tentar tratar a alucinação o mais real o possível, desperdiçando qualquer oportunidade de aproveitar o potencial do surrealismo da situação.

Episódio 6: Exílio

Por outro lado, achar potencial em Exílio e Raijin é uma tarefa muito difícil, os dois partem de clichês e premissas extremamente surradas. O argumento de a Bela e a Fera no primeiro, e a figura da Femme Fatalle no segundo; enquanto a trama de Hoshi com o ermitão apaixonado é apenas muito chata, a da espiã já vejo um pouco desastrada. Seus “poderes” são mal explicados e o roteiro compromete as motivações dela com uma facilidade tremenda, usando uma espécie de paixonite que ela desenvolve por Archer para abdicar de tudo – ah, faça-me o favor.

Minha teoria é que Raijin é o responsável pelo cancelamento do seriado. Depois de um início que só se torna bom em retrospectiva, quando você sabe como tudo terminou, e um episódio que eu particularmente gosto, mas não foi bem recebido, ele pode ter sido a pá de cal para perder muitos espectadores. A mudança para um tom mais sombrio de Enterprise nos primeiros capítulos foi visto com muita desconfiança, e afetou a identidade do programa. Quem, por exemplo, era espectador casual de TOS ou TNG, com certeza, ao assistir Jack Archer Bauer torturando um alienígena, ficou desiludido com o seriado. Se ele deu mais algumas chances, em Raijin pode ter acabado a paciência.

Episódio 4: Raijin

Por fim, uma menção desonrosa a Percursor. Se o argumento principal foi muito inteligente e importante para o andamento do seriado, as tramas paralelas, baseadas no relacionamento interpessoal entre os tripulantes, foram péssimas; e escancaram talvez o principal defeito desta grande temporada.

Os Essenciais

Em uma temporada composta por um grande arco principal é muito difícil selecionar os capítulos já que todos contribuem de alguma forma para seu andamento. Podemos tentar, em primeiro lugar, excluir os que são dispensáveis então, que sua contribuição ao enredo é muito pequena: Extinção, Exílio, Estrela Polar, Semelhança, Ordens Médicas e Incubadora, esses você pode pular, embora nem todos sejam ruins.

Xindi, Raijin, Carregamento, Rua Carpenter, Reino Escolhido, Percursor e Os Esquecidos têm elementos importantes, mas você consegue pegar as informações nos episódios subsequentes. E além disso, são irregulares em qualidade.

Episódio 14: Estratagema

Por fim, então, os demais são essenciais. Anomalia, Campo de Testes, Estratagema, Azati Prime, Relatório de Danos, Contagem Regressiva e Hora Zero são todos bons ou muito bons e contém momentos decisivos para o desenvolvimento da temporada. Por outro lado Impulso, Futuro Incerto e Enterprise² não contribuem tanto assim para a destruição da Super Arma Xindi, mas são excelentes e não podem ser deixados de lado, inclusive como boas amostras de uma serialização perfeita, equilibrando ritmo episódico e continuidade.

XindiMuito Bom
AnomaliaExcelenteMelhores / Essencial
ExtinçãoBomDaria uma chance
RaijinMuito Ruim
ImpulsoMuito BomEssencial
ExílioRuim
CarregamentoBomSemi-essencial”
Futuro IncertoExcelenteMelhores / Essencial
Estrela PolarBomDaria uma chance
SemelhançaBom
Rua CarpenterMediano“semi-essencial”
Reino EscolhidoBom
Campo de TestesExcelenteMelhores / Essencial
EstratagemaBomEssencial
PercursorRuim
Ordens MédicasMuito RuimPior
IncubadoraMediano
Azati PrimeExcelenteMelhores / Essencial
Relatório de DanosMuito BomEssencial
Os EsquecidosMediano
Enterprise²ExcelenteMelhores / Essencial
O ConselhoMuito BomEssencial
Contagem RegressivaExcelenteMelhores / Essencial
Hora ZeroMuito BomEssencial

Jornada nas Estrelas: Terceira Temporada

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Publicado por Lucas Palma

Paulistano, desde que me lembro por gente fascinado pelas possibilidades do futuro, em games, filmes e seriados, herança paterna e materna. Para surpresa geral, ao final da juventude descobri fascínio também justamente pelo oposto, me graduando e mestrando em História, pela Universidade Federal de São Paulo. Sou autor de Palavras de Revolução e Guerra: Discursos da Imprensa Paulista em 1932.

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