Jornada nas Estrelas: Enterprise – Terceira Temporada
S03E01: Os Xindi – Com ousadia, este episódio já começa sem rodeios em um tom sombrio que a produção quer dar à Enteprise. Sabemos que não vai durar muito e vários erros serão cometidos nesse caminho, mas resultou em grande acerto ao final, e este capítulo impressionou bastante – assim como o desfecho da temporada passada.
Buscando mais informações sobre essa raça que deseja destruir a Terra, Archer consegue encontrar um Xindi que trabalha numa, muito suspeita, operação de mineração isolada em um planeta distante.
Novamente a direção de arte dá um baile; a caracterização dos vilões é excelente (o uso de respirador sempre funciona), bem grotesca, assim como todo cenário da mina. O roteiro e enredo foi muito competente em introduzir os elementos novos, como a mudança de postura da tripulação e os MACOs; aqui exibindo um planejamento e direção narrativa. Coisas completamente ausentes no ano anterior. Apesar desses vários acertos, a trama é um pouco previsível.

Aqui, ainda começa o subplot da neuro-pressão vulcana, que se acho horrível e tediosa, além de ocupar um tempo de tela muito maior do que merecia, pelo menos, dá uma direção amorosa fixa para T’Pol – o que não deixa de ser um ganho.
Muito Bom (4/5)
S03E02: Anomalia – Continuando a criar o clima para os perigos da Expansão Délfica, a Enterprise sofre com várias anomalias que comprometem o funcionamento da nave, e, durante um desses problemas, acaba sendo vítima de piratas. É um episódio extremamente polêmico por conta das ações de Archer, violentas a um ponto até então nunca explorado em Jornada nas Estrelas.
Particularmente, ainda que desaprove a moral dessas ações, tudo foi orgânico e contribui com o tom que a terceira temporada de Enterprise tenta estabelecer; de tensão e vulnerabilidade. Tem um motivo e um sentido narrativo real. Durante o capítulo, mesmo já tendo assistido, ficava pensando como é que eles conseguiriam sair dessa situação. Como seriam bem sucedidos na busca aos Xindi?

Estes dois primeiros episódios são extremamente competentes em criar esse medo em nós (e nos personagens). Meu único porém é que tudo poderia ser mais sutil. Por exemplo, o fato de Archer ignorar completamente os mistérios da milenar estrutura diante dos problemas enfrentados, é um toque suave mas muito agudo de como o personagem está em conflito. Todavia, o que temos é o principal antagonista praticamente explicando o objetivo do roteiro e sua justificativa, mais de uma vez – de ultrapassar os limites éticos e morais. Provavelmente isso foi feito para não restar dúvidas dos objetivos da direção e produção quando tomaram uma atitude tão drástica e tão destoante do resto de Star Trek.
Vale lembrar, ainda, que este é o principal momento para entendermos Enterprise como documento histórico, como Ficção Científica do século XXI e pós-onze de setembro.
Muito Bom (4,5/5)
S03E03: Extinção – Na trilha dos Xindi, a Enterprise encontra vestígios deles em um planeta desabitado mas com destroços de naves e mortos. Ao desembarcar, a tripulação começa a sofrer grandes mutações. É o primeiro dos episódios autônomos da terceira temporada, sem ter relação direta com a busca pelos Xindi.
Aqui temos um argumento dos mais interessantes que já vi em Jornada nas Estrelas, e na Ficção Científica, quando descobrimos o motivo daquelas transformações. Guardo com muito carinho este episódio. Entretanto, descobrir o motivo foi justamente o ponto fraco: ele simplesmente é entregue aos nossos heróis por um outro personagem em um único diálogo.
Fazendo assim, com que o o ritmo do capítulo dependesse da busca pela cura do que está acontecendo, mas, em especial, da jornada dos personagens no planeta, exibindo bizarros comportamentos animalescos. Isso rendeu, entre a produção e atores, um profundo arrependimento por este episódio.

Por outro lado, além do argumento interessante, demonstrando planejamento do seriado, este episódio contem um desfecho para contrabalançar a conclusão sombria do anterior.
Bom (3/5)
S03E04: Rajiin – Tenho uma teoria que provavelmente este episódio foi o responsável pelo cancelamento de Enterprise. Quem não abandonou a série naquela seqüência de bombas com Singularidade, Ponto de Fuga e Carga Preciosa da temporada anterior, pode ter feito isso aqui e os efeitos foram irreversíveis quanto a audiência da série. Assistimos a uma história cheia de clichês e momentos bregas quando a Enterprise dá carona a uma mulher linda e misteriosa, que levava a vida como escrava sexual.
Mesmo se descartarmos o problema do quão mal explicado são os poderes e habilidades da personagem título, há pouco o que se salva aqui além do argumento razoável por trás de tudo. Archer herói de ação dos anos 80, uma antagonista que gradualmente vira mocinha e se rende ao charme do herói, algumas cenas insinuação sexual… depois de um início que, apesar de eu gostar muito, foi muito polarizador, por conta da mudança de postura dos heróis, uma bomba dessa pôde ter um efeito muito devastador.
Muito Ruim (1/5)
S03E05: Impulso – A Enterprise esbarra na nave desaparecida Event Horizon e descobre que a tripulação passou por um inferno. Bom, quase isso, nossos heróis encontram a Seleya, uma nave vulcana que sumiu dentro da expansão, entretanto, sua tripulação não é mais a mesma.

Temos aqui um episódio com um eixo temático bem definido, um terror relacionado a zumbis, que não deixa de ser uma paródia desse gênero com tons de ficção científica, todavia, muito bem feito. O capítulo consegue te deixar na ponta do sofá por toda sua extensão, e a sobrevivência de um personagem (o único anônimo da equipe) é dúvida por toda a missão, um uso muito competente do conceito dos Camisas Vermelhas. E, ainda, tudo consegue encaixar minimamente com o que sabíamos dos vulcanos e da expansão – resolvendo um determinado mistério deixado ao final da temporada anterior.
Há alguns exageros, como um determinado buraco que eles precisam atravessar, mas no geral é tudo bem conduzido. Exceto pela seqüência final, onde ali a direção se deixou entregar demais com a questão da paródia do terror, e ultrapassou o limite do saudável, com uma cena que não é assustadora e nem tem razão de existência.
Muito Bom (4/5)
S03E06: Exílio – A Bela e a Fera encontra Jornada nas Estrelas neste fraco episódio onde Hoshi é contatada telepaticamente por um alienígena ermitão que vive exilado, sozinho, em um planeta isolado. Não há nada de ruim a ponto de ser gritante aqui além dessa trama já tão reciclada. Hoshi até que não é maltratada como normalmente as protagonistas femininas o são – exceto por um visual de verão, completamente descolado em relação ao ambiente, para dar mais sensualidade à personagem.
Felizmente há uma trama B explicando mais da expansão e conduzindo um mistério que aparentemente estava esquecido sobre artefatos milenares perdidos naquela região do espaço. Mas também é conduzida de forma meio despropositada, com a tensão colocada em cima de um “acidente de trabalho” com a nave auxiliar, bem aleatório.
Ruim (1,5/5)
S03E07: O Carregamento – Com as informações obtidas nas últimas missões, nossos protagonistas conseguem encontrar uma colônia Xindi que, de alguma forma, está contribuindo com a construção da “Arma do Juízo Final” . Uma vez lá, o capitão passa a interagir com um cientista adversário, neste episódio muito competente em dar profundidade aos antagonistas da temporada.
O que temos é praticamente uma exposição de muitas informações sobre tudo da terceira temporada; sobre quem são os Xindi, qual sua história, suas divisões, sobre a arma, sobre sua produção. E isso tudo feito em um episódio razoável e interessante, que consegue criar uma certa tensão – baixa, dentro dos limites de Jornada nas Estrelas, claro – e até mesmo com momentos de subversão, quando a cooperação, que seria óbvia, não acontece de imediato.

O episódio acaba pecando um pouco por conveniências – plot armor (invulnerabilidade do protagonista), de uma certa forma – de como tudo foi realizado completamente na surdina. Faltou um pouco de refinamento não só de Kemocite, como do roteiro para dar mais segredo às operações. Fazer tudo o que fizeram, e mantendo comunicação com a nave o tempo todo, foi muito implausível.
Bom (3,5/5)
S03E08: Futuro Incerto – Diferentemente de ST09 e suas derivações, que apenas jogam referências atrás de referências para tentar de alguma forma identificar o público com o material (mais um sintoma da pavorosa marvelização do entretenimento), há formas muito elegante de fazer isso. Aqui há uma piada interna, muito sombria, sobre um planeta usado de refúgio, que vale a temporada toda.
O capitão desenvolve uma doença que prejudica sua memória o incapacitando de comandar a nave; sem ele, o resto da tripulação falha na missão de encontrar a Arma Xindi e a Terra acaba sendo destruída. Este episódio é maravilhoso: uma bela história de linha do tempo alternativa que consegue explorar bem algumas possibilidades, e também usando um conceito temporal extremamente viajado mas com uma pegada muito clássica de SciFi, e, especialmente, se mostra coerente ao final.
Excelente (5/5)
S03E09: Estrela Polar – Um dos autoplágios mais famosos e normalmente mais satisfatórios de Jornada nas Estrelas é a sociedade terrestre que se desenvolveu de forma diferente. TOS é repleto deles, e ENT deu uma boa contribuição aqui, quando a tripulação da Enterprise encontra um planeta, no meio da expansão, habitado por humanos vivendo como no Velho Oeste.
Apesar de ter essa premissa comum, o capítulo consegue entregar uma identidade própria, seja no visual, ou no próprio argumento – que supreendentemente é bem coerente apesar do começo absurdo.
A escolha de colocar aquela civilização no Velho Oeste não achei de todo interessante, mas a direção é competente em trazer as várias convenções do gênero, tanto em caracterização (é legal ver os personagens fantasiados) quanto em ângulos e construção das cenas, que funcionam muito bem. Faltou uma trilha sonora melhor. É uma roupagem direcionada ao público americano, que ama esse contexto, e até seguia uma moda da época, que estava em alta com Firefly, uma série contemporânea.
Bom (3/5)
S03E10: Semelhança – Trip sofre um acidente na engenharia da nave, sendo atingido por uma forte concussão na cabeça. Os danos neurológicos são irreversíveis, exceto se ele receber um transplante de parte do parte de seu próprio sistema nervoso. Essa possibilidade se torna surpreendente possível quando Phlox apresenta uma forma de clonar o comandante.
Provavelmente um dos episódios mais ambiciosos da série, ENT aborda ética médica, moral, direitos humanos, amor, memórias… um pouco de tudo, e subitamente. O próprio acidente e a cura milagrosa caem de paraquedas fazendo o capítulo começar com o pé esquerdo. Entretanto, o roteiro é inteligente quando deposita nesse outro personagem a solução do problema enfrentado no capítulo. E, além disso, a trilha sonora é excelente.
Por outro lado, se encaminhando para o final, creio que pesaram a mão e criaram alguns dramalhões desnecessários. O romance foi uma forma de explorar uma possibilidade entre dois personagens, mas me pareceu exagerado para aquele contexto, enquanto isso, o destino do clone, que já era polêmico por si só, acabou recebendo ainda mais injeções de drama. Pisar no freio um pouquinho antes em cada um desses arcos teria um resultado mais elegante.

Bom (3,5/5)
S03E11: Rua Carpenter – Em um outro front da Guerra Fria Temporal, descobrimos que os Xindi viajaram para a Terra e estão tentando tramar alguma coisa contra os humanos mas em um passado distante – até para nós, 2004. Normalmente histórias como estas, de viagem ao tempo contemporâneo à exibição da série, tendem a ser um tom mais cômico, como é o caso de Jornada nas Estrelas IV. E aqui há até um esboço disso – já é a segunda tentativa, ainda que com premissas diferentes, lembrando de Carbon Creek na temporada anterior – entretanto, a opção é por uma coisa mais de noir e terror.

Do fim ao cabo, o capítulo tenta transitar sem muito sucesso entre esses vários gêneros e não consegue se encaixar em nenhum. O argumento é razoável e é muito interessante a reaparição de Daniels, entretanto o desenvolvimento tendeu a ser mais mediano. São poucos cenários e personagens envolvidos, não há muita interação dos heróis com o tempo presente; o que impede este episódio cair no esquecimento é que seus acontecimentos serão mencionados exaustivamente ao fina da temporada.
Mediano (2,5/5)
S03E12: Reino Escolhido – É sempre triste ver Jornada nas Estrelas se render a um moralismo barato. A NX01 acaba encontrando um grupo religioso ortodoxo que venera as esferas metálicas e a expansão como um todo, e eles têm certas intenções para com a nave que podem colocar nossos protagonistas em perigo.
Apesar de conter um argumento e conceitos excelentes, além de introduzir essa trama religiosa por trás da Expansão, da metade para o final, ao explorar melhor os objetivos dos fieis o roteiro desanda. Começando com a previsibilidade de ter aquele dissidente que não acredita nos ideais do grupo, passamos por um diálogo patético de ridicularização das diferenças religiosas entre as facções envolvidas, até o final inverossímil, súbito e moralista. Eu não tenho religião e também desejo a paz religiosa, mas isso não se alcança com o moralismo deste episódio – que é um claro ataque baixo (no sentido de falta de refino) ao islamismo e suas vertentes, o que o aponta, também, como um dos principais documentos de ENT como série pós-11/09. Inclusive, em comentários no DVD, o roteirista se orgulha da “crítica social foda” do Reino Escolhido, numa típica postura americana.
Felizmente o que salva e faz o capítulo assistível, é a direção de Roxann Dawson (B’Elanna Torres), que consegue criar grandes cenas de ação dentro da Enterprise. Uma tomada em especial, com a tripulação armada na ponte, é uma das minhas favoritas da série.

Bom (3/5)
S03E13: Campo de Testes – Os humanos não estão sozinhos na Expansão! Descobrimos que Andoria mandou o comandante Shram e sua nave atrás da Enterprise para auxiliar Archer na missão de encontrar a superarma Xindi, e foi em boa hora.
Assisti este episódio todo com um sorriso no rosto, gosto demais dos andorianos e aqui novamente eles estão fantásticos. É uma abordagem tridimensional deles – com as intenções sempre em dúvida, algo que fica até o final. Da mesma forma, a postura da tripulação da Enterprise se mantém igualmente desconfiada. E ainda contendo muitos avanços em relação ao desenvolvimento dos Xindi. Na época que vi pela primeira vez, fiquei surpreso com tudo e boquiaberto o capítulo todo.

E tudo isso que vêm em um momento certeiro, bem na metade da temporada, em um ponto decisivo de toda a trama. Aqui vemos um planejamento quase sem defeitos que faltava à série até agora.
Excelente (5/5)
S03E14: Estratagema – Se Enterprise e Missão Impossível tivessem um filho, seria este capítulo – faltou só algum tripulante usando um chip vocal de outro… não, pera, teve algo assim. Aparentemente 3 anos no futuro, a missão da NX01 falhou e Archer foge de uma prisão junto de Degra, o cientista por trás da construção da Superarma Xindi.
Inteligente mas, especialmente, criativo, este capítulo utiliza um argumento diferente do comum em Jornada nas Estrelas, e também é uma saída inventiva para nossos heróis encontrarem novas informações sobre os Xindi sem apelar para meios violentos – ainda que tenha suas controvérsias éticas. Digno de nota, também, é o retrato próprio antagonista, com personalidade e traços fortes. Ao iniciar o episódio, imaginava, pelo tom usual de Star Trek, que ele seria convencido da nobreza humana em apenas 40 minutos. Felizmente o final é muito melhor que isso.
Bom (3,5/5)
S03E15: Percursor – Um raro episódio em que três tramas paralelas se desenvolvem, de uma forma muito competente no roteiro, com todas tendo o tempo adequado, os eventos de uma conversando com as outras, entretanto, com exceção da principal, todas premissas fracas.
Na trama A, a Enterprise encontra uma super-anomalia, e dentro dela, uma pequena nave contendo um ser desconhecido, que pode revelar importantes informações sobre as características bizarras da Expansão. Enquanto isso, na trama B, há um triângulo amoroso entre Trip, T’Pol e uma personagem secundária; já na trama C, aumenta a rivalidade entre o Tenente Reed e o Major Hayes, dos MACOs.
Foi uma boa escolha usar este episódio para concentrar todas essas tramas secundárias, que já eram subplots de ENT, com o argumento principal, que, apesar de muito inteligente, não renderia muito mais. Entretanto, as estórias B e C são péssimas, repletas de clichês dos mais fracos. C, em especial, é ridícula. Ao invés de abrir espaço para um conflito sobre a militarização da missão de NX01, vira uma idiotice, uma verdadeira testeria com direito a vários minutos em uma briga física sem sentido sobre quem é o mais macho na nave.
Ruim (2/5)
S03E16: Ordens Médicas – A nave se depara com mais um campo extenso de anomalias concentradas e contorná-lo levaria semanas. Uma alternativa é atravessá-lo de frente, entretanto, a custo de manter a tripulação em coma, afinal o ambiente é fatal para humanos, e a NX-01 precisa ser comandada por Dr. Phlox.
Mais um autoplágio, aqui de um episódio exibido a pouco mais de 5 anos antes em Voyager, One (S04E25). Este conseguindo ser menos inspirado que àquele. Poucos (ou nenhum) traços novos revelados sobre os personagens, e o plot twist não só é extremamente previsível como virtualmente uma perda de tempo.
Muito Ruim (1/5)

S03E17: Incubadora – No caminho para a possível localização da Super Arma Xindi, a NX01 encontra uma nave insectóide acidentada em um planeta completamente inabitável. Interessados em descobrir mais sobre a tecnologia dos seus inimigos, nossos heróis invadem os destroços e acabam se deparando uma ninhada de filhotes Xindi.
Particularmente gostei do argumento, e do dilema de preservar a vida de crianças dos inimigos; entretanto, a escolha dos insectóides foi cômoda demais, justamente a menos humana das espécies. Não precisariam ser os primatas, poderiam ser as outras espécies intermediárias. Além de enfraquecer o impacto do dilema, a escolha da espécie, em conjunto com a resolução final, acabou gerando uma espécie de humor involuntário por trás de toda a trama – tirando muito da força que os conflitos ocorridos no episódio (que foram extremos) deveriam ter.
Mediano (2,5/5)
S03E18: Azati Prime – Esse é o episódio que você vai terminar boquiaberto, sem palavras, com as mãos na cabeça, perplexo sobre o que acabou de ver. Pelo menos foi assim que fiquei a primeira vez que assisti. Finalmente a Enterprise chega ao destino onde pode estar em construção a Arma do Juízo Final dos Xindi; mas como não poderia ser diferente, todo o sistema é fortemente protegido.
É tudo fantástico, poucas vezes em toda a Jornada nas Estrelas, vimos os protagonistas em um perigo tão grande e tão real. Não há atalhos nem soluções mágicas para os problemas que serão enfrentados aqui; aliás, em um determinado momento Archer recusa o deus ex machina quando um personagem de outra época aparece. Depois tudo vai se encaixando e encaminhando, claro, só quando você acha que vai respirar, a situação se mantem ainda mais tensa.
Excelente (5/5)
S03E19: Relatório de Danos – Não houve uma viagem no tempo, ou era uma simulação holográfica, nem houve um milagre qualquer. A Enterprise está completamente destruída e os reparos serão longos e custosos. O milagre é que uma nave em condições similares aparece subitamente nas redondezas e Archer tentará negociar uma ajuda mútua.
Outro grande episódio. É muito bom, como raras vezes se apresentou na franquia, ver a tripulação da nave lidando com danos tão grandes e seus reparos. Ao final, os protagonistas se vêem confrontados com um grande dilema ético que, além da tensão criada por si só, rima com situações enfrentadas previamente na temporada.
Ainda, transcorrem duas tramas paralelas, uma de fundo, com a relação entre as espécies Xindi, e uma mais dedicada, referente à T’Pol. Apesar de cair um pouco de paraquedas algo tão importante e que se manterá na série, ela é inteligente e coerente.
Muito Bom (4/5)
S03E20: Os Esquecidos – Ainda se recuperando do ataque sofrido em Azati Prime, a tripulação enfrenta os desdobramentos daquela batalha; na superação dos colegas mortos e na tentativa de dissuadir os Xindi em lançar a arma. É muito raro isso acontecer na Classic Trek, e um inevitável efeito colateral de uma narrativa mais serializada; mas este é um episódio de posicionamento (setup), preparando as coisas para eventos futuros.

Poucas cenas ou as próprias tramas têm alguma característica mais única; Archer conversa com os Xindi sobre os ocorridos até agora, T’Pol da mesma forma faz um balanço da suas relações, tudo preparando para os próximos passos da trama. A parte mais significativa, e o que dá título ao capítulo, é a relação com os tripulantes mortos. Apesar de um final muito inteligente, na mistura entre a irmã de Trip e a tripulante em questão, faltou um pouco mais de tempo de tela pra ele, e refino do roteiro mesmo, para ter um verdadeiro peso dramático; o arco de T’Pol poderia ter sido suprimido pra isso e outras vítimas receberem algum destaque.
Mediano (2,5/5)
S03E21: Enterprise² – Obra prima. Ao entrar num atalho espacial que permitiria a NX01 chegar a tempo do Conselho Xindi, a nave é abordada por uma outra NX01 que quer impedir sua viagem. Apesar de algumas conveniências de roteiro – afinal, se apenas um único personagem deixou 8 descendentes na nave, como a nave suportaria, que fossem 2 ou 4, descendentes pelos quase 70 sobreviventes? – este episódio não tem defeitos.
Mesmo tendo elementos de autoplágio – de dois capítulos, aliás, Yesterday’s Enterprise (TNG) e Children of Time (DS9) – seu próprio argumento e a conexão com o arco principal da temporada o faz completamente único em premissa e roteiro. Além disso, ele possui grandes cenas de combate espacial; uma em especial, quando as naves realizam um truque, a primeira vez que eu vi, vibrei como num jogo de futebol.
Excelente (5/5)
S03E22: O Conselho – Finalmente Archer consegue a esperada audiência com o Conselho Xindi, mas, para variar, não será nada fácil. As tensões entre as espécies mais favoráveis aos humanos e as menos estão fortes como nunca – enquanto isso, uma equipe destacada invade uma Esfera para coleta de dados.
Há uma certa previsibilidade em tudo que acontece na reunião, todos os eventos aqui já estavam mais ou menos encaminhados, exceto a morte de um personagem importante. Com algumas mudanças aqui e ali no roteiro poderíamos ter mais surpresas. Entretanto, ao final do capítulo, apesar de previsível, temos uma acelerada nos eventos que compensa, e muito! São grandes cenas de batalhas, as melhores até aqui do seriado.

Por outro lado, a ação dentro da Esfera é pouco inspirada (e tem pouco tempo de tela, vamos ser justos), e seus efeitos especiais ficaram exagerados e, por isso, muito datados. Também senti falta de ter mais algumas coisas do lore dos Xindis Aviários, tudo que foi mostrado foi muito interessante e poderiam ter explorado mais (mas isso seria um bônus). Por outro lado, as novas informações apresentadas sobre os Construtores e sua relação com os Xindi foram muito boas e aprofundaram ainda mais esse arco.
Muito Bom (4,5/5)
S03E23: Contagem Regressiva – Os humanos e algumas das espécies Xindi se unem para tentar destruir a arma do juízo final, que está sob controle dos reptilianos. Nessa reta final sem defeitos da terceira temporada temos mais um grande episódio. Bem construído, temos um crescendo muito bem cadenciado com um início relativamente calmo depois se transformando em várias frentes de ação.
As batalhas espaciais são cada vez mais inspiradas, e aqui provavelmente temos a melhor da temporada e da série; os efeitos especiais “externos” aguentaram bem, ainda podem entreter muito bem – por outro lado os “internos”, de sets inteiros construídos do CGI se tornaram péssimos. Já os sets construídos com cenários reais, se muito bonitos, ainda são facilmente reconhecidos de outros episódios. O reator é a mina Romulana da temporada anterior, ok, mas a nave reptiliana é exatamente a nave alienígena de Relatório de Danos, de 5 capítulos atrás. Ainda assim este episódio ganhou o Emmy de melhores efeitos visuais.
Enquanto isso, com uma participação mais ativa dos Construtores, o roteiro – não só desse episódio, vale elogiar – consegue articular muito bem todas as motivações de cada uma das facções envolvidas e temos o ápice das implicações dessas tramas tão bem intrincadas aqui, com bons diálogos e ações. Apesar de previsíveis, as ações dos vilões conseguem se manter interessantes.
Excelente (5/5)
S03E24: Hora Zero – A arma está com destino à Terra! Numa última tentativa Archer reúne alguns tripulantes e viaja na nave de Degra para destruí-la. Enquanto isso, a Enterprise coloca em ação um plano para desabilitar as Esferas. Este episódio segue a risca uma cartilha de finais de temporada e conclusões; é uma sequência de confrontos finais, todos bem realizados sem deixar escapar para algo anticlimático – um risco que eles corriam por conta da diminuição de escopo da luta (de uma grande batalha para uma invasão). O desfecho dos Xindi, por outro lado, foi tão fraco que praticamente nem ocorreu, apenas um diálogo fala sobre. Isso seria um anticlímax não fosse o bom gancho para a quarta temporada.

As ressalvas conta os efeitos visuais permanecem; muito reuso de cenários e objetos, e os efeitos de cenários CGI não aguentam bem. Sobra pra um clichê um pouco surrado na cena final de Archer, correndo através de explosões; não precisava. A invasão dos construtores à nave é bem interessante, mas uma determinada ação deles, em um equipamento específico mas não identificado, foi um erro de direção. Parecia que seria alguma coisa em especial, mas ao final não foi. Provavelmente uma cena ou diálogo suprimidos no roteiro deixaram seu rastro.
E, aliás, o cliffhanger foi muito bom. Além de manter tudo em aberto, e instigar uma nova aventura, também já deixou claro a continuidade do arco da Guerra Fria Temporal. Em comentários da edição de DVD, a produção diz que fez esse final tão aberto para, em caso de cancelamento da série, a repercussão da decisão ser muito negativa e ter alguma chance de voltar ao ar.
Muito Bom (4,5/5)
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