The Expanse
A temporada é praticamente dividida pela metade: o arco inicial, ligado ao destino de Eros, e o final, sobre a batalha nos “céus” de Ganymede; suas causas e desdobramentos. O primeiro, em termos de capítulos, rendeu episódios muito melhores. Acompanhe a resenha de cada um deles!
S02E01: Seguro – Com a introdução de um núcleo importante agora composto por marcianos, a estréia da temporada é um pouco monótona. Apesar de uma forte tensão na grande política do seriado, tudo se passa numa acanhada e mal explicada “sala de guerra”. Enquanto dentro da nave, os personagens mais discutem sobre o que se passou nos capítulos finais da temporada anterior.
As resoluções de todas essas tensões são satisfatórias, mas da forma como foram abordadas, parece que tudo não importou muita coisa – e na realidade, essa crise deste episódio sequer será lembrada mais a frente. Por fim, o relacionamento de dois personagens se torna íntimo como um raio em céu azul, fazendo pouco sentido.
Mediano (2,5/5)

S02E02: Portas e Cantos – Quando parece que a tripulação da Rocinante terá descanso, mais uma missão se avizinha. Logo após chegar na Estação Tycho, um encontro, que reúne das partes que sabem que o que aconteceu em Eros, decide proceder com algum tipo de ataque preventivo contra quem estava monitorando a experiência.
O capítulo é bastante interessante pois consegue condensar, sem prejuízo, tanto a preparação para essa missão, quando a sua própria execução. Finalmente conseguimos ter mais idéia de como a OPA funciona (ou não funciona), e o ataque à estação se desenrolando é bem interessante, com boa ação e até mesmo contém boa dose de humor. Algumas pequenas reviravoltas ao final tornam o capítulo ainda mais intrigante.
Excelente (5/5)
S02E03: A Protomolécula – Em um episódio de muita conversa, temos as ponderações do que se desenrolou até agora; tanto entre quem está em Tycho, na Terra ou em Marte. A trama envolvendo a retaliação terrestre contra os marcianos tem todo um ar de tensão, mas que não se traduz em engajamento nenhum momento. Faltou algo para nos cativar. A idéia do ataque a Deimos, lua marciana, é grotesca, vem do nada, é tratada como genial, e as cenas se passam, mais uma vez, na pequenina sala de guerra.

Aqui, novamente, temos o mesmo problema da primeira temporada: os personagens estão chatos e não geram empatia. Os marcianos são pintados como maníacos armamentistas (que foi bem diferente do retrato anterior), o pessoal da OPA não se entende assim como nossos heróis, q apenas discutem um com o outro, e as lideranças da Terra se acham extremamente inteligentes enquanto discutem atrocidades.
O que salva o episódio é Amos. Seu personagem ganha muito terreno nesta temporada, e sua relação com o prisioneiro aqui é um arco muito inteligente sob vários aspectos.
Ruim (2/5)
S02E04: Vá com Deus – Nossos heróis tem uma idéia maluca mas muito interessante de como acabar com a protomolécula, destruir Eros totalmente e utilizando uma nave como espécie de aríete. Lembra muito o segundo capítulo da temporada, e talvez por isso funcione tão bem. Ele consegue da mesma forma combinar a preparação e execução dessa aventura.
Tudo é repleto de bons momentos, especialmente de Miller nestes últimos capítulos, e o inusitado amigo que ele faz. Um outro foco de tensão se desenrola às margens da ação principal, envolvendo uma terceira equipe no asteróide, e é importante para o desenvolvimento de nossos protagonistas. O gancho do final do episódio é o melhor do seriado até aqui.
Excelente (5/5)
S02E05: Lar – Eros está em rota de colisão com a Terra! Um evento de conseqüências apocalípticas para o planeta! A partir daí se desenrrola uma trama de várias tentativas e desdobramentos para tentar salvar nosso lar, cada uma mais interessante, com mais repercussões que a outra e com cenas cada vez melhores.
Ao final, a última e certeira tentativa é a mais simples (e a que todo mundo esperava de certa forma), que é realizada em uma seqüência muito bonita tanto em visuais maravilhosos quando em sensibilidade emocional. Com certeza um dos grandes momentos do seriado e da Ficção Científica na TV, dando um fechamento mais que digno para dois personagens.
Excelente (5/5)
S02E06: Mudança de Paradigma – Como o título já aponta, o foco da temporada rapidamente passa da situação com Eros, solucionada aparentemente, para um novo cenário de guerra fria entre as diferentes facções do sistema solar numa remota, mas importante, colônia agrícola.
Enquanto o episódio se desenvolve em várias conversas e discussões entre os protagonistas, ele chega às últimas cenas com uma acelerada nos eventos – e finalmente dando alguma relevância para o núcleo de soldados marcianos que já estava bem irritante. Este final é muito competente em mudar nossa atenção para este novo núcleo.

Além disso, somos apresentados a flashbacks (agora já especificados como tal, diferentemente da temporada anterior) mostrando o desenvolvimento da propulsão espacial do universo da série. Que se não é interessante do ponto de vista (pseudo)científico, tem um desfecho surpreendente e muito condizente com o tom do seriado.
Muito Bom (4/5)
S02E07: O Sétimo Homem – Enquanto temos as repercussões no núcleo político tanto da Terra e quanto o de Marte (aqui, configurando mais tridimensionalidade à personagem antes unidimensional da soldado Bobbie) sobre a batalha na colônia agrícola, as melhores cenas com certeza se desenvolvem entre as implicações para o Cinturão.
O líder da OPA, Anderson Dawes, volta a aparecer. Seus diálogos sobre o futuro da luta por Independência do Cinturão estão entre os melhores do seriado, e do gênero! Ficaram muito verossímeis as diferentes posições dessa busca por autonomia. Vários dos movimentos de libertação das colônias européias no século XX tiveram posicionamentos, discursos e facções similares. Apenas me incomoda um pouco o ar de vilania atribuído a Dawes, seja pela direção quanto do ator.

Bom (3,5/5)
S02E08: A Procura – Dando continuidade a conturbada luta por autonomia do cinturão, acompanhamos uma desastrada (e mal intencionada em certo ponto) rebelião na Estação Tycho, que passa agora a receber milhares de refugiados da destruição de Ganymede. Esta trama é muito interessante, embora volte a me incomodar como os Belters continuam sendo tratados como loucos e vilões.
Da mesma forma, Ganymede também entra no radar dos heróis, por ser um possível foco de aparição protomolécula e já somos introduzidos a num novo arco do desenvolvimento dessa nova arma. O que também leva os protagonistas para lá.
Bom (3,5/5)
S02E09: A Sonâmbula Chorona – um respiro nos grandes eventos; neste episódio os protagonistas estão em trânsito para a estação agrícola, deslocamento que se desenvolve a partir do encontro com uma outra nave, a que dá o título ao capítulo. Não é lá muito interessante, mas cumpre seu papel.
Enquanto isso, as atenções estão voltadas às negociações de paz na Terra, para esclarecer o mal-entendido da batalha sobre Ganymede. Até o momento, estava achando toda a trama política desta temporada em relação à Terra bem pretensiosa; se achando inteligente mas superficial. Aqui há um salto, e os diálogos são bem interessantes; especialmente a expressão que a “paz é uma distração”.
Essa distração é uma boa ironia interna do seriado. A crise de Eros estava aparentemente esquecida, mas uma missão é enviada para Venus com o objetivo de estudar o impacto. É curioso como este diversionismo é muito competente, a sensação é que os eventos de poucos capítulos atrás eram até de outra temporada.

Bom (3/5)
S02E10: Cascata – A personagem da fuzileira marciana, Bobbie é alçada a condição de protagonista neste episódio enquanto ela percorre o submundo da Terra. Esse passeio foi uma adição bem interessante ao Worldbuilding do seriado. Enquanto isso, o capítulo é composto mais de exposições sobre os eventos anteriores, da relação entre Mao e Errinwright, e para eventos futuros em Ganymede.

E na estação, como em Eros, mais uma vez a série foi muito competente em dar ares apocalípticos ao seu ambiente – que é o nome do capítulo, a Cascata que leva à destruição de um ecossistema. Desde os diálogos, aos personagens e situações enfrentadas, tudo caminha para uma sensação de desabamento.
Bom (3/5)
S02E11: Aqui há dragões – Continuamos acompanhando a nova protagonista, Bobbie, que consegue informações de seus superiores sobre a protomolécula e pede asilo na Terra, abrindo novas possibilidades para o enredo e um crescendo em tensão. Isso acompanhado da pesquisa em Vênus e da tentativa de contato de Mao com Avarasala nos prepara bem para um fechamento da temporada.

Enquanto isso, em Ganymede o clima continua na Cascata e temos uma seqüência final que gostei muito. Desde o contraste do resto da estação com a confraternização dos envolvidos, ao tiroteio final.
Muito Bom (4/5)
S02E12: Monstros Reais e Imaginários – As atenções permanecem divididas entre os dois núcleos; em Ganymede a tripulação da Rocinante acaba ficando rachada em um conflito interessante. Enquanto Holden quer acabar com o híbrido, Naomi quer resgatar o maior número possível de pessoas da estação, o que se desenvolve em cenas muito boas e tocantes – o que puxa a avaliação deste episódio para cima.
Já o “núcleo político”, entre Errinwright e Avarsala tem uma grande reviravolta que me pareceu um pouco súbita e inverossímil. Na realidade, nunca fica bem claro qual o papel desses dois no governo terrestre e aqui a dúvida se torna mais aguda: qual a autonomia deles para tomarem certas decisões? Da mesma forma, não há preparo para a mudança de posição de um dos personagens; de um capítulo para o outro ele vai de um extremo para a outra ponta. Qual foi o evento que o fez mudar de posição, q conversa com o filho?
Muito bom (4/5)

S02E13: A Guerra de Caliban – Nossos protagonistas precisam enfrentar ou se livrar do monstro que eles passaram a carregar na nave. A situação é bem tensa e rende alguns momentos de ação, mas no geral me pareceu uma oportunidade perdida. Seria um momento para nós, espectadores, aprendermos um pouco mais desses seres; o único entendimento novo foi, na verdade, confirmar a informação que eles se atraíam por energia.
Enquanto isso, no iate de Mao, em cenas legais mas situações bem previsíveis vão se desenrolando. Achei um final de temporada morno, até a última cena: o que acontece na órbita de Vênus, bem sem sentido é verdade, mas lembra as ficções científicas mais clássicas. Mais uma grande amostra da belíssima computação gráfica do seriado.
Bom (3/5)
Melhor Episódio:
Lar – Provavelmente as cenas mais marcantes do seriado ocorrem aqui, a seqüência final da conversa entre dois personagens é um espetáculo tanto de computação gráfica como diálogos. O encontro entre os dois é antecipado desde o primeiro capítulo e não poderia acontecer de uma forma melhor e mais emocionante.
Enquanto isso, os esforços para salvar a Terra também fornecem grandes momentos, seja na tripulação, preparada para o sacrifício, como no próprio planeta, onde o pano de fundo político da série brilha com várias possibilidades e desdobramentos.

Este capítulo já chega em alta pois é a sequência de outro ótimo: Vá com Deus, onde o plano de destruir Eros é tanto bolado quanto executado, em cenas inteligentes, importantes e mesmo engraçadas. Da mesma forma, Portas e Cantos, é tanto empolgante nas cenas de suspense e ação quanto fundamental para entendermos as complexidades da OPA. Não fosse a cena final tão perfeita de Lar, este seria o melhor.
Pior Episódio:
A Protomolécula – Este episódio já começa com uma desvantagem de ser mais um momento de lançar bases para futuros acontecimentos, tendo um ritmo mais devagar. Entretanto, não é esse seu principal problema. Aqui voltei a sentir a falta de empatia característica do comecinho da primeira temporada.
Todo mundo tá amargo, chato, desiludido… os líderes da Terra discutindo sobre destruir uma lua marciana é patético de várias formas. A primeira é a acanhada e mal explicada sala de guerra; mal sabemos o que os protagonistas são, de fato, no governo, que dirá os poucos extras. Depois, que não dá a entender que houve uma retaliação a altura, parece que foi desproporcional. Aliás, toda essa crise inicial foi muito mal administrada pelo roteiro, e, como ao longo da temporada ela praticamente é esquecida, esse mal estar continua. E, por fim, a naturalidade que todo mundo ali encara a situação, uma atrocidade tal como a que foi cometida, sendo destacada por uma suposta inteligência e saída rápida da situação.

Como também os marcianos são pintados neste começo de temporada como verdadeiros fascistas espaciais, no fundo não dá pra torcer por ninguém, é a situação que todo mundo está errado. Da mesma forma, a OPA é acentuada como um bando de selvagens.
Há dois momentos muito inteligentes deste capítulo, todavia: a música baseada nos gritos das vítimas de Eros; e a abordagem de Amos ao cientista se baseando no tratamento à pedófilos. São momentos muito negros mas muito bem utilizados e inteligentes, destaques de todo o seriado – pena estarem aqui.
Além dele, tanto o primeiro, Seguro, quanto o último, A Guerra de Calibã, são bem mornos e com reviravoltas súbitas demais: o romance entre dois personagens e a mudança de lado de outro.
The Expanse
Últimos Posts
O Lulismo em Crise
Tentando se distanciar de Lula, Dilma teria realizado dois ensaios, um político e econômico, que implodiram a base do governo. E, após um zigue-zague para se salvar de diversos ataques também deu adeus à base popular; e essa convergência levou ao golpe de 2016.
Babylon 5 – 2ª Temporada – Lista de Episódios
Cada capítulo desta magnífica temporada conta um pedaço de uma história maior compondo, sem pressa e com histórias individuais, de maneira única.
Babylon 5 – 2ª Temporada – Como contar uma grande história de fundo
Na segunda temporada de Babylon 5, o seriado consegue brilhar com um estilo narrativo muito próprio contando uma complexa e grandiosa história de fundo.
2 comentários em “The Expanse: 2ª Temporada (capítulo a capítulo)”