Jornada nas Estrelas: Discovery – Terceira Temporada
Em todo episódio final, é difícil separar uma avaliação da temporada no geral com aquela produção em si. Aqui ao final da terceira edição de Discovery, é preciso um grande esforço nesse sentido.
Mesmo começando com um ritmo mais lento, com as atenções voltadas ao universo holográfico, não demora para a ação se concentrar na batalha entre a Discovery tomada por Osyraa e as naves da Federação. Onde já há um pequeno furo de roteiro, a boa e velha plot armor (o protagonista é invencível) quando uma nave com 900 anos de idade resiste por tanto tempo contra dezenas de outras.
Esse vai-e-vem entre ação e drama, entre as batalhas espaciais e ação dentro do holograma, dita boa parte do capítulo. E é feito de forma competente, ficando bem balanceado entre os focos, normalmente com o segundo funcionando como respiro do primeiro.
Computação gráfica, mais uma vez excelente, permeia todo o capítulo; um momento em especial, quando Michael é engolida por uma parte da nave, é muito bem feito (embora sem sentido). Há, entretanto, uns tons de exagero que me lembraram os famigerados filmes de JJ, com os “bastidores” dos turbo-elevadores que são inexplicáveis.
No geral, o capítulo é bem construído e bem dirigido, lembrando uma estrutura de longa metragem. Todavia, não há como escapar de ser uma coleção de conclusões muito fracas para a temporada, que se mostrou pouco inspirada em desenvolver suas premissas.

A presença “real” de Gray Tal é sem sentido e sem propósito, por exemplo. O que seria uma alegoria pouco sutil de aceitação de sexualidade, acabou soando como uma trama de superação de luto. Mas não paramos por aí. Os desfechos, no geral, são repletos de momentos deus ex machina (como a súbita habilidade de um personagem em usar o motor de esporos), plot armor (além da Discovery super-resistente, personagens que estavam sem oxigênio são salvos por quem também estaria desativado), conveniências de roteiro (o destino de Saru e o comando da nave) e decisões anticlimáticas dos personagens (evitar a perseguição que poderia render uma grande batalha).
Claro que o grande incômodo é a explicação final para a Combustão, que simplesmente desperdiça toda a trama principal da temporada, sem fazer as críticas ecológicas e políticas que queria em seu início. Tudo se tratou de algo muito parecido com um grande mal entendido, com um tecno-blá-blá-blá de mistura de DNA e repercussões no subespaço de fazer inveja ao capítulo de quando Spock sobrevive sem cérebro.
Bom (3,5/5)
Um capítulo muito bem construído mas que inevitavelmente sofre por ser um final de conclusões simplórias de uma temporada fraca.
Aparência de Adira: ao entrar no universo holográfico, Adira é retratada como uma Xahean, a espécie da jovem rainha Po, personagem recorrente da temporada anterior, amiga de Tilly. O que é bem irônico, porque naquele momento a sua contribuição à estória de Jornada nas Estrelas foi um método de reciclar Dilítio. Eu até havia esquecido desta trama mas um amigo me relembrou, o que provavelmente aconteceu também com os roteiristas de Discovery, já que ninguém mencionou nada sobre o tema nesta temporada, onde o material é escasso.
Interior da nave: quando a ação se desenrola no exterior dos turbo-elevadores, vimos uma Discovery gigantesca (provavelmente caberia uma Discovery lá dentro). O que me incomoda profundamente, lembrando o interior de encanamentos de água e caldeiras da Enterprise de ST09, entretanto, pode ter uma bela explicação canônica para isso – que eu duvido que os roteiristas lembraram. Em Futuro do Presente, da segunda temporada de ENT, a tripulação descobre uma nave, justamente, do Século XXXI capaz de criar um interior muito maior que o exterior.
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