E se Obama fosse africano? e outras intervenções. Ensaios – Mia Couto
Data de Lançamento: 2009 – Minha Edição: 2019 – 202 páginas
Talvez o maior nome da literatura em português neste atual século, o moçambicano Mia Couto alia duas raras qualidades de uma escritor, a genialidade literária, que o torna capaz de contar a mais simples história com uma eterna poesia, e uma trajetória pessoal que sempre será terreno fértil para seus textos.
Neste livro temos uma coletânea de ensaios, na verdade, comunicações (falas) feitas em momentos bem diversos, de palestras coorporativas à simpósios acadêmicos. Predominantemente em seu país natal, mas também em Portugal, Angola e no Brasil – os textos resultados de palestras por aqui são dedicados a escritores nacionais, como Ferreira Gullar, Jorge Amado e, em especial, Guimarães Rosa, sua principal inspiração.
Embora também trate de temas mais diversos e mais agradáveis, como viagens, mas, em especial, os idiomas, as transcrições feitas em seu continente têm um teor mais político. Como o título da coletânea aponta (que é o único capítulo que realmente já era um texto prévio) são reflexões sobre o futuro africano.
Claro que dada a genialidade de Couto, todas suas reflexões têm uma sensibilidade profunda, não apenas apresentando seu ponto de vista. Toda comunicação começa com uma anedota que ele conheceu ou vivenciou, uma lenda ou tradição moçambicana.
Formado em biologia e de fato exercendo pesquisas no assunto, também foi um dos principais comunicadores do processo de Independência de seu país, atuando como jornalista tanto na guerra contra Portugal como na Guerra Civil. Com essa bagagem ele é capaz de nos encantar desde uma divertidíssima história de dificuldades de tradução entre camponeses moçambicanos e ambientalistas europeus – com as devidas críticas aos “benfeitores” – até lembranças de quando foi a ele e mais alguns escritores encomendado o Hino Nacional do novo país.
Alguns momentos até discordo de alguns posicionamentos, entretanto, com a sua capacidade narrativa é impossível não se sensibilizar com sua visão. Não é o caso desse momento no texto, se trata de apenas um exemplo, mas é difícil não ficar boquiaberto em frases tais como: “na luta pelas nossas independências era preciso esperança para ter coragem. Agora é preciso coragem para ter esperança.”
E sobre a pergunta do título, bem, sem spoilers, mas para Couto provavelmente ele não ficaria no cargo por muito tempo.
Excelente (5/5)
Não há muito o que dizer, o cara é um gênio. Ele fala de assuntos diversos e cada capítulo é melhor que o outro. PartiNdo de anedotas, lendas, mitos, tradições ou episódios pessoais, todos maravilhosos, realiza análises profundas e sensíveis.
Incendiadores de caminhos: em uma das comunicações, Mia Couto relembra que foi chamado, como biólogo, por autoridades estrangeiras para fazer uma campanha contra as queimadas em Moçambique. Ao examinar algumas propostas, ele notou que muitas das queimadas eram atribuídas aos “incendiadores de caminhos”, pessoas que são espécie de embaixadores das comunidades e vilas do interior do país.
Eles realizam visitações de uma aldeia a outra para conversar e passar informações entre as comunidades. E tradicionalmente, eles procuram fazer pequenas queimadas da vegetação rasteira para marcar seu caminho e mostrar as teias diplomáticas de Moçambique. Partido dessa fabulosa tradição, ele fala sobre idioma, modernização, viagens e proteção ambiental.
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