Encontro com Rama – Arthur C. Clarke
Tradução: Susana L. de Alexandria – Editora Aleph
Ano de Lançamento: 1973 – Minha Edição: (3ª) 2020 – 286 páginas
Há alguns anos atrás uma notícia astronômica mexeu com a imaginação de muita gente; um objeto interestelar, externo ao sistema solar, pela primeira vez que a humanidade pôde captar, passou por nosso quintal. Em formato de charuto, ele passou a apenas 30 milhões de quilometros da Terra, seguiu em direção ao Sol, de onde pegou força e seguiu em direção a outro sistema. Ele foi batizado Oumuamua, em havaiano, homenageando o laboratório que o descobriu, no arquipélago.
É a vida imitando a arte: seu nome poderia ser muito bem (como alguns lembraram em 2017) Rama.
Nesta obra de Artur Clarke, a humanidade se vê defrontada com um mistério similar. Um objeto cilíndrico chega ao sistema solar, vindo dos confins da galáxia, e os terrestres querem pesquisar. Bom, mais ou menos, embora todos sejamos oriundos da Terra nesta história, a nossa civilização se expandiu para inúmeros planetas e luas do entorno, Mercúrio, Marte, Lua, Ceres… e, nesse futuro, a as disputas políticas e sociais se dão entre os representantes de cada uma dessas colônias.
Entretanto, essas querelas humanas subitamente se mostram insignificantes depois que, assim que a equipe de exploração chega no objeto, batizado de Rama, a primeira conclusão é clara: não se trata de nada natural, foi construído por alguma espécie inteligente de fora do sistema solar. Sendo assim, a obra se desenrola através da exploração desse objeto tão misterioso.
É um texto de ficção científica mais “hardcore“, no sentido de algo mais de nicho, conversando com um público mais específico. Há poucos momentos de ação ou drama pela obra, os conflitos são guiados pela forma de exploração e interpretação do que os protagonistas encontram em Rama. Não chega a ser um Solaris, por um lado, focando nas teorias sobre o contato, nem um Enigma de Andrômeda, de outro, exaustivamente focando nos procedimentos.
Encontro com Rama tem um ritmo muito bom, e dentro dos limites do gênero, um relativo realismo de tudo que está acontecendo em sua estória – o que, por outro lado, também não tem nenhum grande conceito ou inovação muito única criada aqui. O charme da obra fica na imaginação da geografia interna de Rama, um pequeno mundo cilíndrico. Vale a pena googlar depois imagens desse interior, são desenhos belíssimos feitos por vários leitores.
Mas, sabendo, acima de tudo, equilibrar bem o mistério e a interpretação dos personagens sobre o que estão vendo, com situações de perigo enfrentados dentro do bizarro objeto. Os conflitos entre os exploradores praticamente não existem, sendo a carga de desavenças entre os personagens depositadas entre os representantes de cada colônia. Esse tom mais leve e equilibrado tem como resultado uma leitura bem agradável e instigante.
Bom (3,5/5)
Não contém nenhum grande mistério ou reviravolta; o foco da obra é na exploração de rama, suas possibilidades, e, especialmente as dificuldades enfrentadas pelos protagonistas com o funcionamento daquele objeto. Acima de tudo, o texto tem um excelente equilíbrio entre as reflexões levantadas e os perigos desafiados pelos personagens, garantindo uma leitura muito agradável.
Continuações: de forma muito tímida, o livro abre margem para seqüências, não diretas, mas temáticas. Apesar de Clarke negar que tinha isso em mente, elas ocorreram 15 anos depois. Com uma nova trilogia sobre os mistérios de Rama, escrito a quatro mãos com o amigo Gentry Lee, se passando setenta anos após este aqui.
O Enigma de Rama (1989), O Jardim de Rama (1991) e A Revelação de Rama (1993) não tiveram o mesmo sucesso do original. Com menos lacunas, vai fundo na mitologia do objeto e tem muito espaço para conflitos entre os personagens, contando a trama da exploração do segundo Rama que entra no sistema solar.
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