Star Wars sempre foi um blockbuster, apesar de nosso amor e posteriores desenvolvimentos dele, nunca houve muita profundidade em seu enredo e faltam alegorias sociais, culturais ou políticas mais ambiciosas, especialidades da Ficção Científica. Este, inclusive, é um dos pontos que pode ligar Guerra nas Estrelas mais à fantasia que à Ficção; a preocupação é mais em criar as regras daquele mundo fantástico – em especial o que é ligado à Força – que desenvolver, por exemplo, as questões sociais.
Inclusive, quando a Ameaça Fantasma apresentou um enredo mais complexo (e mais burocrático) “as taxas de comércio estão estrangulando a economia da galáxia“, dizia o letreiro inicial, isso foi fortemente rechaçado. O Episódio I tem seus graves defeitos, mas o plano de fundo envolvendo à Federação de Comércio, a República e Naboo é muito inteligente. Apesar de pontualmente algumas coisas aqui e ali, Star Wars só foi retomar um lado B, ou mais mundano, da Galáxia em Rogue One, o primeiro longa spinoff, e a única coisa boa que a administração Disney conseguiu levar as telonas.
Não é coincidência que os personagens e contexto escolhido para retomar uma obra de Star Wars sem nenhum Jedi sejam os mesmos daquele filme.
Agradou: Melhor retrato do Império e da Aliança até o momento.
Em Andor mergulhamos fundo na repressão que o Império submete à galáxia, algo que sempre ficou apenas subentendido, já que os filmes focaram nos combates militares que envolvem os personagens – o que fez surgir os nojentos fãs do Império e Darth Vader. Aqui temos o retrato da completa desolação e infelicidade imposta aos povos daquele universo.
Em todos os aspectos; desde a exploração que o Império (no caso ainda a República em franca decadência) impôs ao planeta natal de Andor com a mineração, até o sistema de justiça que passa a prender qualquer um para alimentar mão de obra escrava. Desde a repressão que tortura umas pessoas para atingir outras, à entrega de administração de regiões inteiras à iniciativa privada – que tem a mesma liberdade de repressão. Sem sombra de dúvidas a imagem mais realista e mais cruel do Império.

Por outro lado, a Aliança Rebelde, que ainda não existe como tal, também recebe uma abordagem igualmente realista. Composta por pessoas com motivações muito heterogêneas; uns buscando vingança, outros completos idealistas; outros que foram sem escolha, como Andor, e uns por motivos claramente políticos (em um bom sentido), como Mothma – não por acaso, os protagonistas do seriado dada essa oposição.
Não apenas em motivações mas também em personalidades e dramas internos, nossos rebeldes são personagens muito ricos. Cassian, dissimulado constantemente vê as coisas saindo de seu controle; Mothma cada vez mais preocupada e melancólica; Luther, sua frieza é uma força mas ao mesmo tempo é a característica que ele mais odeia.
Andor é uma obra tão tridimensional, e um passo muito grande na relevância de Star Wars, que custo a acreditar que saiu da fábrica de enlatados da Disney.
- Gostei muito da trilha sonora. Apesar de contar com raros acordes que remetam aos temas clássicos de Star Wars, são melodias bastante dramáticas e também psicodélicas, além de trabalhar muito bem com sons diegéticos (produzidos dentro da cena), incluindo músicas.
- Muito bons também os visuais. Levando ao limite a noção de “Futuro usado” ou “futuro velho” de Guerra nas Estrelas, temos as novíssimas instalações imperiais que continuam parecendo que se passam nos anos 70 de um lado, e a precariedade de Ferrix e dos Rebeldes, nitidamente são todos objetos de segunda mão.
- Poucas obras de Star Wars mergulharam tão fundo no cotidiano daquele universo ficcional; temos pessoas comendo, usando transporte público, fazendo compras; sendo presas como prisioneiros comuns, indo ou voltando do trabalho. É Guerra nas Estrelas sem Jedi em seu ápice.
- Gostei demais também das referências artísticas utilizadas por todo o seriado em vários momentos; em alguns capítulos parece que estamos assistindo filmes sobre a resistência francesa na II Guerra Mundial, em outros que estamos vendo Blade Runner; em um temos um filme de assalto (heist movie), em outros, filmes de sobre insurgência civil lembrando A Batalha de Argel. E a série é tão maravilhosa que esse trânsito entre os gêneros e temas em momento algum coloca em dúvida sua identidade, pelo contrário, é tudo muito coeso.

Não Agradou: arco da senadora e abuso da forma de produção.
Sempre achei Mon Mothma umas das personagens mais fascinantes, mesmo criança me impressionava por sua brevíssima aparição quase angelical e ao mesmo tempo imponente em O Retorno de Jedi, e fiquei muito triste quando descobri as cenas deletadas em A Vingança dos Sith, que a colocava em conjunto com Bail Organa na criação de uma oposição ao nascente Império. Portanto, foi uma agradabilíssima surpresa quando notei que ela seria uma protagonista de Andor.
Entretanto, conforme os capítulos foram passando, acabou que se tornou a parte mais chata de Andor. Não chega a ser ruim, o arco é tão adulto quanto o resto do seriado, contribui muito com o lore de Star Wars e a história da Aliança Rebelde e tem um sentido político muito coeso. Entretanto, as cenas foram mal escritas olhando em conjunto, sempre repetitivas, com festas em seu apartamento, cara quem comeu e não gostou de seus familiares. A impressão é até de problemas na produção, como estouro de orçamento ou disponibilidade de atores, que impediram desenvolver melhor esse núcleo.

E, falando de produção, Andor mergulhou fundo como série nativa de streaming, o que impactou em decisões controversas. Lançando os três primeiros episódios juntos, isso gerou, na realidade, um primeiro capítulo dividido em três partes boas, mas nitidamente parte de um único ato. Se era para ousar e mergulhar no formato on demand, era o caso de fazer então um único grande primeiro episódio. Da mesma forma, sabendo que já estava renovada para uma segunda, e última, temporada, decidiu por um final sem conclusões definitivas e sem epílogo, apenas com teasers da próxima edição.
- Um problema que particularmente fiquei com a pulga atrás da orelha é com relação à cronologia do universo canônico que Andor está estabelecendo, se passando 5 anos antes de Rogue One (e de Uma Nova Esperança), o que chamaríamos de 5 ABY (BBY), indica que a Aliança Rebelde ainda não existia por um lado, mas que, por outro uma determinada grande construção se encontrava em estado avançado de completude (e muito próximo dos filmes). Gosto da noção de que a Aliança foi uma construção de vários grupos opositores, mas me incomodou o pouco espaço de tempo em que células totalmente independentes formarão uma frota e um grupo político tão forte. Veremos quanto tempo se passará entre as temporadas, já que ela deve se conecetar diretamente à Rogue One que passa dias ou horas antes do Episódio IV.
Episódios
S01E01: Kassa – Alguns anos antes de ser uma peça-chave na Rebelião, Cassian Andor vive entre os marginalizados do Império: um ladrão que vende coisas no mercado negro da periferia da Galáxia, em um setor completamente arrasado pela mineração. Seu objetivo de vida é encontrar sua irmã, desparecida há anos, e, em uma de suas buscas, ele acaba assassinando dois funcionários da empresa que detém o monopólio da extração na região.
Ainda que não revele exatamente muito sobre a direção que o enredo vai tomar, como deste ponto vamos chegar em Rogue One, a série foi muito competente em mostrar sua direção de abordagem: completamente dedicada ao lado B do universo de Guerra nas Estrelas, o que pode ser muito enriquecedor – eu, particularmente, amo Rogue One e simpatizo muito com o personagem.
Guardando algumas similaridades com as estruturas narrativas dos seriados anteriores, em especial Kenobi, este pontapé inicial acaba se dedicando mais a contextualizar o protagonista que em avançar a história. Mas a semelhança por enquanto acabou aí, porque, se não empolga pelo conteúdo, é uma esperança através de sua abordagem depois dos últimos seriados tão pasteurizados.
Bom (3/5)

S01E02: That would be me – Apesar de seus esforços, Cassian já está no radar da segurança da empresa de mineração; ainda que ele não saiba disso. Aparentemente sua melhor chance de escapar é o misterioso comprador que sua amiga Bix chamou até o planeta.
Sabendo aproveitar que foram lançados os três primeiros episódios em um bloco, a série consegue ditar o próprio ritmo com calma, contextualizando e introduzindo cada personagem de forma lenta, ao mesmo tempo em que se aproveita para focar no clima. Com vários jogos de luz, tem um visual que lembra bastante um Techo-Noir (como Blade Runer), mas não apenas nisso, mas em toda a pegada de submundo.
A cada movimento errado, cada tentativa fracassada, cada mentira contada, Andor está cada vez mais derrotado e mais encurralado, e isso é extremamente interessante pois ele não é um personagem que se esforça para conquistar os outros pelo carisma, mas sim por uma nítida manipulação. É um dos personagens mais complexos de Guerra nas Estrelas.
Entretanto, ainda incomoda o quão pouco o enredo caminha.
Bom (3/5)
S01E03: Reckoning – A equipe de segurança da Samarco do universo Star Wars faz um pesado cerco em toda a cidade atrás de Cassian, enquanto isso ele corre contra o tempo para concretizar a venda do rastreador imperial roubado. Entretanto, nosso (anti)herói está prestes a descobrir que esse comprador pode ser um contato importante que mudará sua vida.
Todo o esforço de contextualização feito até agora é coroado neste capítulo tenso do início ao fim. O que não poderia ser alcançado sem os trabalhos maravilhosos de todos os atores envolvidos. Claro que Diego Luna faz um trabalho excepcional, mas o veterano Stellan Skarsgard rouba a cena e transmite uma autoridade inquestionável em todos os momentos. Da mesma forma, entre os vilões, tanto o tenente quanto o sargento se saem muito bem na pele do oficial inexperiente e do praça linha grossa.
Destaque também para os coadjuvantes, como Bix, seu namorado e o colega minerador de Cassian – que mesmo em pequenos diálogos, mas especialmente expressões e olhares, transmitem muita sensibilidade com o drama que estão vivenciando. O ponto fraco me parece justamente a personagem de Maarva, que ficou no lugar comum da “velinha caridosa e cuidadosa que parece frágil mas não é”.
A abordagem da série é impecável neste fechamento do primeiro ato; o saldo é de uma melancolia e desespero para todos os envolvidos, mesmo para os mocinhos que saem “vitoriosos” – o que reflete, como poucas vezes vimos em Guerra nas Estrelas, a tristeza e a opressão de viver no Império.
Excelente (5/5)
S01E04: Aldhani – Entrando no segundo ato da temporada, o seriado expande seu escopo de uma forma excepcional. Somos apresentados a três novos núcleos muito bem conectados entre si: Andor se junta a uma pequena célula Rebelde no planeta que dá nome ao título e é apresentado aos seus membros; o misterioso homem nos leva a revisitar Mon Mothma; e a ação dos protagonistas é examinada por oficiais da inteligência imperial.

É surpreendente o capricho do seriado, apesar de ser um episódio mais parado, faz um excelente trabalho de transição suave entre dois atos separados da história – ao mesmo tempo que mantém uma coesão e conexão entre eles. Temos um efeito colateral, que acaba sendo justamente um andar mais lento, entretanto, não há atropelo e permeia por todo o capítulo uma profunda sensibilidade com os personagens e o contexto. Toda cena, toda pessoa, todo enredo, é melancólico e triste, um retrato magnífico do que seria viver no auge do Império.
Bom (3,5/5)
S01E05: The Axe Forgets – A célula da Rebelião já se dirige à guarnição imperial para colocar seu plano em marcha, mas nesta jornada um pouco de roupa suja será lavada entre Cassian e os demais. Enquanto isso, assistimos ao movimento de vários outros personagens: a inteligência imperial tenta ligar os pontos de diversos incidentes e estabelece uma base em Ferrix (o planeta onde ocorre o primeiro ato), Karn – o tenente das forças de segurança privada – vive um pequeno inferno na casa de sua mãe, e a senadora Mothma tem problemas familiares.
Um dos melhores indicativos de quão boa e quão caprichosa está Andor é como esses vários núcleos em movimento são bem conduzidos; somente apenas ao escrever a sinopse acima eu percebi quanta coisa diferente ocorreu. Sabendo dosar bem e rimar as pequenas histórias – dois personagens têm problemas com a família, dois oficiais imperiais tentam resolver o mesmo mistério com duas abordagens diferentes – nada é atropelado e tudo caminha junto.

Da mesma forma, sempre fica claro que estamos acompanhando a mesma história. Privilegiando a jornada de Cassian, o protagonista, sempre fica claro como estamos assistindo aos desdobramentos de suas ações mesmo nos personagens em Coruscant e no Império. A única história um pouquinho mais solta é a de Karn, mas esse deslocamento se traduz num saudável mistério e ansiedade sobre como ele voltará a confrontar nosso herói.
Mas o que chama, definitivamente, a atenção são os diálogos. É até de se espantar – e desconfiar sabendo que eles vêm de uma gigante coorporativa especializada em propaganda liberal como a Disney – o quanto sensíveis e diretos eles são. Há críticas ao autoritarismo e à exploração econômica, como também alegorias e diferentes motivações; é, até agora, a melhor abordagem da Aliança Rebelde que já fora feita no cânon principal de Star Wars.
Muito Bom (4/5)
S01E06: The Eye – Finalmente a célula rebelde inicia seu ataque à guarnição imperial. Com duas frentes, uma disfarçada de soldados, e outra infiltrando-se sorrateiramente na instalação, o plano começa a agir no momento em que se iniciam as cerimônias da população local para assistir o espetáculo celeste no templo de pedras, localizado a frente do complexo militar.
Sabendo deixar bem discreto os aspectos futurísticos de Star Wars, ao mesmo tempo se apropriando muito bem a estética de “futuro usado” estabelecida por George Lucas, este episódio acaba mais se assimilando a filmes de guerra dos anos 50 e 60, como Os Canhões de Navarone, O Trem, Fugindo do Inferno – o próprio grupo rebelde lembrava muito as representações da Resistência Francesa. O resultado é excepcional, o capítulo te deixa na ponta do sofá do começo ao fim. Não poupa contratempos, cenas bonitas, ferimentos, mortes de personagens importantes, absolutamente tudo além da morte de Cassian pode acontecer. Mesmo após o término do assalto, o suspense continua, e a última cena, na loja de um personagem, é simplesmente fabulosa.

Para além da ação e tensão, ótimas, os diálogos continuam em plena forma, maravilhosos e profundos. Os oficiais imperiais conversando estão entre os maiores diálogos não só de Guerra nas Estrelas, mas de toda a Ficção Científica, se é que SW pode ser considerada uma. A explicação de como o Império fez para acabar com a peregrinação e a cerimônia é fantástica – e cruel, é bom pontuar; minha admiração é à alegoria tão certeira aos Impérios coloniais que existiram (e ainda existem) no nosso passado.
Excelente (5/5)
S01E07: The Announcement – O ataque em Aldhani repercute na galáxia. O Império recrudesce e aperta o cerco contra a população em vários pontos diferentes da Galáxia; assistimos aos diversos personagens do seriado reagirem ao assalto à guarnição imperial – mas para Cassian, a maré de azar parece não ter fim.
A série pisa no freio após uma sequência cada vez mais complexa e intensa de capítulos; o ritmo diminui consideravelmente ao abrirmos novamente o leque para abordar vários e diversos núcleos; todo mundo tem um espaço aqui, Mon Mothma, Luthen, Karn, os oficiais da inteligência imperial e mesmo as pessoas em Ferrix, o planeta “natal” de Cassian, que não recebia tanta importância nos últimos episódios.
Toda a representação dessa “ressaca” do atentado é ótima e muita madura, como Andor sempre vem sendo. Particularmente não gostei que houve quase um cavalo de pau no retrato da Aliança; de radicais idealistas passaram a frios políticos. Alguns diálogos mais refinados poderiam deixá-los mais tridimensionais, mas no geral o nível se manteve alto. Muito embora, invariavelmente, o episódio se torne mais parado se comparado a sequência anterior e não seja dos mais empolgantes.
Bom (3/5)
S01E08: Narkina 5 – Depois de ser preso aleatoriamente, Cassian vai parar em um presídio de alta tecnologia, e alta brutalidade, no qual ele será submetido a trabalho escravo para o Império. Enquanto isso, a galáxia ainda vai reagindo de diferentes formas nas diversas facções envolvidas na política – em especial, temos o aparecimento de um velho conhecido rebelde.
Temos um episódio totalmente focado na contextualização dos personagens, o núcleo de Ferrix volta, enquanto a Aliança Rebelde, ou o que viria a ser tornar ela, começa a tentar se articular – gostei muito do diálogo entre os dois personagens sobre as várias facções em disputa pela insurreição, bastante realista. Bom também é o encontro entre os dois investigadores que perseguem Andor – e, claro, bastante irônico o fato dele estar preso.
O foco acaba sendo na triste realidade que Cassian acabou sendo jogado, claro, ele é o protagonista, e o cenário é realmente desesperador. Mas muitas peças estão se movimentando. Nesse sentido, um ponto fraco, acredito que vem sendo o arco de Mon Mothma, eu entendo a trajetória que ela está fazendo, buscando de forma sorrateira novos aliados, mas é uma rotina repetitiva – ao menos poderiam mudar o cenário das suas conversas, não aguento mais as festas em sua cobertura enquanto vemos seu esposo e filha com cara de bunda.
Mediano (2,5/5)

S01E09: Nobody’s Listening! – Enquanto a inteligência imperial vai juntando cada vez mais peças para entender as conexões de Andor com o assalto em Aldhani; nosso protagonista continua vivendo sua distopia dentro da prisão, mas de olho em uma saída, tenta convencer os outros prisioneiros em bolar algum plano de fuga.
Algumas conexões são mostradas entre os personagens, enriquecendo ainda mais os protagonistas e finalmente Mon Mothma começa a aparecer mais no senado – e suas cenas na tribuna são interessantíssimas, vendo como o sistema vai falhando cada vez mais, justamente co, o apoio dos envolvidos. Ainda assim, apesar de gostar dela, o seu arco continua sendo o mais maçante. Nesse meio tempo, assistimos a um doentio romance nascer, o que foi aleatório, mas achei ótimo.
É muito bom ver como a série começa a acelerar seu ritmo narrativo de forma muito orgânica – isso aqui é uma obra prima de seriados mesmo: o que rouba a cena, o episódio inteiro, na verdade é a rotina na prisão que de forma gradual começa a se modificar e gera uma reviravolta fenomenal, na qual sabemos que vai gerar desdobramentos. Isso é muita competência narrativa.
Bom (3,5/5)
S01E10: One way out! – É chegada a hora! Cassian consegue convencer colegas chaves para tentar sua fuga da prisão; no momento em que outro prisioneiro é transferido para a sua ala, eles tentarão escapar.

Magistral. O capítulo consegue ir acumulando tensão e suspense um pouquinho de cada vez e você passa a transbordar ansiedade para saber do desfecho da tentativa de fuga, e tudo isso sem extravagâncias. O plano é relativamente simples, as ações tomadas são básicas e nunca há confusão na geografia labiríntica da prisão.
Dedicado quase que integramente ao plano de fuga e a luta para sair de prisão, sobra pouco espaço (e fôlego!) para falarmos de outra coisa. Mas assim mesmo, uma cena final entre Luthen e um outro personagem que, além de carregar uma reviravolta, nos traz um diálogo profundo sobre os compromissos e sacríficos que uma vida de luta exige das pessoas.
Excelente (5/5)
S01E11: Daughter of Ferrix – Enquanto Cassian tenta fugir do planeta onde ficava a prisão e reaver seus pertences, em Ferrix sua mãe adotiva faleceu. Ela, como uma importante membro da sociedade local, receberá um funeral muito tradicional que durará alguns dias. Sabendo da possibilidade de Andor ir até lá, o Império prepara uma grande operação.
Mais um episódio limitado à contextualização dos personagens, e mais uma vez acerta em cheio. Escrito de forma magistral, vemos como cada um dos núcleos (e que, coincidentemente, estão todos atrás do protagonista) vão sabendo da morte de Maarva e chegam à conclusão de que poderão capturar Andor, criando um senso de antecipação cada vez melhor.

Enquanto isso, com os poucos pontos que não estão envolvidos com o rendez-vous em Ferrix, o episódio vai se preenchendo, novamente, com maravilhosos diálogos. Até o repetitivo núcleo da senadora ganha uma nova dimensão com a contraditória postura conservadora de sua filha – admito que apesar de achar a parte mais chata da série, estou muito curioso com o desfecho da família de Mothma. Muito embora, o que rouba o capítulo é a mais-que-tensa conversa entre Luthen e Guerrera.
Muito Bom (4/5)
S01E12: Rix Road – Todos os personagens se reúnem em Ferrix para o grandioso e comovente funeral de Maarva, a ser realizado na principal rua do planeta inteiro (coisas de Star Wars); Inteligência Imperial, Rebeldes e nosso protagonista – que é alvo de um plano assassino dos dois grupos.
O capítulo ainda consegue carregar muita energia para antecipar este encontro final ao acompanharmos todos os personagens chegando para a cerimônia; seriam até sequências mais paradas, mas a antecipação dá muita energia a tudo. E surpreendendo a todos eles (e a nós, expectadores) as rapidamente, de forma muito natural, nos vemos direto no olho do furacão.

Todas as cenas envolvendo o funeral (a música é maravilhosa) e a posterior ação envolvida são ótimas e comoventes. As expressões dos oficiais imperiais descontrolados e desorientados são fabulosas – impossível não sentir nojo desses vermes space-nazis, o ódio pelo Império borbulha tanto no sangue dos personagens quanto no nosso – assim como a do jovem envolvido na estratégia dos insurgentes, que faz um belo trabalho com praticamente nenhuma fala.
Entretanto, o seriado, que já nasceu renovado, toma uma opção – que é comum atualmente nesta era de streamings, e que Andor usou e abusou nos primeiros episódios – de contar a história desde final pela metade com um desfecho anticlimático. Não há gancho ou mesmo suspense, simplesmente o episódio interrompe as narrativas após posicionar, mais ou menos, o caminho que cada um dos personagens tomaria.
É um final que mantém a linha de maturidade que a série teve por toda sua temporada e merecia encerrar assim, mas com um final, em termos de opção narrativa, que ela também já havia escolhido.
Muito Bom (4,5/5)
Melhor Episódio
The Eye – O arco em Aldhani tem os melhores diálogos em toda Guerra nas Estrelas; nos episódios anteriores, temos as falas dos Rebeldes sobre o porquê da luta e suas motivações; e neste aqui, as primeira conversas entre os oficiais imperiais são ótimas (em um mau sentido, dada a crueldade) e apresenta o ponto de vista da repressão. É absolutamente imprescindível assistir este arco para todo fã de Star Wars em qualquer mídia.

Claro que não só de palavras inteligentes se faz uma série; e neste episódio em específico temos todo o resto necessário; drama, tensão, ação, mistério, suspense, efeitos especiais… é o melhor episódio já feito em todas as séries deste universo até o momento.
Além dele, a fuga da prisão em One Way Out! é fantástica, ainda que sem muita profundidade.
Pior Episódio
Narkina 5 – Acredito que o ponto baixo da temporada, apesar do desfecho excepcional, foi a fase de Andor dentro da prisão. Foi um ponto interessante para aumentar o ódio dele pelo Império e assim estabelecer melhor suas motivações, e mostrou mais uma face de sistemas autoritários que costuma ficar de fora da maioria das representações do entretenimento de massa, que é o uso do aparelho judiciário em crimes banais; ainda com trabalho escravo envolvido.
Entretanto, acabou sendo um momento da trama que andamos em círculos. Apesar de mostrar como Melshi e Cassian se conheceram, e o espaço deveria ser preenchido pela trama secundária da série, a história de Mon Mothma, este que, por sua vez, foi o ponto fraco. Ainda que carregue todas as qualidades de Andor, se tornou repetitivo, como comentamos no início do texto, o que sentimos neste episódio, quando este núcleo precisou carregar o ritmo adiante da série.
E, falando em ritmo, os dois primeiros episódios Kassa e That Would be Me abusaram de serem entregues ao mesmo tempo e caminharam muito pouco com o enredo do seriado.
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