The Expanse
Um capítulo atrás do outro, ação, tensão, suspense e um pouco de terror; vamos relembrar um por um desta primeira temporada.
S01E01 – Dulcinea: Todo primeiro episódio de uma série de Ficção Científica tem mais responsabilidades que de qualquer outro gênero, afinal ele precisa apresentar além de enredo e personagens, todo um universo. No caso de The Expanse, um futuro.
Somos introduzidos há uma gama de personagens mas em especial a um futuro muito próximo do que poderia existir, especialmente em estética e tecnologia. Parte dessa verossimilhança é conquistada através de uma abordagem bastante pé-no-chão mas também pessimista do futuro, em pessoas e organização política e social.
Isso tem um efeito um pouco colateral em termos de estréia de um seriado, porque no fundo a impressão que os personagens passam é que eles não valem muito a pena não. Prejudicando a nossa empatia por eles e nosso interesse (e torcida) por seu futuro.
O capítulo não foi um piloto, a temporada já foi encomendada completa desde sua produção. O que fez com que os roteiristas abusassem um pouco em mistérios e lacunas já no primeiro episódio, testando a paciência dos espectadores; e deixando a dever um fechamento.
Muito Bom (4/5)
S01E02 – O Grande Vazio: Após um primeiro capítulo cheio de mistérios, tensão e uma abordagem entre drama, suspense e terror, este segundo episódio se mostra menos interessante. Acompanhando a investigação pouco frutífera de Miller no apartamento de Julie Mao, intercalada com os desafios da tripulação restante para ter alguma chance de sobrevivência, a trama acaba patinando de certa forma.
O capítulo anterior prometeu muito em mistério e lacunas e este cria uma frustração pois faz muito pouco para nos ajudar a desvendá-los, pelo menos até o final. O último ato de Holden foi um clímax de tensão e um grande gancho salvando o capítulo e talvez garantindo que muitos espectadores não abandonassem a série.
Ruim (2/5)

S01E03 – Lembrem-se da Canterbury: As repercussões da mensagem de Holden fazem a série dar um passo a frente em complexidade da trama e na abordagem política. As ramificações deste ato serão sentidas por muitos episódios ainda. O vazamento intencional de certas informações foi uma situação muito inteligente.
Enquanto isso, o primeiro encontro com os marcianos – ou melhor, os humanos de Marte – é bem interessante. Tanto porque eles se demonstram bastante críveis também, como eram os terráqueos e belters, quanto pelo clima de tensão que a tripulação, que não são muito mais que conhecidos, fica ao desconfiar uns dos outros.
Bom (3,5/5)
S01E04 – Combate a curta distância: Concentrando a maior parte do episódio no combate na Donnager, é um capítulo repleto de tensão e ação; é a primeira vez que vimos um combate espacial das naves deste universo e é bastante interessante em ver como eles funcionariam em uma Ficção tão verossímil, e não desapontou embora – ou talvez justamente por isso – não teve espetáculo.

O destino da nave marciana também coloca mais uma camada de mistério à trama geral da série, embora as possibilidades dos atos serem frutos de uma outra facção não fosse tão inesperado assim. Enquanto isso, a investigação de Miller, embora nos apresente a aspectos mais intimistas daquele universo, o que é sempre interessante, continua como o elo fraco pelo pouco sucesso que ele vem tendo e ocasionando um ritmo lento e confuso das descobertas.
Muito Bom (4/5)
S01E05 – De volta à Estação Anderson: Um episódio mais preocupado em lançar bases para futuros acontecimentos, os núcleos pouco se movimentam e nos são apresentadas mais informações sobre novos personagens que chegam a trama: Fred Johnson, antigo oficial da marinha terrestre, dono de um passado nebuloso, e Anderson Dawes, uma liderança da OPA.
O título em inglês é “retorno do açougueiro”, apelido de Johnson, história explicada através de flashbacks – recurso que não é utilizado com freqüência pelo seriado, o que os torna um pouco deslocados; demorei a perceber que eram eventos passados. Enquanto Dawes é apresentado cara a cara com Miller em diálogos bem interessantes.
Mediano (2,5/5)
S01E06 – Fundo do poço: Partido de propósitos parecidos com os do capítulo anterior, este se dedica a colocar mais elementos para desenvolvimentos posteriores. Entretanto, de maneira muito mais interessante. Desta vez é a trama de Miller e sua investigação que anda em ritmo mais acelerado, e com ação e suspense – mais uma vez as descobertas fazendo pouco sentido para nós, mas passamos a entender que isso é mais premeditado que falha de roteiro, dada a reação despertada em outros personagens.
Enquanto isso, o encontro da, agora, tripulação da Rocinante com Fred Johnson é frutífero em uma direção inesperada, ele acredita na versão deles e também já os encaminha para uma missão que pode ajudar melhor a entender o que houve.
Bom (3/5)
S01E07 – Moinhos de Vento: quase um “episódio dentro de uma garrafa” – bottle episode, na expressão original em inglês, que significa um capítulo que se passa quase que totalmente em um único ambiente com o menor número de personagens possíveis – acompanhamos pela maior parte do tempo a Rocinante tentado despistar uma patrulha marciana; o que é feito de forma razoável mantendo a atenção.
O ponto fraco é a visita à família de Holden na Terra, acredito que alguma coisa se perdeu na adaptação do livro, pois as características e motivos daquela organização familiar ficam bem confusos. Eles eram uma espécie de Amishes? Mórmons? Hippies? Só dá para entender uma informação que já sabíamos do protagonista: ele não gosta de sua origem.

Mediano (2,5/5)
S01E08 – Missão de resgate: Um episódio muito satisfatório ao apresentar os dois núcleos principais da história se encontrando. A aventura da Rocinante e sua investigação é bem interessante e recupera os elementos de terror que apareciam no primeiro capítulo, tensão durante o todo o tempo.
A condução tanto da jornada dos sobreviventes da Canterbury quanto a Miller é muito bem feita, além da tensão natural das situações que eles estão enfrentando, ficamos muito ansiosos para seu encontro. E que, quando acontece, nos é recompensado com mais tensão ao final do capítulo, quando finalmente descobrimos o destino de uma personagem.
Excelente (5/5)
S01E09 – Massa crítica: O episódio é aberto com um flashback que finalmente soluciona o mistério em que todos estavam correndo atrás na temporada: a história de Julie Mao. Assistimos a tudo que ela passou, unificando as pistas que tínhamos de seu paradeiro até então, com um final bem comovente.

Após isso, somos levados a uma transição entre um mistério, agora solucionado, a outro: quem está manipulando a matéria azul e qual o propósito? E já sabemos que não são novos heróis a partir do momento que eles implantam um isolamento na estação.
Um capítulo muito bom tanto do ponto de vista de enredo, fazendo essa mudança de foco através dos novos eventos do roteiro e ameaças aos protagonistas sem muita exposição, como de produção: vários cenários e núcleos, cenas com muitos figurantes e extras.
Muito Bom (4,5/5)
S01E10 – O Despertar do Leviatã: Lembrando muito Resident Evil, a Estação Eros é transformada numa espécie de Racoon City espacial (mas sem zumbis): é submetida a exposição de radiação mortal e à proto-molécula. Os protagonistas, separados em dois grupos, precisam encontrar seu caminho até a Rocinante.
A jornada dos dois grupos claramente tem uma melhor que a outra: enquanto um pedaço da turma fica navegando por túneis, a outra está com possibilidade de morte eminente e enfrenta um desafio atrás do outro. Isso prejudica um pouco o equilíbrio do episódio, para compensar, é criada uma tensão final com um personagem mais recente que não fez muito sentido, senão justamente tornar aquele grupo mais interessante aos espectadores.

Ao final, como uma espécie de epílogo, somos levados de volta a Terra para termos uma noção maior da conspiração que está por trás dos eventos. O que, na realidade, leva a mais dúvidas; a única frustração deste final de temporada é que as explicações oferecidas são, na realidade, portas para mais dúvidas: as respostas chegam nos capítulos anteriores e este último já é dedicado à plantar outros mistérios.
Muito bom (4,5/5)
Melhor episódio
Missao de Resgate – é difícil escolher apenas um capítulo desta sequência final por um motivo mais óbvio, de todos serem muito próximos em qualidade, mas, em especial, porque eles são muito “serializados”, cada um começa exatamente de onde o outro parou. Parecem todos um único grande episódio.
São muitos os pontos fortes: o grande crescendo para a união dos dois núcleos principais; as respostas aos mistérios apresentados no início da temporada; as sequências de tensão e ação; o clima que vai de noir, para terror, para uma espécie de pós-apocalíptico. E isso tudo é muito bem distribuído entre cada um desses três episódios.

O Despertar do Leviatã talvez seja um pouquinho abaixo dos demais por conta das opções de roteiro, que passa a se preocupar mais em injetar novos mistérios e tratar outros como totalmente resolvidos sem ser muito bem o caso. A trama do espião Kenzo, ele estava trabalhando exatamente pra quem, por exemplo?
Enquanto isso, em Massa Crítica, é uma espécie de interlúdio do arco dos protagonistas, vimos mais outros personagens agindo. Desta forma eu ficaria com o primeiro desse final triplo, pelo encontro entre os dois núcleos principais de forma muito interessante, em roteiro e ação.
Pior Episódio
O Grande Vazio – ironicamente, é um bom título para um episódio fraco. A temporada toda é muito regular e fica até difícil apontar um pior entre eles, mas este em especial vale pelo posicionamento dele como segundo capítulo. Nesse momento, em uma produção tão serializada, ele ainda está tentando conquistar o público.

O primeiro episódio é muito bom, mas tem um grave problema: os personagens não geram muita empatia, o que é acentuado neste episódio. Parecem ser pessoas desagradáveis, com motivos não muito nobres, e não te fazem torcer muito por elas. Dentro da nave os sobreviventes não se entendem muito bem. Já Miller é um policial meio escroto com os colegas, sua dinâmica com o parceiro certinho é bem clichê.
Além disso, este início de série é muito pouco didático sobre seu universo ficcional, e neste capítulo, por ser mais focado em diálogos e nos personagens, essa característica acaba se sobressaindo mais. Muita coisa é citada e conversada por eles como se todo mundo soubesse do que estão falando, e demora um pouco para pegar: por exemplo, embora esteja mais ou menos claro o que seja a OPA, sua introdução é bem confusa, e eu só descobri o significado das sigla após pesquisa.
Com o rolo compressor do worldbuilding – apresentação/construção do mundo ficcional – a todo vapor e pouca empatia gerada por personagens verossímeis demais, este capítulo pode não ter sido suficiente para conquistar os espectadores. Na minha experiência, assisti ao primeiro, não me cativou muito mas decidi assistir ao segundo, aqui parei na metade por outra razão e não continuei por vários anos.

Além desse começo um pouco conturbado – que olhando retrospectivamente é muito bom, digo tentando analisar como os primeiros contatos com a série – os episódios mais fracos são De volta a Estação Anderson, com flashbacks esclarecedores mas fora de lugar, e Moinhos de Vento, que cai novamente numa falta de didatismo sobre o universo do seriado.
The Expanse – Primeira Temporada
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