Redshirts

Redshirts – John Scalzi

Tradução: Petê Rissatti – Editora: Alpeh

Ano de Lançamento: 2012 – Minha Edição: 2021 – 367 páginas


Em um dos primeiros episódios da segunda temporada da Série Clássica de Jornada nas Estrelas; O Fruto Proibido, a equipe que desce ao planeta é composta de nove oficiais da Enterprise. Destes nove, 4 são membros da equipe de segurança, que vestem uniformes vermelhos de acordo com os regulamentos da Frota Estelar na época; todos os quatro morrem.

Essa ficou conhecida como a “maldição dos camisas vermelhas“, já que o recurso se tornou usual na TOS (e foi repetido com os oficiais vestido de dourado na era da TNG). E não só em Jornada nas Estrelas se tornou algo corriqueiro. A série inspirou todo o formato da Ficção Científica na TV posterior, incluindo a muleta narrativa de demonstrar o perigo da ameaça enfrentada pelos protagonistas ao matar seus colegas anônimos.

Aqui, em Redshirts, o autor faz uma sátira sobre como essa situação seria vivenciada, justamente, do ponto de vista desses personagens descartáveis. Acompanhamos a chegada de 5 novos alferes remanejados para a Intrepid a nau-capitânia da União Universal. Rapidamente, os novatos na embarcação espacial percebem que eles são apenas mais alguns de uma longa série de substitutos para tripulantes que morrem das maneiras mais absurdas e idiotas possíveis em seguidas missões de campo.

O começo do livro é mais dedicado ao humor; são várias ironias com recursos e vícios de seriados de Ficção Científica que genuinamente fazem os fãs desse gênero gargalhar. É engraçado demais ver essas situações a partir da ótica dos personagens, que tentam racionalizar coisas que não fazem o menor sentido para eles (mas fariam para a narrativa de um seriado).

Falando em narrativa, da metade para o final, o livro, ainda que repleto de finas ironias, toma um curso inesperado para mim, com os personagens tentando lutar contra a morte certa que todos os oficiais subalternos da nave estão condenados. Isso se desenvolve através de uma inteligente meta-história.

O final é um pouco abrupto e deixa algumas coisas em aberto, mas abertas justamente nessas últimas páginas, por isso passa a impressão de ter sido feito por puro capricho do autor, que pesa a mão na meta-história da coisa; o que não me agrada. Há ainda três epílogos distintos, que criam mais uma camada “meta” da história; um bastante interessante, sobre o próprio “autor”, outro razoável, e que explica uma ponta solta do fechamento da estória, e um último que realmente contribui muito pouco.

Um prato cheio para qualquer fã de seriados de Ficção Científica, de toda forma; você vai gostar tanto das tiradas mas, especialmente, do argumento principal e de sua resolução.

Muito Bom (4,5/5)

UMa inteligente ironia sobre várias das muletas narrativas dos seriados de Ficção Cienítifica; balanceando bem o humor e finas tiradas com uma complexa meta-estória.

Stargate Universe: a partir da publicação de Guerra do Velho, o autor se tornou muito prolífico, lançando quase 2 livros por ano, em média. Seu sucesso chamou a atenção dos produtores do terceiro seriado do universo de Stargate, em 2009. Muito controversa, o fracasso da série enterrou toda a franquia, que deixou de ser produzida após 14 anos ininterruptos no ar.

Scalzi foi consultor criativo de 39 dos 40 episódios de SGU. Dado os problemas e a péssima recepção do seriado – eu, pessoalmente, sou um grande hater – ao publicar o livro, com tantas alfinetadas a séries de SciFi, ele precisou explicar várias vezes que não eram indiretas ou críticas a Stargate Universe.


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Publicado por Lucas Palma

Paulistano, desde que me lembro por gente fascinado pelas possibilidades do futuro, em games, filmes e seriados, herança paterna e materna. Para surpresa geral, ao final da juventude descobri fascínio também justamente pelo oposto, me graduando e mestrando em História, pela Universidade Federal de São Paulo. Sou autor de Palavras de Revolução e Guerra: Discursos da Imprensa Paulista em 1932.

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