Babylon 5 (1ª Temporada) – Episódios


S01E01: Midnight on the Firing Line – Sem aviso prévio, a frota de Narn invade uma colônia agrícola dos Centauri, criando uma grave crise diplomática. Enquanto isso, estranhos ataques de piratas contra transportes cargueiros acontecem nas imediações da estação; um começo denso para uma série conhecida por sua temática complexa.

Uma teia de contextualizações e construção de mitologia própria é ativada neste episódio; e de forma bastante satisfatória é compreensível para nós. Rapidamente entendemos quem são os Centauri, os Minbari e os Narn e a posição da Terra nisso tudo. É incrível como em 40 minutos o capítulo consegue nos estabelecer bem naquele universo ficcional.

Há alguns diálogos expositivos que não parecem muito naturais, mas são necessários e não incomodam. O mérito é como a resolução daquela crise específica já é capaz de ir te encaixando no lore da série; sabemos que apesar da guerra a relação com os Minbari é cortês, ao contrário da com os Narn, ainda que não haja conflito direto. Tudo vai se estabelecendo organicamente.

O que incomoda um pouco, é o quanto os personagens ainda estão engessados e são muito calcados em arquétipos. Ivanova é a russa fria e bruta, mas com um passado sofrido; os americanos se dividem entre os sempre fi e os debochados; e assim vai. Falta muita tridimensionalidade para os personagens neste começo, ainda que o enredo seja complexo.

Uma questão a parte é que, na época, produzido em 1993 e exibido em janeiro de 94, este episódio foi a primeira vez que uma série de TV utilizou-se totalmente de efeitos computadorizados (CGI), criados através de um conjunto de 24 computadores Commodore Amiga. Justamente pelo pioneirismo, os efeitos envelheceram muito mal.

Avaliação: 5 de 5.

Excelente (5/5)


S01E02: Soul Hunter – Respondendo um pedido de ajuda, a equipe da estação resgata uma nave muito danificada e seu estranho tripulante muito ferido. Os humanos não se dão conta de quem resgataram, mas a maioria dos alienígenas e, em especial, os Minbari conhecem a fama dos caçadores de almas.

Contendo um pouco mais de misticismo do que esperava para uma série tão sóbria, a abordagem deste episódio consegue manter os pés no chão apesar de flertar com a sobrenaturalidade. O antagonista e sua espécie são personagens intrigantes e ameaçadores, como da mesma forma o seu desenvolvimento abre espaço para o aprofundamento de outros personagens principais, como as pistas sobre um mistério envolvendo a real identidade da embaixadora.

Um pouco inverossímil, mas se repete ao longo da série, e é importante para o mistério envolvido, é como os sensores da estação são incapazes de encontrar as coisas dentro dela. Assim como também é pouco lógico que o comandante da Babylon que sai em missões de “campo” e não outros oficiais.

Avaliação: 4 de 5.

Muito Bom (4/5)


S01E03: Born to the Purple – O embaixador Mollari se apaixona por uma dançarina erótica da estação e vive um grande romance, entretanto, o amor surge justamente durante as negociações entre os Centauri e os Narn para dar prosseguimento ao armistício selado após a invasão do primeiro episódio.

Há um lore sobre os Centauri desenvolvido aqui que será referenciado ao longo do seriado, configurando uma importância ao capítulo. Entretanto, para além disso – ou melhor, incluindo essa importante característica da espécie – só temos um punhado de clichês. Um homem rico e influente que se apaixona por uma mulher misteriosa, que tem segundas intenções, mas também descobre o verdadeiro amor… é só listar.

Ainda, a resolução do problema parte de uma situação simplória envolvendo as habilidades de telepatia, que covenientemente pescam a verdade a partir de uma intimidação, um preguiçoso recurso Deus ex machina.

Avaliação: 1.5 de 5.

Ruim (1,5/5)


S01E04: Infection – Um antigo conhecido do médico chefe da estação, um doutor em arqueologia, chega a Babylon 5 com uma incrível oportunidade ao colega. Ele encontrou uma tecnologia antiga mas muito avançada, com componentes bio-mecânicos, capaz de revolucionar as máquinas (e as armas) tal como a Terra as conhece.

Um capítulo de certa forma importante ao worldbuilding da série, interessante apontar como a pesquisa científica continua subordinada ao mercado no universo de Babylon 5. Entretanto, a partir daí, também o episódio engrena numa espécie de piloto automático do momento em que há a infecção do assistente. As coisas acabam sendo mal explicadas, até que ponto o professor sabia ou não sabia do que o assistente fazia, por exemplo, mas o “lore” daquela tecnologia tem questões boas, de como ela se reverteu contra a civilização perdida. Isso é muito inteligente, merecia um episódio melhor.

A conclusão acaba sendo um pouco fora de ritmo, fiquei com a impressão que tudo se resolveu cedo demais. Isso foi feito com o objetivo de deixar espaço fazer uma reflexão batida sobre o limite do desenvolvimento de armas e dos perigos do fascismo, certo, concordo.

Mas não deixa de ser algo capenga no contexto de Babylon 5, que até o momento é uma série muito militarizada. Nossos heróis são pura e simplesmente os EUA transplantados para séculos no futuro, e, em especial, no próprio desenvolvimento do episódio. No qual a explicação de como a arma é altamente destrutiva não ocupa um espaço central; é encontrada subitamente por um médico, entregue ao comandante, para depois ele tentar resolver na bala as coisas.

Avaliação: 3 de 5.

Bom (3/5)


S01E05: The Parliament of Dreams – Durante um importante evento sediado na estação, os diversos representantes alienígenas devem apresentar aos demais um importante rito religioso de suas culturas. As coisas parecem que não devem funcionar assim para os Narn, já que o embaixador G’Kar recebe a notícia de que um antigo rival está decidido a assassiná-lo.

A proposta desse simpósio religioso na estação é bastante interessante e rende, em especial, uma bela e marcante cena final. Mas infelizmente as questões religiosas acabam servindo apenas como um pano de fundo da boba trama sobre a paranoia de G’Kar, que é totalmente descolada do que se passa na estação. O ideal seria atrelar a trama do assassinato a algum ritual cultural Narn a ser feito na estação, por exemplo.

Mas o episódio decide tomar uma tocada cômica, que até rende um sorrisinho ou outro, mas nitidamente não é o forte da série, e desperdiça uma oportunidade de abordar um tema tão profundo como tolerância religiosa. Inclusive há uma espécie de mistério ensaiado, sobre a celebração Minbari funcionar também como um flerte, para ser esquecido totalmente ao longo do capítulo.

Avaliação: 1.5 de 5.

Muito Ruim (1,5/5)


SE01E06: Mind War – Em um grande crossover, Checov faz a malas para o universo de Bablyon 5. Na pele de um poderoso, arrogante e inescrupuloso alto oficial do Psi Corps, ele chega à estação em busca de um telepata fugitivo. Um antigo professor e velho namorado de Talia, e tudo indica que o perigoso homem irá atrás dela.

Uma importante história para aprofundar essa que talvez é a grande extravagância da série dentro da Ficção Científica; explorando mais o poder destes telepatas e os usos que são feitos dele. Tem muita coisa interessante aqui, desde muito singelas, como o amor entre dois telepatas, até grandiosas, como o “terremoto mental” capaz de ser causado por Ironheart.

Ainda há espaço para rápida uma trama B envolvendo a namorada do Comandante, Sakai, e o embaixador G’Kar, que leva até ao encontro de seres espaciais mitológicos – boa pitada de SciFi clássico! Não curto muito o destino do super telepata, achei bastante previsível e usado a exaustão na ficção, antes e depois desta série, mas é coerente.

Avaliação: 4.5 de 5.

Muito Bom (4,5/5)


S01E07: The War Prayer – Uma poetiza muito amiga da embaixadora Minbari sofre um violento ataque dentro da estação, o que coloca em evidência a organização terrorista dos Guardiões da Terra. Defendendo xenofobia absoluta aos alienígenas, buscam realizar assassinatos e atentados contra extraterrestres e quem os apoia.

Enquanto isso temos uma trama B e C, que se conectam muito bem, uma mais, outra menos, inevitavelmente, à principal. A Tenente Ivanova reencontra “por acaso” um antigo namorado e o embaixador Mollari acaba com uma curiosa bomba diplomática nas mãos: o sobrinho de seu assistente se refugia na estação em busca de não cumprir o casamento arranjado por sua família, influente em Centauri.

Os personagens ganham traços tridimensionais muito interessantes que vinham faltando; em especial, é bom ver Ivanova sem obrigatoriamente ser a fria oficial russa. A singela trama cômica rende outras boas falas e é satisfatória dentro de seus limites. Claro, que o destaque é para a perigosa oposição dentro da Terra contra a relação com outra espécies, que é introduzida bem aqui, apesar da ingênua “armadilha” criada por Sinclair. O agente levado a estação, ao que indica, não foi a toa para Babylon e com certeza pesquisaria e saberia de antemão as posições políticas do comandante.

Avaliação: 4 de 5.

Muito Bom (4/5)


S01E08: And the Sky full of stars – Dois tipos muito suspeitos chegam até a estação e têm uma missão; capturar o comandante Sinclair e descobrir o que se passou na misteriosa “Batalha da Linha”. No último confronto da guerra contra os Minbari, ele era o líder de um esquadrão que sofreu uma emboscada de uma frota alienígena e foi seu único sobrevivente. E mesmo com essa derrota, a humanidade saiu vitoriosa da guerra.

É um episódio tão enigmático quanto pouco didático. Não exatamente por conta do mistério levantado; não acredito que ele deveria ter sido respondido aqui, tão cedo na série. Ao mesmo tempo, temos sim uma peça do quebra cabeças colocada no lugar, referente à identidade da embaixadora – algo que, por sua vez, já era uma semente plantada previamente.

A questão é que no próprio sentido da direção das cenas envolvendo as lembranças, e do roteiro com relação aos diálogos explicativos, fica difícil entender o que era a tal Batalha da Linha. A geografia dos flashbacks é muito confusa e não temos a dimensão exata da importância do evento; o mistério acaba sendo em como acreditaram que aquilo poderia encerrar uma guerra.

Ainda assim tudo é muito intrigante; o real ponto fraco (além dos deficientes efeitos especiais envolvendo a máquina mental) é o quão súbitas são algumas das resoluções. O Comandante se livra de um equipamento ao fazer força o suficiente e tem sua transe interrompida ao simplesmente ver uma personagem.

Avaliação: 3.5 de 5.

Bom (3,5/5)


S01E09: Deathwalker – Uma misteriosa alienígena chega à Babylon 5, e mesmo sem identificação, causa intensa agitação na estação. Trata-se de uma antiga criminosa de guerra, responsável por incontáveis genocídios e brutalidades durante as ocupações de vários planetas por sua extinta civilização, os Dilgar.

Fui um pouco despretensioso para ver este episódio e felizmente fui muito surpreendido. Ao invés de focar em uma possível ambiguidade proveniente da antagonista, que talvez ficasse previsível (achei que veríamos algo como o fabuloso Duet, da primeira temporada de DS9) com um arrependimento do vilão; os comportamentos dúbios são das partes envolvidas em todo o processo.

Começando pela própria Terra, que teria sido responsável por libertar incontáveis povos do genocídio, passando pelos Narn, que teriam sido vítimas da vilã e mesmo assim querem negociar, e, em especial, da sua misteriosa relação com os Minbari – uma raça cada vez mais complexa. Um outro destaque é a apresentação da Liga dos Não-Alinhados, introduzida de forma muito boa aqui.

No geral, apesar de “dever” em profundidade para a personagem que dá nome ao capítulo, muito unidimensional, o episódio é extremamente complexo e bem escrito em seu principal objetivo: desenvolver as relações entre os entes políticos do universo ficcional.

Avaliação: 4.5 de 5.

Muito Bom (4,5/5)


S01E10: Believers – Em mais um dia de trabalho, o Dr. Fraklin recebe um comovente mas simples paciente de tratar, uma jovem criança alienígena cujo tratamento é seguro com uma fácil cirurgia. Entretanto, a crença religiosa de sua família proíbe esses procedimentos médicos, entendidos como profanação do corpo.

Não é exatamente um episódio tão profundo quanto almeja ser, isto porque os alienígenas acabam sendo tratados de forma de forma inferior. Toda a discussão envolvendo o respeito à crença religiosa deles é sempre feita de cima para baixo; como uma tolerância dos humanos à ignorância deles.

Felizmente, temos mais que isso aqui, especialmente no último ato, no qual as consequências das ações do médico são mostradas explicitamente no capítulo e rendem um dos momentos mais memoráveis e imagens mais aterradoras da Ficção Científica na TV. Por outro lado, o arco de Ivanova, muito fraco, vai do nada, literalmente, para lugar algum já que sua resolução não é apresentada.

Avaliação: 3 de 5.

Bom (3/5)


S01E11: Survivors – Um dos episódios mais noventistas do seriado; Garibaldi se torna um fugitivo após ter sua reputação manchada por um crime que não cometeu. Durante as preparações para a visita presidencial na estação, uma bomba explode nas docas e o chefe de segurança é acusado de ser um participante do atentado. A equipe que cuida da segurança no Presidente Santiago é chefiada por uma implacável jovem oficial, que tem uma complexa relação com Garibaldi.

Apesar de construir um importante pano de fundo para a figura do oficial, que acaba sendo talvez o personagem mais simplório dentre os protagonistas, é um capítulo que não consegue alçar grande vôo.

O ponto de destaque acaba sendo a relação de Garibaldi e os embaixadores durante seu período de renegado, bastante tridimensional. Entretanto, toda a jornada de fugitivo é permeada por previsíveis clichês – que são usados e abusados, a própria linha do tempo é confusa, quão velho ele é ou quão jovem é a oficial Lianna? – da mesma forma a trama de incriminá-lo acaba se saindo despropositada.

Avaliação: 2.5 de 5.

Mediano (2,5/5)


S01E12: By any means Necessary – Após um acidente nos hangares da estação, os trabalhadores das docas decidem iniciar um movimento grevista que paralisa Babylon 5. Eles pedem mais contratações e melhorias nas instalações, a sobrecarga de trabalho em operários e equipamentos vêm causando acidentes e mortes.

Não é tão maduro quanto poderia ser, não aborda todas as complexidades de um evento quanto uma greve, nem todos os interesses envolvidos. Mas ele se esforça muito – e um sopro de esperança não rolar uma abordagem conservadora dos eventos, no sentido de contar retrato honesto dos grevistas. Enquanto isso, temos uma trama B envolvendo a eterna rixa entre Mollari e G’Kar referente a uma preciosa flor com valores religiosos para os Narn.

Buscando um equilíbrio, o capítulo dedica mais tempo à trama envolvendo a luta trabalhista e menos espaço a disputa entre os alienígenas, que até nascem de um ponto comum, mas são bastante destoantes e pouco relacionadas. E solução sobre o uso da Flor e a viagem da velocidade da luz mostra uma completa incompreensão de como calcular anos-luz.

O episódio é criticado pelo “final feliz”, entretanto, a solução é inteligente e relativamente surpreendente por não ser uma abordagem conservadora da questão; mas, especialmente, suas consequências serão sentidas no futuro.

Avaliação: 3.5 de 5.

Bom (3,5/5)


S01E13: Signs and Portents – Um casal de aristocratas Centauri chega na estação para encontrar com seu embaixador; Mollari acabou de receber “o Olho”, uma antiquíssima joia de sua civilização que é um importante símbolo de autoridade. Enquanto isso; os piratas estão atacando cada vez mais perto de Babylon 5.

Um episódio muito complexo que trabalha com 4 tramas, e todas suficientemente bem conectadas. Na primeira e principal camada, temos a história envolvendo “o Olho”, e em seguida o ataque dos piratas, conforme destacamos na Sinopse. Já em uma terceira e quarta camadas, tão importantes quanto as demais para a estória geral da série, um misterioso homem faz perguntas enigmáticas para alguns embaixadores; e continua a busca por informações referentes à relação de Sinclair com os Minbari.

Esses dois últimos enredos ficam soltos, mas a essa altura, Babylon 5 já tem a nossa confiança que essas pontas não ficarão esquecidas e fazem parte de uma costura maior – dessa forma, constituindo adições muito interessantes para um episódio que desde o começo você já sabe que será grandioso. Particularmente não gostei da trama das visões, acho sempre um recurso baixo, mas é competente para dar essa sensação que estamos acompanhando um ponto muito relevante do enredo da série.

No geral, tudo é bem costurado, o que se trata de uma conquista e tanto para um episódio tão ambicioso e cheio de camadas.

Avaliação: 5 de 5.

Excelente (5/5)


S01E14: TKO – Um antigo amigo de Garibaldi se tornou um grande lutador de boxe, mas sua carreira está em uma espiral negativa após estar envolvido em um escândalo de resultados vendidos Agora sua esperança é entrar no submundo das lutas de vale tudo disputadas na estação; o Mutai. Enquanto isso, Ivanova é visitada por um rabino, amigo de sua família, que deseja ajudá-la na superação do luto por seu pai.

Por um lado temos a coerente intenção de juntar duas tramas pessoais de ambos personagens coadjuvantes no mesmo episódio, o que é sempre louvável; mas, por outro lado, ao concentrar esses enredos num mesmo capítulo, temos a impressão de se tratar quase de uma side-story de Babylon 5, uma nota de rodapé no enredo geral.

Em especial, referente à trama do Mutai; lembrando “clássicos” da virada da década de 90, com filmes envolvendo lutadores renegados, de Van Damme a Chuck Norris, sempre ter um ar de paródia. É interessante saber que existe esse submundo das brigas de rua dentro da estação, mas o roteiro acaba desvirtuando a origem inicial – de um torneio violento onde vale tudo a algo repleto de honra e moral; deixando tudo muito bobinho.

Já o arco de Ivanova é interessante e maduro, mas não consegue carregar o episódio, é puxado para baixo pela ingênua estória do lutador renegado.

Avaliação: 1.5 de 5.

Muito Ruim (1,5/5)


S01E15: Grail – Aldous Gajic desembarca em Babylon 5, e é recepcionado com muita honra e respeito pela embaixadora Deleen. Entretanto, o comando da estação não conhece tal figura; um ermitão que busca pelo paradeiro do Santo Graal. Enquanto isso, um mafioso está extorquindo bandidos menores do local utilizando como ameaça o embaixador Kosh, que se mostra capaz de sugar mentes.

A estória envolvendo esta última ameaça é até divertida, embora sempre previsível, em especial a postura de Mollari diante dos eventos. E o melhor é a trajetória de Jinxo (Pé Frio), um homem que viu a destruição de todas as estações Babylon anteriores; e, mérito do roteiro, ele funcionar como conexão de ambas as tramas foi muito bem feito.

Mas os elogios param por aí; é até curiosa a devoção de Deleen pelo peregrino, em especial o contraste do respeito dela pela indiferença dos humanos, mas essa é uma trama despropositada. Pelo menos até o momento, não há nenhuma indicação sobre o passado da Terra ter interferência alienígena e como a busca levou a essa procura sobre o objeto para fora do planeta. Temos a trama principal do episódio vindo do nada e indo para lugar nenhum.

Avaliação: 2 de 5.

Ruim (2/5)


S01E16: Eyes – Dois misteriosos homens desembarcam na estação e começam a fazer perguntas demais. O segredo não dura muito tempo, e, em breve, eles são revelados como membros da corregedoria das Forças Terrestres e querem investigar o comando de Sinclair, que se tornou muito polêmico nos últimos tempos.

Um passo importante para Babylon 5, no qual várias das ações dos nossos protagonistas estão sendo colocadas em perspectiva e retomadas, uma característica fundamental do seriado e sempre algo que é bem recompensador para o espectador. Em especial, o capítulo da greve, criticado por ter seu “final feliz”, se tornou a grande crítica sofrida por Sinclair.

Infelizmente, o episódio acaba perdendo um pouco de força quando toda a investigação se revela uma vingança pessoal. Realmente o comandante está sendo mal visto pelas autoridades, ou era apenas uma picuinha? Da mesma forma, cria furos; afinal, ficamos com a impressão que o corregedor mal tinha algum poder, uma vez que ele se descontrola – mesmo se houvesse motivações pessoais, a investigação seria legítima.

(um destaque é a participação do lendário Jeffrey Combs, comandante Shran e Wheyun, como o telepata)

Avaliação: 3 de 5.

Bom (3/5)


S01E17: Legacies – Babylon 5 será uma das paradas de um importante cortejo fúnebre dos Minbaris. O grandioso líder militar, responsável pelo comando das suas forças durante a Batalha da Linha, faleceu e segundo os costumes de sua civilização, seu corpo será disposto em locais relevantes para o povo – e a estação foi escolhida. Enquanto isso, na trama B, uma jovem telepata é descoberta dentro de Babylon 5 e seu destino é disputado por vários grupos.

Com uma bela costura, as duas tramas são muito bem conectadas e mostra mais uma vez o grande trabalho dos roteiristas da série. Por outro lado, não gostei do encaminhamento geral da história. É muito interessante demonstrar a disputa entre as duas castas principais que detém o poder entre os Minbari, assim como os costumes do cortejo – além de ver a embaixadora Deleen mostrando seu poder. Foi uma grande injeção de lore.

Entretanto, a relação entre Sinclair, o comandante morto, o assistente, Deleen, o cortejo…. foram todas circunstanciais, e não se concretizaram. Bastava, para conectar tudo, o fato o homenageado ser um amigo da embaixadora. O mistério envolvendo a relação entre a morte do líder, seu velório e a Batalha da Linha foi construído a toa, não contribuem em nada com as motivações principais. Ao mesmo tempo, ainda que a Batalha da Linha terá suas revelações ao final da temporada, ainda acho que os escritores estavam um pouco perdidos neste momento; já que os Minbari estavam a exaltado apesar de ser uma derrota.

Avaliação: 3.5 de 5.

Bom (3,5/5)


S01E18: A Voice in the Wilderness, parte 1 – Acreditava-se que o planeta o qual Bablyon 5 orbitava era desabitado. Recentes leituras demonstraram atividades e sinais suspeitos; uma equipe de cientistas é enviada para investigar os eventos. Já aqui em nosso sistema solar, uma grande rebelião ocorre em Marte pedindo pela Independência da Colônia.

Não sei se foi a legenda que obtive que explicou mal, mas achei a premissa muito confusa e demorei para entender que a estação já orbitava o planeta desde sempre e agora houve leituras estranhas. Do mesmo jeito, a crise marciana acaba caindo de pára-quedas e não temos uma boa introdução à revolta – que nunca deixa de ser uma trama muito periférica, existente apenas para preencher espaço de tela.

Continuamos com uma questão que acho um ponto fraco de Babylon 5, o excesso de militarismo: os cientistas são descartados na primeira oportunidade para que o comandante assuma a missão de explorar a misteriosa instalação. Por outro lado, é interessante como movimentam-se as diferentes facções querendo saber o que foi encontrado – ainda que, da mesma forma, todos pressupõem que seja uma arma, o que fica repetitivo.

Ainda assim o episódio é extremamente competente em criar o mistério e a nossa ansiedade em vê-lo resolvido.

Avaliação: 4 de 5.

Muito Bom (4/5)


S01E19: A voice in the Wilderness, parte 2 – Os eventos do capítulo anterior ressoaram e a Força Terrestre enviou um cruzador pesado para “ajudar” Babylon 5 a resolver o mistério. Na realidade, o capitão dessa nave recebe o poder de controlar toda a investigação e começa uma queda de braço entre os dois comandantes. Enquanto isso, mais uma parte interessada pela descoberta aparece.

Essa contradição constante de Babylon 5 acaba se expressando bem aqui. O centro das decisões da estação é um núcleo militar, que acaba, por sua vez, brigando com uma equipe ainda mais militarizada. No caso, é inconcebível a postura do capitão do cruzador em enviar mais pessoas para a superfície do planeta sabendo das conseqüências e da imprevisibilidade da situação.

É um clichê da Ficção Científica essa disputa entre uma fração “iluminada” e outra dominada pela força. Nesta série, todavia, e até o momento, ambos são, no fundo, grupos orientados pela força (tanto que a equipe de cientistas é descartada na parte 1 desta história). Isso, invariavelmente faz com que se perca um pouco a força do dilema, já que o Capitão Pierce seja apenas um cara burro. Ainda que tenha motivações que façam sim muito sentido: o interesse de outras facções pela tecnologia descoberta no planeta, que estavam cada vez mais se manifestando.

Da mesma forma, acredito que tudo foi muito superficial, assim como esse desentendimento entre os terrestres. Faltou um pouco mais de investigação para compreensão do mistério – aceitou-se que de fato os alienígenas, apesar de ser a mesma civilização, não teriam direito a pousar no local. Poderia haver algum tipo de visão, de descoberta, que corroborasse, e não apenas a palavra moribunda do sobrevivente.

O ponto alto do capítulo – em conjunto com a batalha – são os embaixadores e sua decisão de ajudar o operador da máquina; o personagem de Londo é o mais fascinante do seriado até agora. De um ponto de vista geral, a experiência do capítulo é boa mas esperava uma camada a mais de complexidade – em especial a falta de costura com a trama de Marte, que não deixa de ficar totalmente avulsa o tempo todo nos dois episódios.

Avaliação: 3.5 de 5.

Bom (3,5/5)


S01E20: Babylon Squared – Estranhas emissões de táquions há algumas horas de viagem da estação despertam a necessidade de fazer uma busca na região; e o que nossos heróis encontram é simplesmente Babylon 4.

Provavelmente o episódio mais de Ficção Científica até agora do seriado; viagem no tempo, paradoxos temporais, fenômenos estranhos, gostei muito – eu adorei só de escutar a palavra “Táquion”, é algo que acalenta a alma, sabemos que vem SciFi raiz por aí. E o capítulo não decepciona.

Precisando terminar uma história tão complexa em apenas um episódio – nessa sequência eu até confundi algumas coisas fiquei com a impressão que este era o capítulo duplo, um mérito para a grandiosidade da estória e sua concisão – o roteiro não gasta muito tempo em “mistérios” pro forma. Os protagonistas conseguem falar com os tripulantes da antiga estação, se identificam e tentam explicar o pouco que estão entendendo do problema – a maior perda de tempo, por exemplo, é o tiroteio no desembarque, mas é perdoável.

Ao mesmo tempo que consegue manter vivo o segredo por trás do desaparecimento da Babylon 4, ainda nos é respondida muita coisa – o limite do saudável entre revelar e criar mais mistérios nunca é rompido (o fato do calendário diferente entre a raça de Zathras e os terrestres é uma saída genial para falar e não dizer nada) . Tudo é muito intrigante, os “flashs temporais” até poderiam ser mais utilizados, apesar de achar previsível a identidade final.

Avaliação: 5 de 5.

Excelente (5/5)


S01E21: The Quality of Mercy – Um serial killer é preso na estação e recebe a pior pena no sistema judiciário daquele universo – com exceção da pena de morte- o fim da sua personalidade; um delicado procedimento a ser realizado pelos PsiCorps. Ao mesmo tempo, o doutor Fraklin descobre que nos subterrâneos da estação uma misteriosa mulher com uma máquina alienígena que é capaz de curar qualquer mal e doença.

Lembrando um pouco Believers, alguns episódios antes, este aqui também se propõe a ser mais profundo do que realmente consegue ser. O arco da psicologia dos assassinos acaba nunca “chegando lá”. Apesar do conceito muito interessante da “Morte de Personalidade” como pena, o roteiro nitidamente não se preocupou com isso e sim com a hesitação de Talia Winters em realizar o procedimento na cabeça do assassino – nesse sentido, não há espaço para nenhum tipo de dilema ou desdobramento de algo tão invasivo quanto essa pena.

O grosso do capítulo acaba por ficar na trama da curandeira que é muito básica e cheia de clichês; incluindo a revelação final. Felizmente, a conexão entre as duas estórias foi muito bem feita e amarrou o episódio – que acaba sendo salvo por uma supreendentemente engraçada, e ousada, trama C de comédia envolvendo Londo e Lennier.

Avaliação: 2.5 de 5.

Mediano (2,5/5)


S01E22: Chrysalis – Durante duras discussões diplomáticas entre os Narn e os Centauri sobre uma disputa territorial, um informante de Garibaldi é assassinado em circunstâncias suspeitas tentando avisar o oficial de algum outro homicídio. Ainda, a embaixadora Deleen toma uma decisão permanente sobre sua vida e com impactos para o futuro da galáxia.

Eu particularmente adoro capítulos e estórias nas quais os protagonistas não conseguem acompanhar o volume de acontecimentos – é mais ou menos o ritmo do seriado 24 Horas, o qual também sou muito fã – e esse cenário é abundante aqui. A todo o momento nossos heróis estão correndo atrás do prejuízo sem conseguir entender o que está se passando.

A construção geral da temporada já deixa a entender que o que acontece neste episódio era o encaminhamento natural das crises políticas do mundo de Babylon 5; mas ainda assim tudo continua impactante, especialmente no ritmo desesperador que os acontecimentos vão se desdobrando.

Os cliffhangers (ganchos) deixados são todos bons, em especial a possibilidade do embaixador G’Kar ter uma noção do que pode ter acontecido ao Quadrante 37. Ainda que, por outro lado, na trama de Londo, acho sempre um pouco superficial a posição dos personagens que “não esperavam” as consequências de seus atos; acho uma saída cômoda para não vilãnizar demais alguém que não é do campo dos maus.

O ponto mais fraco, mas também com belos momentos, é o arco que dá título ao episódio, envolvendo a embaixadora minbari, muito descolado dos demais acontecimentos – pelo menos por enquanto – acaba se tocando com o arco principal, justamente, e um belo dilema envolvendo Sinclair. O protagonista poderia ter todas as respostas que busca há anos, mas precisa se concentrar em outros problemas – é uma situação muito madura e irônica.

Avaliação: 5 de 5.

Excelente (5/5)


Babylon 5


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Publicado por Lucas Palma

Paulistano, desde que me lembro por gente fascinado pelas possibilidades do futuro, em games, filmes e seriados, herança paterna e materna. Para surpresa geral, ao final da juventude descobri fascínio também justamente pelo oposto, me graduando e mestrando em História, pela Universidade Federal de São Paulo. Sou autor de Palavras de Revolução e Guerra: Discursos da Imprensa Paulista em 1932.

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