SW: o fio da navalha

Guerra nas Estrelas – Rebelião e Império: o fio da navalha – Martha Wells

Tradução: Felipe CF Vieira – Editora: Universo dos Livros

Ano de Lançamento: 2013 – Minha Edição: 2017 – 288 páginas


Provavelmente o acontecimento mais marcante dentro do universo ficcional de Guerra nas Estrelas, seria a destruição de Alderaan. Apesar de, nas profundezas do universo expandido existirem eventos parecidos em um passado remoto, a obliteração de um planeta inteiro instantaneamente seria algo até de difícil compreensão para alguém dentro daquele mundo. Por outro lado, era algo até pouco mencionado nas mídias dos antigos G-Canon e T-Canon (filmes e séries).

Nesta obra de Martha Wells – autora que seria posteriormente premiada com um Hugo – conta-se a história de um grupo de sobreviventes do planeta encontrado pela própria Princesa Leia. Entretanto, longe da nobre estirpe dos nativos de Alderaan, eles estão agindo como piratas.

Com a ressaca dos horríveis episódios VIII e IX fui me distanciado de tudo que era novo sobre Star Wars – não apenas eu, provavelmente, já que os livros praticamente desapareceram se comparados ao boom de 2014/16 – mas este aqui, que se encontra até em bancas de jornais, me chamou a atenção pela temática sobre sobreviventes de Alderaan.

Infelizmente a obra se aproveita muito pouco disso. A estória, apesar de quase 300 páginas é bastante curta: os piratas e os rebeldes convivem em apenas uma única situação. Após presenciar um ataque a uma nave civil (que tinha um importante valor estratégico à Aliança) pelos renegados, Leia tenta negociar com eles a soltura, mas todos acabam ambos engolidos por uma pirata maior, que os convocam para uma verdadeira armadilha. Escapar desse encontro é o único cenário do livro.

Não há muito desenvolvimento sobre Alderaan, sobre aquele povo e nem muito sobre o grupo de sobreviventes. O foco acaba sendo a relação deles perante a presença de Leia, em vários momentos que são bastante piegas na devoção deles à monarca. Há um ensaio sobre uma tensão envolvendo o fato de Leia ser a causa da destruição do planeta, mas é rapidamente abandonado.

Surpeendentemente, não é uma obra tão derivativa; sendo de uma era pré-Disney, enquadrado atualmente como Legends, tem uma relativa liberdade criativa. Claro, Han e Leia são usados a exaustão – Luke fica mais de canto, desta vez – mas são poucas às referências a cenas ou personagens dos filmes, e o livro sabe lidar com o que tem e o que criou, como uma raça especializada em detectar micro expressões faciais (rs, alô Metaforando e Thiago Santinelli).

Fio da Navalha acaba ficando num limbo; não é derivativa, um mérito, mas também não explora muito o material que Star Wars oferece; ainda assim não é dos trabalhos mais fracos do Universo Expandido.

Mediano (2,5/5)

Diverte moderadamente, sendo uma obra menos derivativa. Por outro lado, também explora pouco o material prévio de guerra nas estrelas.

Prêmio Hugo – Não é fácil ganhar o pão de cada dia. Martha Wells penou no início de carreira, publicando alguns contos de autoria própria, acabou se estabelecendo apenas ao escrever trabalhos licenciados como este aqui e também alguns livros no universo de Stargate nos anos 2000. Mas a partir da década passada, a autora foi conseguindo emplacar suas obras mais autorais a partir da série Books of Raksura e atingiu o grande sucesso em 2017.

O lançamento de All Systems Red, que posteriormente englobou a série Murderbot Diaries, naquele ano foi sucesso de crítica e público, arrebatando os prêmios Hugo, Locus e Nebula. A estória é sobre um robô de segurança que desenvolve uma personalidade própria, aparentemente melodramática, algo denunciado por seu gosto por assistir novelas. Rendeu mais duas continuações principais, também recipientes do Hugo, em 2019 e 2021.


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Publicado por Lucas Palma

Paulistano, desde que me lembro por gente fascinado pelas possibilidades do futuro, em games, filmes e seriados, herança paterna e materna. Para surpresa geral, ao final da juventude descobri fascínio também justamente pelo oposto, me graduando e mestrando em História, pela Universidade Federal de São Paulo. Sou autor de Palavras de Revolução e Guerra: Discursos da Imprensa Paulista em 1932.

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