Babylon 5
S02E01: Points of Departure – Os eventos do final da temporada anterior continuam repercutindo na estação; após a morte do presidente Santiago e a decisão da embaixadora Deleen de se colocar num casulo, os desdobramentos continuam até a culminarem na troca de comando a da estação. Sinclair é apontado como embaixador em Minbari e o capitão Sheridan chega para administrar Babylon 5.
Fechando e abrindo com capítulos densos, a série já teve um grande desafio logo em sua primeira transição de temporada com a substituição do protagonista. Michael O’Hare descobriu que sofria de esquizofrenia durante as gravações do ano anterior e precisou se afastar para tratamento mais intenso e internações – razão que ficou oculta até a morte do ator, em 2012, revelada pelo próprio criador do seriado.

E mérito de B5 mais uma vez. Eu, se não fosse pesquisar agora, acreditaria que toda a transição era algo programado. Muito sabiamente, os segredos envolvendo a seleção de Sinclair são revelados aqui e seu “desaparecimento” tem a impressão real de fazer parte de “algo maior”. Sem medo de ser feliz, B5 vai profundo no desenvolvimento do lore do seriado logo no início da temporada, e isso dá muita força ao seriado porque sabemos que vem mais coisa pela frente e dá mais confiança em B5. Uma aula de roteiro – apesar de achar um pouco extravagante a explicação.
Excelente (5/5)
S02E02: Revelations – Finalmente a embaixadora Delenn sai de seu casulo, e Garibaldi do coma. Um ponto final está para ser colocado na trama que encerrou a temporada anterior – ao mesmo tempo que novas histórias são apresentadas, como o drama pessoal do novo capitão, a morte de sua esposa, e a ameaçadora presença de um novo (e velho) inimigo através de G’Kar.
A parte final do arco iniciado com o cliffhanger mais uma vez é uma bela amostra de roteiro por parte do seriado; conseguindo transitar entre concluir uma trama para iniciar outra. Apesar de constituir uma ótima e fluída sequência da episódios, este acabou soando um pouco como epílogo já que há menos ação e confronto que o anterior – que contou um grandioso ataque à estação. Aqui ficamos mais restritos à descoberta ou não do autor do ataque a Garibaldi.

O drama pessoal do Capitão Sheridan, já colocado em perspectiva logo de cara, é importante para darmos mais profundidade ao recém chegado personagem; ainda que a história do líder-com-tragédia-no-amor seja um clichê e a história não vai tão longe, por enquanto. Mesmo encerrando as questões do ano anterior, o episódio, como não poderia ser diferente, desperta outros tantos mistérios; criando fôlego para a temporada que se inicia.
Bom (3,5/5)
S02E03: The Geometry of Shadows – Ivanova é promovida a comandante, mas seu novo cargo vem com novas responsabilidades e ela precisa aprimorar suas habilidades diplomáticas; o que vem ao caso quando uma espécie inicia uma pequena guerra civil dentro da estação. Enquanto isso, o local também recebe a visita dos perigosos Tecno-Magos.

Um dos aspectos que mais gosto de B5 – apesar de algumas extravagâncias – é brincar entre o limite de magia, ciência, sobrenatural e a tecnologia. Era o tema do primeiro episódio regular lá atrás, sobre os caçadores de almas, e aqui retorna com os Magos. São personagens bastante interessantes e uma espécie de licença poética que raras vezes é feita por seriados de Ficção Científica tão maduros quanto este. Entretanto, sua jornada acabou ficando um pouco no vácuo – deu para entender que eles estão fugindo do inimigo oculto, mas acabou ficando avulso.
Por sua vez, a trama da diplomata novata é o elo fraco do capítulo. Deveria servir como um alívio cômico, mas achei mal encaixado com o resto do episódio – e internamente também há uma oscilação dos próprios Drazi que parecem sérios demais, e outras com comicidade. A postura da comandante também é bastante paternalista na lida com os alienígenas, que se comportam como um bando de imbecis, e nada funciona muito bem.
Bom (3/5)
S02E04: A Distant Star – Um encontro entre colossos: a super nave de exploração Cortez atraca em Babylon 5 para reabastecimento; seu comandante é um antigo companheiro de Sheridan – e descobrimos que o atual capitão da estação gostaria, na verdade, de estar explorando os confins da galáxia. Durante o encontro, Garibaldi e a tripulação recebe recomendações médicas para realizar uma dieta.
Gosto do traço do personagem que não queria seu papel mas se torna herói, não deixa de ser clichê, e repetitivo porque Sinclair também teve essa postura, mas achei que funciona bem para dar mais profundidade para Sheridan – especialmente porque ele deixa transparecer em vários momentos do capítulo que está frustrado com o comando mesmo sendo protagonista do seriado por isso.
O arco do capítulo é bastante interessante, e a série continua muito competente em ir criando as expectativas deste super inimigo que está cada vez mais perto dos nossos heróis. Estou realmente adorando como a abordagem vem sendo feita.

Por outro lado, o que incomodou um pouco, continuando com a linha de Babylon 5, é o militarismo. Mesmo a nave de exploração parecia um cruzador de batalha, assim como o comportamento de seu Capitão – e o próprio de Sheridan – que é um combatente, não alguém interessado em conhecimento. Encarar a exploração como algo militar, com uma roupagem colonialista, é, aliás, denunciado justamente pelo nome da nave; Cortez.
Muito Bom (4/5)
S02E05: The Long Dark – Uma antiquíssima nave terrestre é encontrada a deriva, coincidentemente passado pela órbita da estação. Lá, duas capsulas terrestres são encontradas, uma com um cadáver e outra com uma viajante preservada a mais de 100 anos. Entretanto, o que a pequena embarcação nos trás de interessante é algo das “sombras” escondido.
Como tudo neste belo seriado, há uma sustância por trás. Temos um bom esforço para conectar a aparição do misterioso ser invisível na estação com outros contatos anos trás; e continuamos com o crescendo de ameaça dessa civilização de puro mal.

Entretanto, não deixa de ser um episódio oco, com uma explicação muito frágil de como e porque a criatura foi parar lá naquela nave. E quantos anos demorou de um ponto a outro? Qual seria a conexão entre os humanos do passado e ele? A coitada da mulher só serve para uma problemática relação entre médico e paciente. Aliás, por esse lado, não há esforço nenhum em criar uma conexão entre um enredo de pessoas centenárias despertas no futuro e o ser sombrio – exceto uma maravilhosa frase de G’Kar que foi levar para vida: “O futuro já não é mais como antes”.
Muito Ruim (1/5)
S02E06: A Spider in the Web – Talia é contratada por um importante empresário, e seu amigo de longa data, que deseja fazer grandes negócios em Marte. A representante da colônia acredita que essa parceria poderia significar uma independência econômica para o planeta vermelho; entretanto, esse acordo está ameaçada por uma estranha figura que chegou em Babylon 5.
Fica cada vez mais difícil defender DS9, até o escritório secreto com nome de número ficou parecido. Neste episódio somos apresentados a uma organização secreta, um deepstate da Aliança Terrestre, que trabalha com experiências secretas, agentes infiltrados e etc, para atender interesses escusos de grupos da classe dominante do nosso planeta.
A história utilizada para isso é interessante; e mesmo trafegando num limite entre uma história muito absurda e uma pé no chão, B5 continua acertando em cheio. Tudo é despertado em um acordo econômico e burocrático, e de repente estamos falando de zumbis andróides, mas nunca deixa de ser uma estória crível. O que, por outro lado, acaba ficando mais acintoso é o quanto dos sistemas da estação estão comprometidos, e as implicações disso; tudo em todos os locais de Babylon 5 é possível de ser ouvido pelo escritório 13?
O ponto alto acaba sendo nos instantes finais, quando temos a revelação dos responsáveis pela criação daquele ser, e a quem a fidelidade daquela personagem responde.
Muito Bom (4/5)
S02E07: Soul Mates – Mais um misterioso homem chega a estação – mas que curva de rio é Babylon 5 – e acaba chamando de imediato a atenção pela sua capacidade de convencimento das pessoas. Conversa vai, conversa vem e descobrimos que ele é ex-marido de Talia. E já que falamos de casamentos, o embaixador Mollari reúne suas três esposas para decidir com qual delas permanecerá casado.
É até com peso no coração que falarei mal deste chato episódio, porque vimos que ainda tem um esforço do seriado em concentrar duas trama referentes a matrimônio aqui, e revela mais sobre o Psi Corps, cuja opressão também significa casamentos forçados. Entretanto é tudo muito chato, só consegui permanecer acordado na terceira tentativa de assistir.
As poderosas habilidades do antigo companheiro da telepata são sempre mobilizadas de forma boba – e seu arco também é despropositado; ele estava a serviço do Psi Corps xeretando a vida de Talia? Era uma jornada pessoal? Originalmente este seria uma continuação do capítulo seguinte, que poderia aprofundar mais a questão, mas ficamos sem resposta. Um pouco menos avulsa, mas também menos interessante, é a brincadeira dos casamentos de Mollari, que dá um tom cômico, todavia mesmo dedicada à comédia, esta trama também deixa furos no roteiro, como a relação entre a mais jovem mulher e G’Kar.
Muito Ruim (1/5)
S02E08: A Race Through Dark Places – O Psi Corps está investigando a existência de uma rede de exilados composta por telepatas foragidos – conceito normalmente descrito como Ferrovia Subterrânea nos EUA, em analogia aos abrigos cedidos aos escravos fugitivos – e descobre que um ponto importante dessa empreitada é Babylon 5. O temido Bester é enviado para lá para continuar o trabalho.
Uma interessante analogia histórica; atualmente até é um tema comum de ser abordado na Ficção Científica – como O Caminho, associação similar criada em Kenobi, para proteger sensitivos da Força do Império – mas era algo bastante pioneiro para o produzido nos anos 90.

Mostrando mais uma vez um grande planejamento, as estruturas que possibilitaram essa rede de fuga foram apresentadas previamente. Quando a estação é tida como o centro do movimento, até achei que seria apenas uma conveniência de roteiro, mas determinadas revelações são capazes de fazer complexas conexões.
O episódio, como não poderia ser diferente, é um ponto muito importante de inflexão da personagem de Talia. Sua participação no final deste episódio funciona muito bem, em especial com o encerramento do capítulo anterior – ele até iria ser exibido depois desse, mas acho que não funcionaria tão bem como nesta ordem final.
Muito Bom (4/5)
S02E09: The coming of shadows – O idoso imperador Centauri decide fazer uma visita diplomática a Babylon 5. Apesar de suas boas intenções, a viagem deixa um brecha terrível para diferentes forças que desejam o poder na República Centauri. Essa conspiração, é claro, contará com mais uma agressão aos seus velhos inimigos, os Narn.
Começando pelos pontos fracos deste fundamental episódio; não convence a motivação da viagem do imperador até a Estação – que ocorre só para se passar em Babylon 5, e dar brecha para um crise sucessória – e a caracterização do monarca foi muito falha. Eles explicam que a idade o deixou careca, mas isso o deixou com cara de um senhor idoso, humano e normal.

De resto, é um episódio construído de uma forma muito boa, com um ritmo adequado, capaz de apresentar toda a densa trama política que se passará por aqui ao mesmo tempo que concretiza importantes passos a diante para o enredo geral. É um série muito bem escrita, de fato: não há perda de tempo.
Gostei de Londo estar mais entregue ao seu papel mais antagônico, sem o clichê do personagem que é bonzinho, e não sabia a dimensão de seus atos malignos, ao mesmo tempo que não perde suas contradições, reveladas por sua ambição constante.
E, revendo um antigo conhecido, dá uma sensação de que o atual comandante é um pouco mais sem sal que o anterior – uma pena que o ator precisou se ausentar por motivos médicos.
Muito Bom (4,5/5)
S02E10: GROPOS – 25 mil soldados aparecem de surpresa na estação. A Terra planeja uma operação militar em segredo, e Babylon 5 é o último ponto de abastecimento possível. Como não poderia ser diferente, há uma grande superlotação nos alojamentos disponíveis, causando problemas para a tripulação da estação – incluindo o encontro de Dr. Franklin com seu pai, o comandante dessas tropas.
Haja paciência para americanos. Todos os clichês possíveis para filmes envolvendo militares estão presentes aqui; filhos de pais militares muito rígidos com eles; e o desgosto pois não seguiram a mesma carreira desejada; o romance que é interrompido pelo conflito; o veterano que conta as histórias; briga de bar; e muita TESTERIA.

Claro que Babylon 5 é uma série de primeira linha e temos alguns bons diálogos, e mesmo dentro dessa porção de clichês há uma coisinha ou outra interessante – o motivo da “invasão” é maduro, a Terra quer buscar mais influência interplanetária ao custo de vidas e forças armadas. E o episódio não se furta a mostrar o custo real dessas empreitadas políticas – por outro lado, não deixa de ser ingênuo um episódio (e uma série) inteiro dedicado a exaltar os valores militares terminar com a mensagem de “guerra é mal”.
Muito Ruim (1,5/5)
S02E11: All alone in the night – O capitão Sheridan não consegue se segurar e precisa ir em uma missão para poder voar um pouco, e vai junto com seus pilotos investigar ações estranhas em um setor próximo à estação – e acaba sendo abduzido. Enquanto isso, a embaixadora Delenn é convocada para falar perante ao Conselho Cinza.
Este episódio é muito importante para estabelecer dois desenvolvimentos de enredo da temporada; a relação entre Sheridan e o embaixador Kosh, e a contínua perda de prestígio e poder de Delenn perante aos Minbari. A questão envolvendo o Conselho é boa e tem uma série de implicações dentro da lógica interna do seriado.

Entretanto, a aventura do capitão da estação com os alienígenas não engata em momento algum. Algumas lutas mal coreografadas, um motivo torpe para tudo que acontece – apesar da grandiosa intervenção da embaixadora para resolver a situação – e uma historinha clichê.
Ruim (2/5)
S02E12: Acts of Sacrifice – A Guerra entre os Narn e os Centauri se intensifica, e o ataque a um transporte civil da espécie reptiliana causa indignação ao embaixador G’Kar, que busca apoio das demais raças. Para poder se dedicar a isso, Sheridan deixa o primeiro contato com os Lumati, uma civilização mais avançada, aos cuidados da comandante Ivanova.
Em linhas gerais, a trama envolvendo a buscar por apoio de G’Kar é interessante e madura, em especial, envolvendo a incapacidade da Terra e de Minbari em ajudá-lo. Um interessante espelho da realidade, não importa o quão injusto (ou justo) seja um conflito, tomar partido só vai ocorrer quando interesses das classes dominantes estiverem em jogo. Todo o arco do embaixador aqui é muito comovente e impactante, um magnífico trabalho.

Infelizmente, convive com ele uma história para lá de idiota com intensa tentativa de humor na trama B de Ivanova; que culmina numa espécie de dança do acasalamento (a temível fan dance de Star Trek V). São duas estórias completamente opostas uma a outra, e esta comédia aqui puxa tudo para baixo, uma pena.
Mediano (2,5/5)
S02E13: Hunter, Prey – Enquanto tenta se aproximar do embaixador Kosh, o capitão é surpreendido com uma missão de alta urgência. O antigo médico da equipe presidencial virou um fugitivo: ele quer vender dados do atual presidente (antigo vice, que assumiu no final da temporada anterior) para outras potências galácticas e ganhar muito dinheiro – pelo menos é a versão oficial.
O bom é que o episódio não perde muito tempo em um dilema dos personagens ajudarem ou não o fugitivo, rapidamente já sabemos que é balela e o médico precisa ser protegido. Tudo é bem direto e não temos rodeios e nem tramas B (mesmo a mais desconexa, envolvendo o embaixador Kosh é reatada até o final), tudo é centrado no jogo de gato e rato.
É um capítulo legal, conhecemos mais um contato do capitão dentro da Força Terrestre, assim como a relação dos heróis com o Vorlon é estreitada. Todavia, acaba sendo uma aventura um pouco inócua, já que recebemos informações que, se ainda não eram certas, já desconfiávamos, sobre a sucessão presidencial. Tem um recurso meio despropositado sobre o tal do dispositivo subcutâneo que o médico carregava, que acaba não mudando o desfecho das coisas; mas os diálogos e a situação em si compensam
Bom (3,5/5)
S02E14: There all honor lies – Após sair de uma reunião na qual o Capitão Sheridan autoriza que uma linha de souvenires e produtos licenciados de Babylon 5 seja comercializada na estação, o comandante acaba sendo atacado e mata um Minbari após uma luta pra lá de estranha, causando um grave incidente diplomático.
O grande problema do episódio é que, desde o primeiro instante que a trama da incriminação é apresentada, você já saca que é uma armação tosca e que tudo rapidamente será descoberto. Faltou muito refino de roteiro e mesmo de direção – o momento em que o capitão se vira e acha uma arma caída do seu lado é uma tomada ridícula. Parece que no meio da produção se deram conta disso, e mudaram o foco para da armação, para a questão moral dos Minbari e sua relação com a mentira.

Eu particularmente detesto a trama dos crimes mal entendidos na Ficção Científica, raramente servem para alguma coisa, acabam sendo só isso mesmo um erro a ser desfeito. Aqui, pelo que entendi, tinha o propósito de demonstrar a falta de prestígio de Delenn na sua espécie e a gradual radicalização da sua raça. Ponto válido, mas até um tiro no pé, se está tão feia a coisa assim para a embaixadora; ela não teria validade alguma ou sequer seria capaz de representar seu governo diante dos assuntos.
Não dava nada para a trama cômica sobre a lojinha de presentes, mas alguns momentos foram engraçados e o bonequinho do embaixador ao final foi a cereja do bolo.
Muiti Ruim (1,5/5)
S02E15: And now for a word – Neste meta-episódio, assistimos ao Globo Repórter do mundo de Babylon 5 que decide cobrir o que a estação está passando durante a guerra entre os Narn e os Centauri. E a reportagem vem um momento muito crítico, em que as batalhas chegam aos portões de B5.
Gosto de meta-episódios, mas achei que não ia dar em nada por abusar da caricatura da repórter enxerida. Felizmente fui muito surpreendido. A repórter ainda é uma caricatura, mas toda o combustível da reportagem – a crise dos refugiados, as batalhas do lado de fora da estação, os Narn sucumbindo e os Centauri se mostrando mais vilanescos – é muito bom.
Mesmo com a caricata mulher, algumas intervenções com as entrevistas são bons e fortes; e temos momentos com a introdução de alguns aspectos, como a oposição à existência de Babylon 5 e o justo confronto com Deleen. Gostamos dos Minbari mas naquele universo, na realidade, eles comandaram a morte de centenas de milhares de nós.

O problema, como já ocorre desde o começo do seriado, é a moral americana de que os políticos são sempre do mal e os militares do bem; que é reforçada aqui mais uma vez já que todos os humanos entrevistados, exceto a tripulação, que é militar, da estação, são todos gente mesquinha.
Muito Bom (4/5)
S02E16: In the Shadow of Z’ha’dum – Durante a tumultuada rotina em que a estação se encontra durante a guerra, Garibaldi percebe uma inacreditável coincidência: o misterioso senhor Morden, que lidera as negociações entre as sombras e os Centauri, era um tripulante da nave a qual estava a esposa do capitão, destruída em um acidente que teria causado a morte de todos a bordo.
Uma inesperada conexão surge entre a história de fundo do nosso protagonista, que parecia apenas uma nota de rodapé, e o arco principal do seriado – que coisa fantástica! Ainda que tudo se conecte muito bem, tenho uma pequena ressalva; como que os humanos chegaram até lá de forma tão rápida e acidental, enquanto mais cedo na temporada os Narn precisaram combinar uma expedição a um local tão remoto assim.
Mas fora este nitpicking, de resto o episódio consegue ir engatando uma coisa na outra de forma muito fluida – explicando mais coisas dessa mitologia do universo da série, finalmente colocando luz sobre os Vorlons, e a introdução da Patrulha da Noite – enquanto se mantém tudo muito tenso. A qualquer momento há a impressão que Morden pode simplesmente encomendar a morte de todos na estação. Ao mesmo tempo, embora sabemos que ele seja um vilão, é também muito interessante como os demais personagens não embarcam na pilha do Capitão.
Excelente (5/5)
S02E17: Knifes – Mais um bingo dos clichês, o episódio em que os velhos amigos se enfrentam num duelo de vida ou morte. Enquanto o capitão Sheridan começa a sofrer alucinações, o embaixador Londo é contatado por um antigo conhecido. Em Centauri, o novo governo está realizando um expurgo da oposição, que inclui este velho companheiro de Mollari.
Esse é aquele capítulo que você já sabe desde a primeira cena que não vai dar em grande coisa; quando Garibaldi cita um local apelidado de triângulo das bermudas da estação. A traminha das alucinações até tem um fundo que não é dos piores e possui uma lógica por trás, mas é uma chatice e não leva a lugar algum.

Já o arco de Mollari, que é o principal do episódio, oscila bastante entre um inteligente contexto sobre a oposição em Centauri sendo silenciada, e sua ingenuidade perante aos eventos; e entre o clichê citado acima, dos velhos companheiros lutando até a morte, que você já sabe o resultado. E oscila também o passado dos personagens e dessa civilização, que as vezes era estabelecida como acomodada e em decadência, simbolizada por Londo, mas que é composta também por guerreiros orgulhosos e cheios de destreza no combate corporal.
Ruim (2/5)
S02E18: Confessions and Lamentations – Uma nave a deriva é localizada pelos nossos heróis; uma vez abordada, descobre-se que todos os tripulantes, da raça Mekab, estão mortos de uma doença extremamente fatal. Uma pandemia de proporções gigantescas ameaça os Mekab e toda estação, entretanto, os próprios alienígenas não estão muito colaborativos para lidar com o problema.
A segunda tentativa de Babylon 5 no tema de doenças polêmicas, após o episódio da primeira temporada Believers, e melhorou muito. Este tema é um terreno fértil para alegorias, tal como a síndrome de Pa’nar contraída por vulcanos que praticavam o Elo Mental em Enterprise, aqui temos algo nesse sentido. Infelizmente, o capítulo não se preocupa muito em aprofundar uma discussão sobre a doença e sua origem, apenas um diálogo muito rápido explica tudo – e de maneira não muito didática.

Por outro lado, o roteiro vai bem na reação dos alienígenas e de todos os envolvidos com a doença; a resistência dos próprios doentes e a crença de que havia algo de moral e sobrenatural envolvido. O final, novamente, é ousado e muito impactante. Um marco do gênero.
(Além disso, temos o bônus de uma esquete cômica envolvendo um jantar Minbari que é uma das melhores da série).
Excelente (5/5)
S02E19: Divided Loyaltes – A telepata original da estação, Lyta Alexander, se tornou uma rebelde e, fugindo das autoridades da Terra, se refugiou em Babylon 5. Além de buscar abrigo lá, ele vem para avisar que há um infiltrado dentre os tripulantes, um agente sleeper implantado pelo Psi Corps no meio da conspiração do bem de nossos protagonistas.

Um retorno triunfal da personagem que chega para desvendar um grande mistério na estação. Este episódio tem muitos méritos, começando pelo subtexto de que Ivanova e Talia têm, ou iniciaram, um relacionamento homoafetivo, bastante pioneiro; e o roteiro é excepcional em manter um mistério sobre o agente infiltrado até os últimos instantes. Conquista também responsabilidade dos capítulos anteriores, que vão nos direcionando a outras respostas sobre a lealdade do tal infiltrado.
Algumas coisas ficam mal explicadas, como Lyta fala, subentende-se que o Psi Corps sabe dos Rangers ou do grupo secreto do capitão, o que teria outras tantas implicações; da mesma forma, o fato de devolverem alguém após os eventos é um pouco estranho. Ainda assim, a resolução é bastante súbita, em um bom sentido, e ousada, nos pegando de surpresa também e na hora certa para não pensarmos tão antecipadamente no desfecho.
Muito Bom (4/5)
S01E20: The long, Twilight Struggle – A Guerra entre os Narn e os Centauri chega em um momento decisivo. Os reptilianos observam um ponto fraco na logística dos cabelos-arrepiados e planejam um massivo e certeiro ataque no seu principal centro de abastecimento. No outro lado, o cálculo é o inverso, a frota Centauri se reunirá para um cerco violento ao planeta natal de seus inimigos – e para isso, precisará a ajuda de seus sombrios aliados.
Acabou me incomodando um pouco o quanto as Sombras são invencíveis, isso precisará mudar para a série caminhar; há um ensaio de resistência aqui mas não emplaca. Um recurso um pouco simplório para criar essa ameaça tão temível. Ainda assim, acabou ficando apenas um elo fraco neste roteiro tão bem costurado: o reaparecimento da “máquina” do planeta e de Daal, parecia algo que não sabiam exatamente onde colocar e posicionam aqui. A interação entre o velho Minbari e os protagonista não tem propósito neste episódio, apenas serve como um pequeno “alô”.

No momento certo, a importante trama desta guerra tem um ponto final. Incrível como a série não erra em seu timing. O resultado não chega a ser exatamente imprevisível, pois já foi algo aventado nos capítulos anteriores, mas a tensão se mantém através de um belíssimo trabalho de construção deste momento decisivo. O resultado é nos deixar comovidos por todo o episódio dada a situação cada vez mais complicada que o aquele universo ficcional vai se envolvendo.
Muito Bom (4,5/5)
S02E21: Comes the Inquisitor – Conforme os acontecimentos ficam cada vez mais críticos, é chegada a hora de forças superiores testarem a lealdade de nossos heróis. Os Vorlon enviam um inquisidor à estação para uma amigável conversa com a embaixadora Delenn. Enquanto o interrogatório procede, G’Kar começa a articular uma resistência armada à ocupação de Narn.
Se, na primeira temporada, o arco de Londo me chamou a atenção, como o personagem derrotado e acomodado, nesta, G’Kar compensou. Com as seguidas crises envolvendo sua civilização, a sua posição como líder foi questionada em mais de uma oportunidade, e se fez necessário que ele sempre se provasse – e de maneiras muito humanas, apesar de ser alienígena. Longe de apelar à demonstração de força bruta – que é o esperado por nós, devido à aparência reptiliana – sempre reconquista seu prestígio com negociação.
Por outro lado, a estória da inquisição é uma bobagem. Bom, justiça seja feita, o inquisidor ser um humano do século XIX foi algo muito legal, o visual contrastantes, as implicações do contato dos Vorlon com o passado terrestre, e a própria questão disso ser uma penitência para ele foram coisas fenomenais. Mas seu propósito é nulo, e os diálogos são totalmente ocos; não revelam nem desenvolvem nada de novo: continuamos sabendo que Delenn é honrada e ela e o capitão estão flertando.
Poderíamos ser introduzidos a contradições dos personagens, em especial de Delenn, sempre tão honrada, mas acabam sendo longas sequências de perda de tempo.
Mediano (2,5/5)
S02E22: The Fall of Night – A vitória Centauri gerou um clima político cada vez mais preocupante no espaço, relatos que eles já avançam sobre territórios de outras raças. Para tentar resguardar a Terra, o Ministro da Paz em pessoa é enviado para Babylon 5 para realizar uma investigação sobre os eventos. Durante sua estadia, uma nave Narn aparece nos arredores da estação.
Babylon 5 andou para que Game of Thrones pudesse correr. Claro que esta série não é de longe tão ousada quanto a anti-fantasia medieval, nenhum herói será morto, já aviso, mas todos os acontecimentos são ousados – algumas coisinhas aqui e ali são um pouco previsíveis, mas não deixam de ser menos impactantes. Como sempre martelo, amo capítulos em que a situação fica cada vez mais densa a degradada, e estes aqui é um crescendo de tensões e problemas para nossos protagonistas.
As analogias históricas e políticas são excelentes; as ações do governo da Terra relembram a postura de vários países democratas diante da ascenção do Fascismo na década de 30. Da mesma forma que permite o avanço do seu próprio fascismo interno – representado aqui pela bizarra Patrulha da Noite. Isso é realmente escrita inteligente.
Infelizmente, todo esse volume de encruzilhadas que os heróis vão enfrentando termina e um verdadeiro anticlímax. Optando por não terminar em gancho, o que é louvável, acabamos tendo uma narração em off dos acontecimentos imediatamente posteriores ao encerramento da temporada – algo que ainda não tinha visto na série e acho que caso se repita novamente, será bem raro.
Muito Bom (4,5/5)
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