As Cavernas de Aço

As Cavernas de Aço – Isaac Asimov

Tradução: Aline Storto Pereira – Editora: Aleph

Ano de Lançamento: 1953 – Minha Edição: 2013 (2 reimp) – 300 páginas


Daqui há alguns milhares de anos, a humanidade se espalhará pela galáxia próxima e colonizará cerca de 50 novos planetas, os chamados “mundos siderais“, entretanto, esses novas sociedades renegam seu passado. A Terra é considerada uma párea, uma relíquia do passado; superlotada, com mais de 8 bilhões de habitantes, a nossa civilização tornou-se extremamente estratificada e enterrada em megacomplexos urbanos as Cavernas de Aço – que se espalham por quilômetros e quilômetros de espaços apertados e totalmente fechados.

Além disso, os siderais renegam o nosso planeta por uma questão muito especial: o preconceito contra robôs. Nos mundos colonizados, com uma população humana bastante reduzida, na casa de poucos milhões, a maior parte das atividades braçais são realizadas pelas máquinas que se tornaram figuras comuns do cotidiano de lá. Já na Terra, os robôs são relegados à “área externa”, isto é, fora das cidades, nos trabalhos envolvendo a extração de recursos ou a agricultura, por exemplo.

Essa relação conflituosa entre essas duas civilizações humanas é colocada mais uma vez a prova quando, na Vila Sideral de Nova Iorque – bairro exclusivo para “imigrantes” vindo dos outros planetas – um importante roboticista estrangeiro é assassinado, e o principal suspeito é um terráqueo.

Continuar lendo “As Cavernas de Aço”

Eu, robô

Eu, robô – Isaac Asimov

Tradução: Aline Storto Pereira – Editora: Aleph

Ano de Lançamento: 1950 – Minha Edição: 2014 (3º rein) – 315 páginas


Uma das mais fundamentais obras do gênero da Ficção Científica, embora sua autora não soubesse disso, foi Frankenstein, ou o prometeu moderno, da britânica, Mary Shelley, lançado em 1818. Ela poderia ser considerada a primeira obra contemporânea do gênero ao contar a conhecida história da criação de uma vida artificial. As críticas da escritora à modernidade são profundas e conectadas ao contexto do século XIX; entretanto, dentro do gênero, as suas obras acabaram por criar um legado que ligava à ficção científica ao terror e ao medo da tecnologia – em especial de formas de vida artificiais.

O sucesso dos livros de H. G. Wells, na virada do século XIX para o XX, mantiveram uma associação entre ficção especulativa e resultados não muito positivos para a humanidade. Muita da inspiração de Isaac Asimov, o escritor soviético radicado nos Estados Unidos, era justamente contrapor este senso comum e mostrar a possibilidade de futuros em que a tecnologia permitisse uma vida genuinamente melhor aos seres humanos, em especial, o advento dos robôs.

Continuar lendo “Eu, robô”

História Medieval

História Medieval – Marcelo Cândido da Silva

Ano de Lançamento: 2020 – Minha Edição: 2020 – 158 páginas


Pensar em Fantasia e Aventura, em vários formatos, de livros à vídeo games, quase que automaticamente nos leva ao cenário medieval; tendência, senão criada, fortalecida pela obra de Tolkien, em especial O Senhor dos Anéis, e pela série de RPGs de Mesa, Dungeons & Dragons (algumas vezes adaptado no Brasil como Caverna do Dragão) ao longo do século XX. Nos anos 90, na onda especialmente dos jogos de computadores (CRPGs), o significado de História Medieval quase que se fundiu aos gêneros citados acima em games, livros e filmes.

O curioso é que nem sempre a História Medieval foi sempre assim “tão querida”. Até o início do século passado, o espaço de tempo entre os anos de 476 até 1453 era conhecido como a Idade das Trevas; a época mais sombria e desoladora da humanidade. Apenas a partir do início do século XX ela começou a ser vista de forma mais “amigável”, especialmente a partir do trabalho de historiadores franceses, na escola dos Annales, nome da revista mais influente do campo no mundo.

Continuar lendo “História Medieval”

Os Mitos Japoneses

Os Mitos Japoneses: Um guia para os deuses, heróis e espíritos – Joshua Frydman

Tradução: Ceasar Souza – Editora Vozes

Ano de Lançamento: 2022 – Minha Edição: 2024 – 249 páginas


A partir dos anos 90, com animes e vídeo games, a cultura japonesa se tornou uma das mais consumida em todo o planeta. Todos que cresceram a partir dessa década tem uma intimidade mínima com o que se passa na terra do sol nascente. Não é preciso ser muito nerd para já ter ouvir falado em um Youkai, no Kami-Sama, no Emma-daioh, em “senin” ou “sampai”. Isso é resultado de uma capacidade muito peculiar de adaptação cultural naquele país, conforme nos demonstra esta obra do americano Joshua Frydman, professor de literatura japonesa em Oklahoma.

Continuar lendo “Os Mitos Japoneses”

Alerta Vermelho

Alerta Vermelho – Martha Wells

Tradução: Laura Pohl – Editora Aleph

Ano de Lançamento: 2017 – Minha Edição: 2024 – 213 Páginas


Normalmente as obras da ficção que trabalham com a hipótese de robôs “rebeldes”, aqueles que param de seguir as ordens dos humanos, caminham para duas temáticas: a utopia robótica, menos disseminada, na qual as máquinas nos governam e cuidam do bem estar da humanidade; e a distopia, mais popular, quando somos exterminados ou escravizados por elas. Em Alerta Vermelho, obra premiada com o Hugo e o Nebula, temos uma outra possibilidade: um robô rebelado que só quer viver uma vida medíocre.

Neste livro, acompanhamos a história do “Robôssassino” (Muderbot, no original), como ele próprio se nomeia: um androide que faz a segurança de uma equipe de cientistas que está trabalhando em um planeta desconhecido e isolado.

Continuar lendo “Alerta Vermelho”

Star Wars: The Acolyte – uma única boa ideia e intermináveis erros.

Uma aldeia perdida em um local esparsamente habitado, com uma forma de organização não tão comum praticando rituais e cotidianos pouco compreensíveis é encontrada por um grupo de genuinamente nobres exploradores e cientistas do centro da civilização. Diante da incompreensão destes representantes do mundo avançado das coisas que estão testemunhando, a sua única ação é tentar proteger os inocentes daqueles eventos.

Na realidade, não havia nada de errado com o que se passava. Foi a pura incompreensão dos exploradores e suas preconcepções de que eles estavam certos que levou a conclusão errada… e inevitavelmente, isso geraria uma tragédia; fizerem vítimas para salvar pessoas que não precisavam ser salvas. Este cenário deve ter se repetido inúmeras vezes na história da humanidade – e, até não muito tempo atrás, as ações dos “civilizadores” não seriam entendidas como problemáticas. Felizmente as coisas mudaram. E chegou a vez de Guerra nas Estrelas fazer uma alegoria a essas situações e fazer de A Acolita uma obra relevante do ponto de vista social e político.

Uma pena que o resultado foi uma merda.

Continuar lendo “Star Wars: The Acolyte – uma única boa ideia e intermináveis erros.”

Luz dos Jedi

Luz dos Jedi (Star Wars: The High Republic) – Charles Soule

Tradução: Leonardo Alvares – Editora: Universo dos Livros

Ano de Lançamento: 2021 – Minha Edição: 2022 – 416 páginas


No início dos eventos de A Ameaça Fantasma temos precisamente o ponto de virada do auge dos Jedi para o seu declínio: acompanhar a história de como a Federação de Comércio apareceu e criou uma crise em planeta pouco relevante a ponto de derrubar o governo da República, usando os Jedi como peões, nos mostrou como dentro do regime e da ordem dos cavaleiros todos os motivos da sua queda já estavam lá: arrogância, prepotência, miopia… entretanto, como era antes disso? Na série de Livros sobre a Alta República vamos explorar o real auge dos Jedi, seres de luz, paz e justiça que ajudam o desenvolvimento da galáxia.

Neste primeiro livro acompanhamos a história do “grande desastre do hiperespaço“, ocorrido cerca de 200 anos antes do episódio I, quando bilhões de mortes são causadas por um fenômeno inexplicável: centenas de objetos não identificados começam a sair do hiperespaço em pontos aleatórios da galáxia, como se fossem cometas próximos à velocidade da luz. Em sua rota estão estações espaciais, luas e planetas cuja população não sobreviveria a esses impactos.

Continuar lendo “Luz dos Jedi”

Arquivo X – 4ª Temporada (episódios)

Arquivo X


S04E01: Herrenvolk – Fugindo do caçador de recompensas, Mulder, acompanhado de Jeremiah Smith vão até uma remota localidade no Canadá, onde encontram uma estranha plantação de flores – e tem alguma coisa a ver com abelhas.

O enredo é competente em dar a sensação de que os agentes subiram de nível em sua investigação, que atravessaram mais uma camada do mistério. Entretanto, esse mistério leva praticamente a só mais dúvidas, como isso irrita – especialmente aqui, quando o roteiro cria desafios enfadonhos na jornada de Mulder para prolongá-la, como acabar a gasolina, sem nos dar muito em troca.

Continuar lendo “Arquivo X – 4ª Temporada (episódios)”

Arquivo X – 4ª Temporada – Gore e Audiência

Arquivo X


Após a vitória de 35 a 21 do Green Bay Packers contra o New England Patriots em 26 de janeiro de 1997 no Super Bowl, a Fox, que recentemente havia adquirido os direitos de transmissão do futebol americano, finalmente conseguiu realizar uma antiga estratégia das redes americanas: exibir imediatamente após o evento esportivo mais importante dos Estados Unidos o episódio de algum programa que a emissora quisesse alavancar. Naquele ano, a exibição posterior foi de Leonard Betts, o 12º episódio da quarta temporada de Arquivo X, e com pouco mais de 29 milhões de espectadores no país se tornou o capítulo mais assistido do seriado

Continuar lendo “Arquivo X – 4ª Temporada – Gore e Audiência”

Filhos da Esperança

Filhos da Esperança – P. D. James

Tradução: Aline Storto Pereira – Editora: Aleph

Ano de Lançamento: 1992 – Minha edição: 2023 – 365 páginas


Na virada de 2020 para 2021, o argentino José Ricardo, de 25 anos, faleceu durante a festa de réveillon, e essa notícia abalou o mundo. O que transformou esse jovem e sua morte numa comoção planetária é sua idade: ele era o ser humano mais jovem do Planeta Terra, a última pessoa a nascer, no longínquo ano de 1995. Este é o cenário do livro de P. D. James, autora inglesa, e que se tornou famoso após o filme de 2006.

No livro, seguimos a visão dessa realidade feita pelo acadêmico inglês Theodore Faron, doutor em História pela universidade de Oxford. O professor universitário vive uma vida totalmente desolada, assim como os demais habitantes daquele triste mundo em que não existem mais crianças há décadas. Divorciado da sua esposa, com quem o casamento entrou em crise após a morte da sua filha em um acidente doméstico; ele trabalha ensinando classes cada vez menores de estudantes em um vida cada vez mais solitária.

Continuar lendo “Filhos da Esperança”

Discovery – 5ª Temporada – encerrando em alto nível

Jornada nas Estrelas: Discovery


Após 5 temporadas em 7 anos, a mais polêmica série de Jornada nas Estrelas chega ao final; Star Trek Discovery se encerrou em 2024. Seus erros e acertos são materiais para outro texto em seguida, entretanto, inegavelmente foi o seriado repleto de altos e baixos – mais baixos que altos, é verdade – mas este foi o berço do Modern Trek e, felizmente, foi concluída em alto nível.

Sem depender de um grande mistério ultra master blaster secreto mega urgente e ameaçador plus advanced, e sem mergulhar os personagens em turbilhões emocionais, chororô, DRs ou palestras coach, o foco deste ano foi pura e exclusivamente na aventura e na exploração – como Jornada nas Estrelas deve ser.

Continuar lendo “Discovery – 5ª Temporada – encerrando em alto nível”

Babylon 5 – 4ª Temporada – Lista de Episódios

Babylon 5


S04E01: The Hour of the Wolf – Uma semana se passou após os eventos da temporada anterior e o clima é desolador na estação, apesar das aparentes vitórias. Com Garibadi e Sheridan desaparecidos e um aparente recuo das Sombras, Ivanova se vê sozinha no comando de Babylon 5 e da Aliança, que está esvaziada. Desesperada, busca com Deleen tentar uma missão de resgate em Z’ha’dum.

Um começo devagar para a temporada, não só a liga dos não-alinhados ficou sem liderança, como o próprio seriado não soube muito bem lidar com esse arco que se inicia aqui sobre a ausência de Sheridan. Tanto o fato de não terem feito a missão de resgate até então, e fazerem ela agora como foi, é estranho – e a postura dos personagens desorientados também tem um efeito negativo de ressaca.

Continuar lendo “Babylon 5 – 4ª Temporada – Lista de Episódios”

Babylon 5 – 4ª Temporada – Na correria!

Babylon 5


Ao iniciar a série com o monólogo de Sinclair – o ano é dois mil duzentos e cinqüenta e oito, e o nome do lugar é Babylon 5 – Joseph Michael Straczynski tinha um plano: contar sua estória, e a estória da quinta e última estação desse programa, em 5 anos, de 2258 até 2262, ou de 1993 até 1998. Durante a exibição desta temporada, ele recebeu a triste notícia que teria menos tempo para concluir seus planos. A série fora cancelada pelo extinto canal PETN, Prime Time Entertainment Network, de propriedade conjunta da Warner Bros. e das indústrias Chris-Craft.

Continuar lendo “Babylon 5 – 4ª Temporada – Na correria!”

Povos e Impérios

Povos e Impérios: uma história de migrações e conquistas da Grécia até a atualidade – Anthony Pagden

Tradução: Marta Miranda O’Shea – Editora: Objetiva

Ano de Lançamento: 2001 – Minha Edição: 2002 – 262 páginas


Pensar em história, de forma genérica, nos trás imediatamente imagens de pirâmides egípcias, colunas gregas, elmos romanos; lembramos de personalidades como Júlio César, Napoleão, Victória… mais que representarem civilizações antigas ou períodos cronológicos, essas lembranças remente a grandes Impérios, que conquistaram grandes extensões territoriais e um grande número de súditos.

Nesta obra, o historiador americano Anthony Pagden busca explorar as continuidades e diferenças de variados Impérios ao longo da história da humanidade. Com um objetivo tão pouco delimitado quanto este, inevitavelmente, seria necessário restringir a algumas dessas instituições. Seus principais objetos de estudo aqui são o Império Macedônico (alexandrino), o Romano, os Impérios Ibéricos (Portugal e Espanha), o Império Francês (napoleônico) e o Império Britânico (vitoriano), e as comparações entre eles.

Continuar lendo “Povos e Impérios”

Holocaustos Coloniais

Holocaustos Coloniais: A criação do terceiro mundoMike Davis

Tradução: Alexandre Barbosa de Sousa – Editora: Veneta

Ano de Lançamento: 2001 – Minha Edição: 2022 – 433 páginas


O período entre o final da Guerra Franco-Prussiana, em 1870, e o início da Primeira Guerra Mundial, em 1914, foi uma época de paz, desenvolvimento tecnológico e prosperidade na Europa; a belle époque. Mesmo dentro dos limites do velho continente, essa frase já não se sustenta, guerras civis em vários dos países ainda ocorriam, assim com a exploração dos trabalhadores crescia a galope. Entretanto, a relativa paz internacional e a consolidação das potências europeias foi decisiva para a história mundial; um pequeno punhado de países concentrados no Atlântico Norte dominou o Globo em sua totalidade.

A Relação entre o que hoje se chama de Norte e Sul Globais – antigamente, os primeiro e terceiro mundos – foi moldada por essa virada do século XIX para o século XX. Totalmente oposto à sorte europeia, o resto do planeta foi devastado durante essa pretensa Era de Ouro, marcada especialmente pela intercorrência de grandes períodos de secas e desastres climáticos.

Entretanto, apesar dessa causalidade natural envolvendo o clima, a interferência europeia foi o que mudou a balança para que esses fenômenos da natureza se traduzissem em milhões de mortes e em brutais explorações coloniais.

Continuar lendo “Holocaustos Coloniais”