A política externa americana e seus teóricos


A política externa americana e seus teóricos. Perry Anderson

Data de Lançamento: 2015 – Minha Edição: 2015 Boitempo – Páginas: 223


O último império a restar na face do planeta: os Estados Unidos “venceram” seus rivais e hoje todo o mundo seria em maior ou menor grau uma colônia americana, desde Porto Rico nominalmente colônia à União Européia, que apenas orbitaria Washington. Isso já foi um pensamento aceito nos anos 90, mas de lá pra cá a situação só fica cada vez mais complexa para os EUA. O próprio país e os americanos em média estão cada vez mais pobres, e ao mesmo tempo o mundo resiste, de forma desorientada, é verdade, à dominação.

Com o título bem auto explicativo, Perry Anderson faz uma breve história do Imperialismo Americano desde a guerra Hispano-americana – ocorrida em 1898, quando os EUA invadiram e conquistaram as colônias espanholas no Caribe e na Oceania – até o Governo Obama, utilizando como fonte exatamente os “pensadores” estadunidenses. “Pensadores” entre aspas pois muito são vendidos, inclusive ao resto do mundo, como grandes intelectuais, mas que não são muito mais que propagandistas, patrocinados por grandes empresas ou mesmo funcionários direto do governo.

Charge espanhola de 1896 sobre as pretensões americanas pelas colônias caribenhas. Em 1898, supostamente para garantir da Independência de Cuba e das Filipinas, os EUA invadiram estes dois países além de Guam, no Pacífico, e Porto Rico. que até hoje são suas colônias. Este é considerado o início do Império Americano.

É uma experiência assustadora ver em primeira mão como os políticos de lá pensam sobre o resto do mundo: o desprezo por todos e a cobiça por tudo, com extremo chauvinismo (uma espécie de bairrismo nacional).

Apesar de estar em duas partes no índice, o livro é dividido em 3 momentos de leitura: um primeiro sobre os teóricos originais do comecinho do século XX até as guerras mundiais, que estão pensando em como os EUA devem se portar para ser a maior potência; o segundo na guerra fria, em que fica bem equilibrada a abordagem sobre a teoria e as ações imperiais, é a leitura mais prazerosa da obra; e a terceira, com os teóricos atuais discutindo sobre o futuro do Império Americano.

É um livro que poderia ser leitura obrigatória para todos que querem pensar sobre política internacional, mas não é uma experiência tranquila. O autor já difamado como um dos pesadelos de um estudante de História, bem complicado de se ler, e aqui, ao tratar de “teóricos”, as coisas pioram. Em vários momentos você não sabe exatamente se o autor está descrevendo a fonte ou se ele está a analisando. É aquele típico texto que quando você acha entendeu, o parágrafo seguinte diz que não é nada daquilo.

Excelente (4,5/5)

uma análise profunda tanto da teoria quando das práticas imperialistas dos estados unidos por todo o século xx, mas não é das leituras mais simples.

Think-tanks: quando o objeto de análise são os teóricos atuais, a coisa complica. Perry Anderson mesmo os chama assim, essa expressão descreve um grupo de “pensadores” comprometidos em divulgar uma idéia; longe do glamour, na maioria das vezes são autores contratados para propagandear determinadas pautas (chegaram com força no Brasil na última década), são trabalhos sempre bastante rasos mas que martelam determinadas mensagens na cabeça dos seus leitores ou expectadores. O formato são de textos que falam, falam, e não dizem nada.

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Com o final da Guerra Fria, a história teria acabado: não há alternativa para o capitalismo, que seria o estado final do desenvolvimento humano. É o que defende Francis Fukuyama nessa obra que não se trata mais do que uma propaganda, com todos os jargões neoliberais.

O mais curioso é que alguns destes autores, além de serem influentes jornalistas, muitas vezes têm cargos importantes no governo, em especial nas relações exteriores. Alguns desses são contrabandeados para o resto do mundo, inclusive para o Brasil, como grandes intelectuais; é o caso de Francis Fukuyama, que ganhou notoriedade ao declarar o “fim da história” com a queda do Muro de Berlim. Embora não tenha sido empregado pelo governo, no Apêndice, Anderson faz um breve dossiê do pretenso intelectual, apontando inclusive como ele assinou manifestos pedindo a invasão do Iraque ainda nos anos 90, comprando a idéia dos Estados Vilões.


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Publicado por Lucas Palma

Paulistano, desde que me lembro por gente fascinado pelas possibilidades do futuro, em games, filmes e seriados, herança paterna e materna. Para surpresa geral, ao final da juventude descobri fascínio também justamente pelo oposto, me graduando e mestrando em História, pela Universidade Federal de São Paulo. Sou autor de Palavras de Revolução e Guerra: Discursos da Imprensa Paulista em 1932.

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